Um grupo de 170 acadêmicos atuantes na Holanda divulgou um manifesto defendendo a revisão do modelo econômico do país após a pandemia da covid-19. Com cinco propostas para “tornar a Holanda radicalmente mais sustentável e mais justa”, o documento propõe a redução da produção de setores como petróleo e gás, mineração e publicidade.
Os pesquisadores argumentam que esses setores precisam “encolher radicalmente” devido ao seu papel fundamental na promoção de um modelo econômico baseado na falta do foco em sustentabilidade e no consumo excessivo.
Na outra ponta, propõem que outras áreas, como setores públicos cruciais, energia limpa, educação e assistência social, sejam foco de incentivos econômicos para promover uma guinada sustentável na economia do país.
Os outros pontos são o desenvolvimento de uma política econômica voltada para a redistribuição, com a previsão de uma renda básica universal; a transição para a agricultura circular; promoção da redução radical do consumo; e o cancelamento de cobranças de dívidas para empregados, trabalhadores independentes e países em desenvolvimento – a ser defendido internamente e em fóruns internacionais, como o FMI e Banco Mundial.
O documento, promovido pelo grupo de trabalho “Pegada da Holanda”, integrante da Global Footprint Network, defende que a pandemia do novo coronavírus seja colocada em um contexto histórico e vista como um momento de ruptura para que o país possa evitar erros do passado na condução da economia. E critica o modelo neoliberal adotado pela Holanda nos últimos 30 anos por preconizar sempre a circulação cada vez maior de bens e pessoas, “independente dos inúmeros problemas ecológicos e da crescente desigualdade que isso causa”.
Entre as consequências do atual modelo insustentável de produção, aponta o manifesto, estão a perda gradual de ecossistemas e de biodiversidade; o impacto da poluição para a saúde da população, com a estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 4,2 milhões de mortes anuais devido à poluição do ar no planeta; e o custo estimado das mudanças climáticas para as sociedades, com a previsão de causarem até 250 mil mortes anuais entre 2030 e 2050.
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