Política energética

Brasil pode ter matriz de energia 100% limpa, diz Marina Silva

No penúltimo dia do Fórum Mundial de Davos, ministra defendeu investimentos em eólica, solar e biomassa para superar combustíveis fósseis

Marina Silva no painel "Brazil: A New Roadmap", no Fórum Econômico Mundial 2023 em Davos (Foto Sandra Blaser_WEF)
Marina Silva no painel Brazil: A New Roadmap, em Davos (Foto: Sandra Blaser/WEF)

BRASÍLIA – A ministra do Meio Ambiente e da Mudança do Clima, Marina Silva, afirmou nesta quinta (19/1) que o Brasil vai precisar de investimentos robustos em energia eólica, solar e de biomassa para superar a geração de combustíveis fósseis na transição energética.

Em entrevista à GloboNews, Marina disse que “o Brasil é um país que tem condição de ter uma matriz energética 100% limpa”, e citou o potencial de exportação do hidrogênio verde, produzido com eletricidade renovável.

No penúltimo dia do Fórum Econômico Mundial em Davos, a ministra se reuniu com a ativista climática Greta Thunberg. A sueca escreveu uma carta pedindo o fim dos combustíveis fósseis.

“As cobranças não foram especificamente dirigidas a mim, mas pedem que reduzam a emissão de CO2, que acabe com desmatamento, proteja povos indígenas, acabe com o garimpo ilegal, e proteja o futuro das gerações presentes e futuras”, explicou.

A ministra defendeu medidas concretas para conter o problema do desequilíbrio do planeta. “Obviamente a cobrança é de todo mundo. A ciência está dizendo que tem que acabar com o uso de combustível fóssil. Os governos estão assumindo compromissos nessa direção”, disse.

E lembrou que o Brasil é candidato a sediar a cúpula do clima da Organização das Nações Unidas (ONU) em 2025 (COP30), uma oportunidade para abordar o papel dos fósseis.

“Quando tivermos a COP no Brasil, nós vamos ter esse problema sendo colocado de novo pelos nossos governos e pelas empresas”, comentou a ministra.

Na semana passada, o Itamaraty formalizou a candidatura da capital do Pará, Belém, para sediar a COP30.

“O que eu espero é que a gente consiga aumentar os resultados positivos na mesma proporção em que estamos sendo cobrados há décadas. Porque o mundo não tem como esperar, o planeta não tem como esperar.”

Em encontro com John Kerry, enviado especial para o clima dos Estados Unidos, Marina discutiu uma agenda bilateral para a parceria entre os EUA e o Brasil. “Para aprofundar essa colaboração, ele pretende ir ao Brasil no início de fevereiro”, adiantou.

O presidente Lula também já confirmou que irá a Washington no mês que vem para agenda bilateral com Joe Biden, e a mudança climática está entre os temas.

Em relação à ação global de proteção de florestas, idealizada durante a COP26, a ministra disse que o Brasil está em busca da participação na iniciativa, para ampliar parcerias.

“Quando foi feita a iniciativa global em Glasgow, o Brasil se comprometeu junto com vários países, mas, depois, quando estabelecido o instrumento de implementação, o Brasil não participou. Então, nós agora estamos como observadores para poder agregar a nossa contribuição em diálogo com outros países, como é o caso da República do Congo e da Indonésia.”

O Brasil em Davos

Na terça (17/1), junto ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a ministra cobrou às nações desenvolvidas o repasse de US$ 100 bilhões para a proteção ambiental a serem destinados aos países em desenvolvimento. São recursos para ações de mitigação e adaptação climática.

Durante a coletiva desta quinta, a ministra destacou que, através do compromisso ético e da decisão política, os problemas poderão ser solucionados. “Precisamos liderar pelo exemplo”, concluiu.

Os ministros apresentaram os primeiros passos do planejamento econômico para os próximos anos sob a gestão do presidente Lula.