O secretário de Comércio Exterior e Assuntos Econômicos do Itamaraty, embaixador Sarquis Sarquis, transmitiu a presidência da Plataforma para o Biofuturo aos Estados Unidos nesta segunda (24).
O ato aconteceu durante cerimônia de abertura da conferência internacional Biofuture Summit II/Brazilian Bioenergy Science and Technology Conference (BBEST) 2020-21.
“Nos últimos cinco anos, logramos um progresso considerável na consolidação da Plataforma para o Biofuturo como o principal fórum internacional para promoção da bioeconomia sustentável como componente-chave da transição energética”, afirmou o embaixador Sarquis Sarquis.
A plataforma é uma coalizão internacional, lançada em 2016, durante a COP22, para acelerar pesquisa e investimento na bioeconomia como estratégia de descarbonização.
É formada por 20 países com mercados relevantes para biocombustíveis avançados e biomateriais, incluindo China, Índia e Canadá, países do sudeste asiático, do Mercosul e representantes da comunidade europeia, além de Brasil e Estados Unidos.
O Brasil liderou a inciativa desde sua fundação.
Em 2019, a Agência Internacional de Energia (IEA) assumiu o papel de facilitadora da Plataforma, em meio ao desgaste internacional do governo Bolsonaro na agenda ambiental.
Há um entendimento que o setor de bioenergia fica em uma situação de fragilidade diante das crises ambientais – como o avanço do desmatamento na Amazônia –, sob risco das pressões internacionais, que não distinguem o agro que cumpre a lei daquele que queima e desmata, justamente quando se tenta cooperar pelo desenvolvimento de um mercado global.
Mudança de presidência
As regras de governança da Plataforma para o Biofuturo preveem um mandato rotativo para a presidência.
A partir de 1º de junho deste ano ela passa oficialmente do Brasil para os EUA.
Mudança foi aprovada por unanimidade entre os países membros. Segundo a diplomacia brasileira, ela traz fôlego e maturidade institucional à iniciativa.
“Em consulta com o Brasil e os outros membros, nosso foco será em aceleração tecnológica, fomento à conformação de cadeias sustentáveis de biomassa, estímulo ao financiamento verde, e em forjar o consenso ambiental sobre o papel da biomassa como elemento chave da revolução tecnológica da energia limpa”, disse o vice-secretário de Energia dos EUA, David Turk.
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Aposta brasileira na bioenergia
Na conferência, o embaixador brasileiro destacou projeções internacionais sobre o papel preponderante da bioenergia de baixo carbono nos esforços mundiais para mitigar o risco de mudança climática.
“A bioenergia e a bioeconomia são também setores intensivos em empregos, promovem o desenvolvimento, agregam valor à produção rural, contribuem para diversificar as fontes de energia e aumentam a segurança energética dos países que as desenvolvem”, afirmou Sarquis.
Ele também anunciou o lançamento de uma campanha internacional da Biofuturo, nos próximos dias, com o apoio do setor privado, focada no desafio de substituição matérias-primas fósseis por produtos da bioeconomia renovável.
A bioenergia está no centro das estratégias brasileiras para descarbonização da economia.
Em abril, o governo lançou o programa Combustível do Futuro, para promover o mercado de biocombustíveis e reduzir a pegada de carbono da matriz de transportes no longo prazo.
É também uma resposta à tendência mundial de eletrificação das frotas. O Brasil aposta na bioeletrificação, isto é, no uso de célula combustível a etanol para veículos elétricos.
No curto prazo, no entanto, as políticas nacionais para biocombustíveis ainda estão expostas à sensibilidade de preços e pressões de distribuidores, revendedores e até consumidores de combustíveis, como no caso dos caminhoneiros.
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