As cidades dos Estados Unidos seguirão comprometidas com as metas do Acordo de Paris, independentemente das possíveis mudanças nas políticas com a volta de Donald Trump à presidência, disse a prefeita de Phoenix (Arizona), Kate Gallego, durante o U20, evento prévio ao G20, realizado neste domingo (17/11) no Rio de Janeiro.
Gallego, que também é vice-presidente do C40 nos Estados Unidos e líder do grupo Climate Mayors — uma coalizão de mais de 350 cidades americanas —, destacou a continuidade das políticas climáticas locais, mesmo durante o primeiro mandato de Trump.
“Fomos formados no início do último governo Trump e continuamos a progredir em relação aos nossos compromissos nacionais”, disse a jornalistas.
O C40 Cities Climate Leadership Group é um grupo de 96 cidades ao redor do mundo que representa um quarto da economia global.
“As cidades dos Estados Unidos e 24 de nossos governadores ainda estão avançando com nossos compromissos de mudança climática. Estamos comprometidos com o progresso”, completou.
Avanços locais impulsionados pelo IRA
A prefeita destacou os avanços conquistados por meio da Lei de Redução da Inflação (IRA, na sigla em inglês), uma iniciativa da administração Joe Biden que destinou bilhões de dólares para ações de energia limpa nos últimos anos
Segundo Gallego, esses investimentos ajudaram cidades como Phoenix a expandir a instalação de painéis solares e reduzir as contas de energia dos moradores, além de avançar nas metas de redução de emissões.
“No nível local, as cidades dos EUA liderarão o caminho para garantir que reduzamos as emissões de gases de efeito estufa”, afirmou.
Desafios com o governo Trump
A recente vitória de Donald Trump nas eleições levantou preocupações sobre o futuro dos créditos fiscais para energias renováveis e veículos elétricos estabelecidos pelo IRA.
Trump, conhecido por seu ceticismo em relação às mudanças climáticas, prometeu revogar essa legislação, o que exigiria apoio do Congresso.
Essa semana, Trump indicou Chris Wright, um doador de campanha e executivo do setor de combustíveis fósseis, como futuro secretário de energia, sinalizando um possível retrocesso nas políticas de transição energética.
Apesar dessa incerteza, Gallego expressou otimismo.
“A energia solar é 90% mais econômica agora, então pode competir com os fósseis em níveis realmente altos. Muitas cidades americanas têm metas de zerar as emissões líquidas e muitos dos nossos estados também. Grande parte do progresso da ação climática ficará fora do governo federal, mas cidades, estados e empresas continuarão a liderar nos Estados Unidos”, disse.
Parcerias estratégicas e investimentos globais
Gallego também mencionou a importância de mecanismos financeiros internacionais, que viabilizem projetos verdes nas cidades.
“Estamos muito interessados em mecanismos financeiros globais, dos quais não participamos em altos níveis no passado, mas que podem ser de maior interesse agora”, disse a prefeita.
Além disso, Gallego destacou os recursos que chegam por vias filantrópicas, como a Bloomberg Philanthropy, empresas privadas e universidades.
“Muitas de nossas empresas têm metas de ação climática muito ambiciosas e querem trabalhar com nossas cidades”, afirmou.
A prefeita lembra que Phoenix, como outras regiões dos Estados Unidos, já sente os efeitos adversos das mudanças climáticas, como incêndios florestais em áreas historicamente não afetadas.
“Minha cidade foi profundamente impactada pelas mudanças climáticas, assim como todo o nosso país. Temos desafios reais e estamos comprometidos em apresentar soluções. Esperamos continuar a ser líderes no nível local”, afirmou a prefeita.
Desde junho Phoenix e arredores sofrem com intensos incêndios florestais, que segundo algumas fontes já devastaram mais de quatro mil hectares.