Energia

TCU dá aval para acordo entre KPS, Aneel e MME sobre térmicas atrasadas

Empresa turca abre mão da inflexibilidade das operações de usinas, em troca de manutenção das outorgas

Justiça intima KPS para interromper instalação de térmicas em Sepetiba. Na imagem, usina térmica flutuante Irem Sultan da KPS, em Istambul, na Turquia (Foto: KPS/Divulgação)
Usina térmica flutuante Irem Sultan da KPS, em Istambul, na Turquia (Foto: KPS/Divulgação)

O Tribunal de Contas da União (TCU) homologou em plenário, nesta quarta (7/6), um acordo de solução consensual, para encerrar a disputa entre o Ministério de Minas e Energia (MME), Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e a Karpowership (KPS) sobre os contratos de quatro termelétricas a gás contratadas em 2021 no leilão emergencial.

O Procedimento de Contratação Simplificado (PCS) foi realizado no auge da crise hídrica daquele ano. A KPS venceu o leilão com as usinas Karkey 013, Karkey 019, Porsud I e Porsud II, que somam 560 MW de potência, mas os projetos atrasaram.

Em 2022, com a melhora dos reservatórios das usinas hidrelétricas, a necessidade de geração das usinas contratadas diminuiu.

A Aneel chegou a revogar, em fevereiro deste ano, a outorga de implantação e operação das usinas – sujeitando a empresa turca ao pagamento de multas. O caso, no entanto, foi judicializado pela KPS, que obteve liminar lhe protegendo das penalidades.

Em março, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, solicitou ao TCU uma solução consensual para a controvérsia. Este é o primeiro acordo do tipo fechado no Tribunal de Contas.

Acordo prevê economia, diz TCU

As premissas do acordo envolvem a redução dos custos para o consumidor, a manutenção da potência instalada e mitigação da judicialização.

Os contratos foram celebrados para geração de 1.261,701 TWh de energia elétrica inflexível por ano, mas pelos termos da solução consensual, a KPS abre mão da inflexibilidade das operações de três das quatro usinas (Karkey 019, Porsud I e Porsud II), com redução da energia gerada no segundo semestre de 2023.

O TCU afirma que decisão vai resultar numa economia estimada de R$ 579 milhões para os consumidores brasileiros este ano.

As outorgas, por sua vez, foram mantidas e a garantia física e potência contratada preservadas.

O acordo também prevê a suspensão dos processos administrativos atualmente em análise na Aneel e o encaminhamento, pela Aneel e pela KPS, de pedido de suspensão do mandado de segurança.

Consumidores reclamam

A Abrace, que representa os grandes consumidores de energia, posicionou-se contra os termos da solução consensual. Considerou o acordo desfavorável aos consumidores.

Alega que a solução garante à KPS uma redução de 85% na entrega do seu produto, a energia, até o final de 2023, mas que a redução da receita não será proporcional — da ordem de 42%.

A Abrace defende que a conciliação no TCU deveria ter se restringido às térmicas que honraram o contrato do PCS e cumpriram os prazos e que, portanto, teriam direitos em relação à venda da energia.

“Para as térmicas que não cumpriram seus contratos, como o caso da KPS, é necessário que a Aneel conclua seu processo decisório, parado há sete meses, numa demora que tem permitido que algumas térmicas gerem por meio de decisões judiciais e representam custo de R$ 255 milhões por mês aos consumidores brasileiros”, cita a associação, em nota.

A Frente Nacional dos Consumidores de Energia, por sua vez, manifestou-se a favor da urgência da votação pela Aneel da suspensão dos pagamentos às usinas da KPS.

A exemplo da Abrace, a Frente entende que a conciliação só caberia às usinas que honraram seus contratos e cumpriram os prazos.

“As usinas termelétricas contratadas por este processo que entraram em operação comercial atrasadas descumpriram importantes marcos temporais previstos nas diretrizes do leilão e no edital de contratação. Não é justificável que os consumidores tenham que suportar elevados pagamentos para as usinas inadimplentes, além de não estarem recebendo integralmente os valores das penalidades e multas referentes aos atrasos. Esse acordo sinalizará que estamos sendo lenientes com descumpridores de contratos”, comentou o presidente da Frente, Luiz Barata.,

[jnews_block_28 first_title=”Nessa cobertura” number_post=”6″ exclude_post=”64765″ include_tag=”12152″]