BRASÍLIA – A demanda global por carvão alcançou novo recorde em 2024, e deve fechar o ano com 8,77 bilhões de toneladas, ante 8,5 bilhões de toneladas em 2023, de acordo com dados da Agência Internacional de Energia (IEA, em inglês) divulgados nesta quarta (18/12).
O setor de energia é o principal impulsionador desse crescimento, com a geração de eletricidade a partir do carvão definida para atingir uma alta histórica de 10.700 terawatts-hora (TWh) em 2024.
A organização observa que o uso global do combustível fóssil se recuperou fortemente após despencar no auge da pandemia.
Em 2022, a geração de usinas a carvão saltou 8,5% em comparação com 2020-2021 (aumento de 750 TWh em base líquida), para 9.600 TWh. Mais de 85% concentrada em 10 países, com China, Índia e EUA sozinhos respondendo por 72%.
A IEA também corrigiu suas previsões para o declínio da fonte que mais emite carbono na matriz global e projeta que o pico será apenas em 2027, com quase 8,9 bilhões de toneladas, cerca de 1% acima dos níveis de 2024.
No relatório de 2023, a expectativa era de uma queda de 2,3% na demanda global por carvão até 2026 em comparação com os níveis de 2023, com a China reduzindo seu consumo já em 2024 e estabilizando até 2026.
“O setor de eletricidade na China é particularmente importante para os mercados globais de carvão, com uma em cada três toneladas de carvão consumidas no mundo queimadas em uma usina de energia no país. Em 2024, a China continuou a diversificar seu setor de energia, avançar na construção de usinas nucleares e acelerar sua enorme expansão de capacidade solar fotovoltaica e eólica. Isso deve ajudar a limitar os aumentos no consumo de carvão até 2027”, explica o relatório, avisando que há uma série de incertezas em sua análise.
Com a demanda por eletricidade crescendo a um ritmo acelerado em vários países, incluindo a China, e os eventos climáticos impactando a geração renovável, a IEA enxerga que as termelétricas devem seguir fortes, especialmente em mercados emergentes.
Contribui para isso a eletrificação de serviços como transporte e aquecimento, aumento da demanda por resfriamento e aumento do consumo de setores emergentes, como data centers.
Emergentes puxam consumo
De acordo com o relatório, a demanda por carvão na China até 2027 pode ser até 140 milhões de toneladas maior ou menor do que o previsto devido à variabilidade relacionada ao clima na geração renovável.
Entre os países ricos, a avaliação indica que o pico já foi alcançado e a tendência é de declínio até 2027. O ritmo dessa queda, no entanto, dependerá de políticas de precificação de carbono, como as implementadas na União Europeia, e da disponibilidade de fontes alternativas de energia, incluindo gás natural barato nos Estados Unidos e Canadá.
Já entre as economias emergentes, o cenário é diferente. A demanda por eletricidade está aumentando acentuadamente junto com o crescimento econômico e populacional, na Índia, Indonésia e Vietnã, e o uso do carvão nos setores energético e industrial está acompanhando.
Mais caro
Além de ser a mais poluente das fontes de energia, a commodity está ficando mais cara. Segundo a IEA, os preços hoje permanecem 50% mais altos do que a média observada entre 2017 e 2019.
Apesar disso, o comércio internacional de carvão por volume também deve atingir um recorde em 2024 de 1,55 bilhão de toneladas.
De acordo com o relatório, a Ásia continua sendo o centro do comércio internacional de carvão, com todos os maiores países importadores da região, incluindo China, Índia, Japão, Coreia e Vietnã, enquanto os maiores exportadores incluem Indonésia e Austrália.