LUÍS CORREIA — O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou nesta quarta (11/1) que o Ministério das Relações Exteriores formalizou a candidatura da capital do Pará, Belém, para sediar a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30) em 2025.
A capital paraense será sede caso a Organização das Nações Unidas (ONU) oficialize o Brasil para receber o evento pela primeira vez. O anúncio da decisão sai em novembro.
O anúncio foi feito junto com o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), em coletiva de imprensa no Palácio do Planalto, e depois divulgado nas redes sociais do presidente Lula.
“Estou aqui com o companheiro Helder parabenizando ele pelos 407 anos que completa, amanhã (12/1), a cidade de Belém, e dando uma boa notícia que o Itamaraty a formalizou como cidade que está disputando a candidatura para realizar a COP 30”, disse Lula, em vídeo.
“Eu tinha assumido um compromisso no Egito, na COP27, de que a COP30 poderia ser realizada no Brasil. Espero que a gente esteja lá para fazer uma bela COP “, relembrou Lula, que, em Sharm el-Sheikh, havia defendido a realização de uma edição da Cúpula do Clima na Amazônia.
Barbalho, que também é presidente do Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável da Amazônia Legal (CAL), afirmou que o Pará estará aberto para receber o maior evento climático do mundo.
“Belém, no estado do Pará, estará de portas abertas para debater a Amazônia, para discutir o clima no mundo, encontrar soluções. Agradeço o gesto do governo federal para com Belém, o Pará e a Amazônia”, reiterou o governador.
Primeira COP no Brasil
O evento debate alternativas para mitigar as mudanças do clima, em especial as questões relacionadas ao combate à ação dos gases de efeito estufa (GEE) na atmosfera.
A gestão do ex-presidente Michel Temer chegou a apresentar à ONU uma proposta para sediar a COP25, em 2019.
Porém, ao assumir a presidência, Jair Bolsonaro cancelou a candidatura do país para receber a cúpula. Segundo o ex-presidente, a realização do evento geraria prejuízo aos cofres públicos.
Além disso, o ex-ministro das Relações Exteriores do governo Bolsonaro, Ernesto Araújo, considerava que a crise climática era uma “ideologia criada pela esquerda”.
Com a desistência do Brasil, a conferência foi, então, realizada em Madri, na Espanha.
Compromisso com a Amazônia
Em seu terceiro mandato, Lula foi eleito com a promessa de adotar política de desmatamento zero na Amazônia — após quatro anos de recordes de destruição do bioma durante a gestão de seu antecessor.
Em 2022, Bolsonaro encerrou o governo com aumento de 59,5% da taxa de desmatamento na Amazônia em relação aos quatro anos anteriores (governos Dilma e Temer) — maior alta percentual em um mandato presidencial desde o início das medições por satélite, em 1988.
Para reverter o quadro, já no primeiro dia de governo Lula assinou uma série de decretos retomando políticas ambientais enterradas por Jair Bolsonaro e revogando medidas da última gestão, como a que estimulava o garimpo em áreas protegidas.
Um dos decretos reativou o Fundo Amazônia, que recebe doações internacionais pela preservação da floresta, e tinha mais de R$ 3 bilhões congelados desde 2019 por Bolsonaro.
Marcio Astrini, secretário executivo do Observatório do Clima, comenta que trazer a COP para o Brasil será um momento histórico para o país e a agenda de clima, mas cobra ações efetivas contra o desmatamento.
“O Brasil é hoje o país que mais desmata floresta no mundo, e o Pará, o estado que mais desmata a Amazônia. É preciso chegar à COP30 com essa situação revertida”.