Minerais críticos

BNDES libera R$ 486 milhões do Fundo Clima para beneficiamento de lítio em Minas Gerais

Projeto da Sigma no Vale do Jequitinhonha pretende aumentar a produção de concentrado de lítio em 250 mil toneladas por ano

Na imagem: Construção da unidade de concentrado de lítio da Sigma no Vale do Jequitinhonha (Foto: Divulgação)
Construção da unidade de concentrado de lítio da Sigma no Vale do Jequitinhonha | Foto: Divulgação Sigma Lithium

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou a aprovação de um financiamento de R$ 486,7 milhões para a Sigma, com o objetivo de implementar uma unidade de beneficiamento de lítio em Itinga, Minas Gerais.  

Os recursos do financiamento serão via Novo Fundo Clima, que possui um orçamento de R$ 10,4 bilhões para apoiar iniciativas que contribuam para a redução de emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) e para a adaptação às mudanças climáticas.

O projeto da Sigma, com investimento total de R$ 492,4 milhões, está localizado no Vale do Jequitinhonha, região hoje conhecida como Vale do Lítio, devido à grande presença do mineral que é extraído do espodumênio, em pegmatitos. 

A ideia é aumentar a produção de concentrado de lítio em 250 mil toneladas por ano, alcançando uma capacidade total de 520 mil toneladas anuais. 

O lítio é um mineral essencial para a produção de baterias utilizadas em veículos elétricos. 

Hoje, a capacidade na unidade de Minas Gerais é suficiente para fabricar 617 mil carros elétricos. A expectativa é que esse número chegue a 1,6 milhão de carros até 2025.

Ana Cabra-Gardner, CEO e co-presidente do conselho da Sigma, pontuou o impacto positivo dos recursos do Fundo Clima.

“Com este financiamento, o BNDES coloca-se na vanguarda das principais entidades de fomento mundial, que atuam em países com política industrial de longo prazo, que buscam hoje trazer para seus respectivos países os principais elos da indústria de base que suporta as cadeias de agregação de valor dos insumos para baterias de carros elétricos”, disse.

A empresa já esteve em processo de venda, atraindo a atenção de montadoras de veículos elétricos, como A BYD e Volkswagen, mas devido a alta desvalorização do lítio e problemas internos da companhia relacionados ao controle acionário, a venda foi adiada. 

Industrialização do lítio na mira do BNDES 

Aloizio Mercadante, presidente do BNDES, destacou que a aprovação do financiamento faz parte da articulação entre o Novo PAC, o Plano de Transição Ecológica e a Nova Indústria Brasil.

“Este projeto aprovado pelo BNDES sintetiza o objetivo do Novo Fundo Clima no governo do presidente Lula, que é o apoio à indústria verde no desenvolvimento tecnológico, na capacidade produtiva e de comercialização de bens e serviços voltados à descarbonização”, explica o presidente do BNDES. 

A iniciativa faz parte do Plano Mais Produção do BNDES, que reúne um conjunto de soluções para viabilizar o financiamento da Nova Indústria Brasil. 

No passado, Mercadante já havia sinalizado o interesse da instituição em participar como acionista de empresas relacionadas à produção de lítio para produção de veículos elétricos. 

Além disso, o BNDES juntamente com a Vale lançaram em maio um fundo de investimentos, que pretende captar até R$1 bilhão, destinado à pesquisa, e desenvolvimento de projetos de exploração de minerais críticos para transição energética, a exemplo do lítio.

O governo enxerga nos minerais críticos uma oportunidade de industrialização no país. Em um primeiro momento, no processamento químico desses minerais e, posteriormente, no beneficiamento e uso na indústria de transformação.

O diretor de Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Comércio Exterior do banco, José Luís Gordon, também enfatizou a importância do investimento para o Brasil, colocando o país como um agente chave na produção de minerais críticos para a transição energética.