Energia

Tereos e Lemon Energia vão fornecer eletricidade a biogás no interior de SP

Usina produzirá o equivalente ao consumo de cerca de 85 pequenos comércios, com potencial de duplicar o volume no médio prazo

Tereos e Lemon Energia vão fornecer eletricidade a biogás no interior de SP. Na imagem, plantação de cana-de-açúcar
Tereos já produz eletricidade a partir da biomassa da cana e agora entra no mercado de biogás

RECIFE — A francesa Tereos — que no Brasil produz açúcar, etanol e energia a partir da biomassa –, fechou uma parceria com a startup Lemon Energia para fornecer eletricidade através do biogás no interior de São Paulo. O serviço será voltado para pequenos e médios negócios atendidos pela distribuidora CPFL Paulista. 

A energia será gerada na planta piloto de biogás da Tereos, localizada na unidade industrial da empresa, no município de Cruz Alta, em Olímpia (SP). A usina produzirá o equivalente ao consumo de cerca de 85 pequenos comércios, com potencial de duplicar o volume no médio prazo.

O biogás será um complemento à geração de energia da produtora de etanol, que produz eletricidade a partir da biomassa da cana para atender o consumo das suas unidades industriais e comercializa o excedente. 

“Já tínhamos a oferta de energia elétrica limpa gerada a partir da biomassa da cana. Com a produção de biogás, oferecemos mais uma fonte renovável de geração, contribuindo para agregar valor a nossos clientes e parceiros de negócios”, esclarece Gustavo Segantini, diretor comercial da Tereos.

E a parceria já tem os clientes para essa energia.

A Lemon alocou pequenos e médios estabelecimentos para receber a energia sustentável na região, e calcula que a economia nas contas de energia dos clientes pode chegar a R$ 160 mil.

A startup atua no mercado de geração distribuída com usinas que fornecem créditos para abatimento nas contas dos consumidores conectados à sua plataforma. Segundo a Lemon, isso permite uma economia anual de até 20%. Recentemente, a Lemon captou R$ 60 milhões em rodada Séries A para expandir sua atuação.

PL que estimula biogás em aterros avança no Senado

A Comissão de Infraestrutura (CI) do Senado aprovou no início de maio um projeto de lei que visa a estimular a produção de biogás, biometano e energia elétrica a partir do aproveitamento do lixo de aterros sanitários. O PLS 302/2018 segue para votação terminativa na Comissão de Meio Ambiente (CMA).

A proposta, do ex-senador Hélio José (DF), altera a Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305, de 2010). A matéria inclui entre as iniciativas que podem ser atendidas por medidas indutoras e linhas de financiamento a elaboração e a execução de projetos de aterros sanitários que contemplem a geração de energia elétrica.

O texto também permite que empresas dedicadas a gerar energia a partir do aproveitamento dos resíduos sólidos em aterros sanitários recebam incentivos fiscais, financeiros ou creditícios da União, de estados ou municípios.

O relator, o senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), apresentou uma emenda para incluir a geração de energia elétrica na Política Nacional de Resíduos Sólidos. Ele também substituiu o termo geração de energia elétrica “a partir de aterros sanitários”, por “a partir de resíduos sólidos”.

“Com isso, contemplamos toda sorte de resíduo sólido, e não apenas os rejeitos depositados em aterros sanitários”, justifica.

O relator retirou do projeto o benefício tributário sugerido por Hélio José. Isso porque, segundo Bezerra, a medida infringiria a Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar 101, de 2000), a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a Lei Orçamentária Anual (LOA).

SAF de biogás e hidrogênio no Paraná

A Agência Técnica de Cooperação Alemã GIZ e o Centro Internacional de Energias Renováveis (CIBiogás) vão inaugurar no próximo ano uma planta piloto para produção de combustível sustentável de aviação (SAF, na sigla em inglês) a partir de biogás e hidrogênio verde em Foz do Iguaçu, no Paraná.

Com previsão de começar a funcionar em meados de 2023, o projeto conta com investimentos na ordem de R$ 9 milhões. A produção será em escala laboratorial, mas a proposta é desenvolver um modelo que possa ganhar escala e ter os processos replicados.

Outro produto da biorrefinaria piloto será o petróleo sintético renovável.

“Uma vez que todo o território brasileiro tem disponibilidade de biomassa residual, a solução proposta pelo projeto pode ser replicada em todo o país, oferecendo uma oportunidade para a produção descentralizada de combustíveis neutros em carbono”, comenta Markus Francke, diretor do projeto H2Brasil da GIZ.

Um levantamento da RSB (mesa redonda sobre biomateriais sustentáveis) identificou no Brasil um potencial para produção de até 9 bilhões de litros de SAF a partir de resíduos.

Isso é mais do que a produção nacional de querosene fóssil. Em 2019, antes da pandemia de covid-19, o Brasil produziu pouco mais de 6 bilhões de litros de querosene de petróleo, de acordo com a ANP.