Como antecipado pela agência epbr, a TotalEnergies, por meio da sua subsidiária Total Eren, confirmou o interesse em integrar o futuro Hub de Hidrogênio Verde (H2V) no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP), no Ceará. Em dezembro (8/12), a companhia assinou um memorando de entendimento com o governo cearense para produção de H2V no estado.
Diversos memorandos do tipo vem sendo assinados com empresas de diferentes setores. A TotalEnergies é uma das principais produtoras de petróleo e gás de capital aberto do mundo, com planos de ampliação do portfólio na área de renováveis, em especial, por meio da Total Eren.
A companhia é a terceira empresa de energia francesa que integrará o Hub de H2V no Ceará, ao lado da Engie e Qair.
No Brasil, a Total Eren detém atualmente 300 MW de projetos solares e eólicos em exploração ou em construção. Três centrais solares operando, sendo duas que somam 50 MW, em Bom Jesus da Lapa, Bahia, e uma em Dracena, São Paulo, como 95 MW. Além de duas centrais eólicas em construção no Rio Grande do Norte: Terra Santa (92,3 MW) e Maral (67,5 MW).
Já a TotalEnergies é operadora do campo de Lapa, no pré-sal da Bacia de Santos, e possui outros ativos na área exploração e produção (E&P). Além disso, expandiu a presença no país em 2018 com a compra da rede Zema, de postos de combustíveis com presença forte em Minas Gerais.
Na França, a TotalEnergies e a Engie irão construir juntas uma unidade de produção de hidrogênio verde, na região de Provence-Alpes-Côte d’Azur. A expectativa é produzir cinco toneladas de H2V por dia para atender a produção de biocombustíveis da biorrefinaria da petroleira, em La Mède, evitando 15.000 toneladas de emissões de CO2 por ano.
Procurada pela epbr, a TotalEnergies no Brasil não se manifestou até o fechamento da matéria. O espaço permanece aberto.
Primeira operação prevista para 2022
A primeira unidade de Pecém está prevista para entrar em operação em dezembro de 2022, a partir de investimentos de R$ 41,9 milhões da EDP Brasil, segundo o governo do estado.
Será a primeira planta no país, com capacidade de 3 MW para produção de 250 m³/h de hidrogênio verde, a partir do suprimento de energia renovável. Um projeto de pesquisa e desenvolvimento (P&D).
De olho na Shell
Além da TotalEnergies, o Ceará tenta atrair a Shell para o polo de hidrogênio. No início do mês, executivos da companhia estiveram reunidos com representantes do governo cearense no Porto de Roterdã, na Holanda, onde a Shell já possui projetos em andamento para o desenvolvimento de energia a partir de H2V.
“Na ocasião, representantes do governo cearense convidaram a Shell para conhecer as soluções em hidrogênio desenvolvidas no estado”, afirmou a companhia à agência epbr, em nota.
Além da grande disponibilidade de energia renovável barata próxima, como futuros parques eólicos offshore, o porto conta com outro trunfo, que é a sua conexão com o Porto de Roterdã, na Holanda — o maior porto marítimo da Europa —, que detém 30% de partição acionária no CIPP. Os outros 70% são do governo do Ceará.
Os projetos para geração de energia eólica em águas brasileiras já somam 80 GW de potência, de acordo com dados de 27 de janeiro do Ibama. O crescimento é significativo em relação ao ano passado — em julho, os projetos somavam 42 GW. O valor é quase quatro vezes a capacidade instalada atual dos projetos em terra no Brasil, que em janeiro alcançou a marca de 21 GW.
Memorandos de H2V assinados com o Ceará
Em 7/2/22, as empresas brasileiras BI Energia, Cactus Energia Verde e Uruquê Energias Renováveis assinaram memorandos de entendimento para desenvolver projetos relacionados à produção de hidrogênio verde no Ceará.
Estão previstos investimentos de mais de R$ 26 bilhões para a construção de três projetos. A planta de H2V será construída pela Cactus a partir de 2023 e terá capacidade para produzir 10.500 toneladas de hidrogênio e 5.250 toneladas de oxigênio verdes por mês.
Este é o 15º memorando de entendimento assinado para implantação de unidades produtoras de H2V na sua Zona de Processamento de Exportação (ZPE), do Porto do Pecém. Outros três estão em andamento.
De fato, o futuro hub de hidrogênio do Ceará já atrai a atenção de grandes empresas de energia estrangeiras com atuação no Brasil, como a multinacional [sediada no Reino Unido] bp.
Em dezembro de 2021, a estadunidense AES, por meio da AES Brasil, anunciou que espera investir US$ 2 bi na produção de H2V no estado.
Memorandos assinados
- Enegix Energy
- White Martins/Linde
- Qair
- Fortescue
- Neonergia
- Eneva
- Diferencial
- Hytron
- H2Helium
- Engie
- Transhydrogen Alliance
- EDP
- Total Eren
- AES
- Cactus Energia Verde
Esta semana, Vibra e Brasil BioFuels (BBF) firmaram contrato de compra e venda de diesel verde, também conhecido como HVO, que será fornecido pela primeira biorrefinaria para produção de HVO no Brasil.
A Vibra (ex-BR Distribuidora), é a maior distribuidora de combustíveis do país.
A planta ficará localizada na Zona Franca de Manaus. A primeira fase do projeto está prevista para entrar em operação em janeiro de 2025 e contará com investimentos industriais a serem realizados pela BBF da ordem de R$ 1,8 bilhão.