RECIFE — A petroquímica Braskem anunciou na quarta (27/7) a contratação da sua primeira linha de crédito corporativa atrelada à meta de sustentabilidade (SLL, do inglês Sustainability Linked Loan), no valor de US$ 100 milhões.
A operação foi contratada junto ao banco Sumitomo Mitsui Banking Corporation e o indicador de desempenho está vinculado ao crescimento do volume de vendas de seu plástico fabricado a partir de cana-de-açúcar, o polietileno renovável.
A Braskem tem estratégia de desenvolvimento sustentável com metas para 2030 e 2050, com foco na criação de valor ESG (sigla em inglês para ambiental, social e de governança).
“A contratação desta linha de crédito permite vincular as metas de sustentabilidade às operações financeiras da companhia, engajando sua cadeia de valor a uma atuação mais responsável e reforçando o compromisso da Braskem com as melhores práticas globais em ESG”, explica Marina Dalben, diretora de finanças corporativas da Braskem.
Ainda segundo a executiva, para 2030 a Braskem busca ser referência para o desenvolvimento sustentável, garantindo a geração de valor aos seus acionistas ao mesmo tempo em que atende aos interesses da sociedade.
O modelo de financiamento atrelado a metas de sustentabilidade começa a ganhar adeptos no Brasil. No início do ano, a Volkswagen divulgou a captação de R$ 500 milhões por meio de títulos de dívida sustentável, em operação realizada com o Bradesco. A transação tem prazo de três anos e está atrelada a compromissos de diversidade de gênero e redução das emissões de CO2.
Foi a primeira fabricante de veículos do país a fechar um acordo para captação de uma dívida bancária, por meio da modalidade de Notas de Crédito à Exportação (NCE), com compromissos ESG.
Neutralidade de carbono até 2050
A Braskem apresentou, em 2020, seu plano de tornar as operações neutras na emissão de carbono até 2050. Dividida em três etapas, a estratégia envolve o aumento da produção de produtos reciclados, a redução de resíduos plásticos e a redução de gases causadores do efeito estufa.
Nos próximos cinco anos, a Braskem pretende ampliar seu portfólio de produtos certificados com o selo I’m green (sou verde) para incluir na sua produção 300 mil toneladas de resinas termoplásticas e produtos químicos com conteúdo reciclado. Entre 2025 e 2030, a empresa promete chegar a 1 milhão de toneladas de produtos I’m green fabricados.
A empresa também fará um esforço para garantir a destinação adequada de resíduos de sua produção. A meta é chegar a 2030 tendo evitado o descarte inadequado ou incineração de 1,5 milhão de toneladas de resíduos plásticos. E promete reduzir em 15% suas emissões de gases de efeito estufa até 2030.
Metas e projetos da Braskem para neutralidade até 2050
- Neutralidade de carbono até 2050
- 300 mil toneladas de resinas termoplásticas e produtos químicos com conteúdo reciclado até 2025
- 1 milhão de toneladas de produtos I’m green produzidos até 2030
- Parceria com a Canadian Solar para construção de usina solar em Minas Gerais
- Acordo de 20 anos com a Voltaliia para compra da energia do complexo solar Serra do Mel, no Rio Grande do Norte
- Compromisso de longo prazo para compra da energia do Complexo eólico Folha Larga, da EDF Renewables
- Investimentos em geração distribuída na Bahia
Hub de armazenamento de carbono
De olho na transição, Petrobras e Braskem vão avaliar oportunidades de desenvolvimento conjunto de um hub de captura, uso e armazenamento geológico de CO₂ (CCUS).
As companhias farão uma análise técnico-econômica preliminar para desenvolvimento, a longo prazo, de um hub que, segundo a petroleira, capturará o CO₂ de correntes resultantes das operações da Braskem. A ideia é, em seguida, armazenar o gás de forma permanente em reservatórios depletados (esgotados) de petróleo da estatal.
O estudo faz parte de um acordo firmado entre as duas empresas para identificar novas oportunidades de cooperação tecnológica e negócios circulares e em baixo carbono.
O acordo envolve, ao todo, três linhas de atuação: o projeto de CCUS; o uso de matérias-primas renováveis para a produção de insumos petroquímicos mais sustentáveis; e o estímulo à economia circular no refino (com uso de plástico reciclado).
A parceria terá duração de três anos. Nesse período, as empresas farão testes experimentais até a escala piloto.