Cooperação Brasil-Alemanha

Alemanha apoia agenda de transição justa do Brasil no G20, diz cônsul 

Brasil quer reduzir custo de financiamento e atrair investimentos estrangeiros em setores como hidrogênio, biocombustíveis e minerais críticos

cônsul-geral da Alemanha no Rio de Janeiro, Jan Freigang (Foto: Divulgação)
cônsul-geral da Alemanha no Rio de Janeiro, Jan Freigang | Foto: Divulgação

ITAJUBÁ (MG) — O cônsul-geral da Alemanha no Rio de Janeiro, Jan Freigang, disse nesta quarta (30/10) que o país europeu apoia a agenda do Brasil, como presidente rotativo do G20, focada na transição energética sustentável e na participação mais representativa do Sul Global em instituições financeiras multilaterais. 

A manifestação chega a poucas semanas da cúpula de líderes que ocorre nos dias 18 e 19 de novembro no Rio de Janeiro, marcando o encerramento da gestão brasileira, que colocou a transição energética justa no centro de suas prioridades.

Entre as defesas está a reforma da arquitetura financeira internacional, essencial para acelerar o fluxo de investimentos sustentáveis em países emergentes. 

“Eu acho que para a presidência do G20 do Brasil, o tema da transição energética, da sustentabilidade, da transição energética justa e acessível para a população [ficou] no centro da pauta e estamos realmente apoiando essa prioridade da presidência brasileira”, afirmou Freigang a jornalistas nesta quarta (30/10), durante evento em Minas Gerais. 

O esforço brasileiro consiste em reduzir o custo de financiamento e estimular investimentos estrangeiros em setores como hidrogênio, energias renováveis, biocombustíveis e minerais críticos — áreas nas quais países do Sul Global detêm grande potencial. 

Nesse contexto, Freigang abordou a necessidade de reformar a governança das instituições financeiras multilaterais para refletir as demandas de uma economia mundial mais diversa e garantir a chegada de investimentos aos países emergentes.

Em 2023, cerca de US$ 1,8 trilhão foram investidos em infraestrutura de energia limpa e mais de 70% desse total foram para países ricos e a China. Menos de 30% do financiamento está destinado para as demais nações do mundo, de acordo com dados da Agência Internacional de Energia (IEA, em inglês). 

“O sistema multilateral internacional foi criado há décadas, depois da Segunda Guerra Mundial, e o mundo mudou muito. Agora precisamos de uma reforma para dar mais representatividade, mais participação dos países emergentes, dos países do Sul Global, países como o Brasil”. 

Paralelamente, a Alemanha também está comprometida com a reforma do Conselho de Segurança da ONU, buscando ampliar a inclusão e a voz dos países emergentes, segundo o diplomata. 

“Compartilhamos esse objetivo e estamos realmente em discussões muito intensas com o Brasil e outros países como fazer essa reforma”.

Cooperação bilateral 

Com a presença confirmada do chanceler alemão Olaf Scholz e ministros da Alemanha, a cúpula do G20 promete intensificar o diálogo entre as duas nações e consolidar essa parceria estratégica, em especial na implementação da Parceria Brasil-Alemanha para uma Transformação Socialmente Justa e Ambiental, assinada em 2023. 

Nesta quarta (30/10), Freigang participou da inauguração de uma unidade piloto de produção de hidrogênio verde e uma estação de abastecimento de veículos a hidrogênio, na Universidade Federal de Itajubá (Unifei),em Minas Gerais, fruto da cooperação entre os países. 

“Estamos trabalhando junto com os parceiros brasileiros para agora implementar e para fazer com que saia do papel iniciativas como esta”, disse o diplomata.

A iniciativa H2Brasil, responsável pelo projeto, integra a Cooperação Brasil-Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável da GIZ, e desde 2021 recebeu 34 milhões de euros do Ministério Federal da Cooperação Econômica e Desenvolvimento da Alemanha (BMZ) para apoiar o desenvolvimento do hidrogênio verde no Brasil.

O investimento foi distribuído em iniciativas de pesquisa, desenvolvimento regulatório e criação de unidades de produção, como a estrutura de Minas Gerais – que ainda conta com um centro de pesquisa dedicado ao hidrogênio verde inaugurado em 2023 –, financiado com 5 milhões de euros. 

Segundo Freigang, a Alemanha tem interesse explorar novos programas e enxerga a possibilidade de ampliar as colaborações para projetos de larga escala no Brasil.

“Cada ano estamos definindo quais são as prioridades para frente. É claro que todo o tema da transição energética vai seguir sendo uma das prioridades da cooperação”.


O jornalista viajou a convite e com despesas pagas pela Sociedade Alemã para Cooperação Internacional (GIZ)