newsletter
Diálogos da Transição
eixos.com.br | 05/10/21
Apresentada por
Editada por Nayara Machado
[email protected]
Relatório da Agência Internacional de Energia (IEA, em inglês) divulgado nesta segunda (4) indica que, se todos os projetos em desenvolvimento para produção de hidrogênio a partir da eletrólise se concretizarem, o suprimento global alcançará 8 milhões de toneladas em 2030. Veja a íntegra (.pdf)
Um grande aumento em relação ao nível atual de menos de 50 mil toneladas, mas ainda bem abaixo das 80 milhões de toneladas necessárias na próxima década para alcançar o cenário de emissões líquidas zero até 2050 no roteiro da agência.
Para ter uma ideia do tamanho do desafio: a demanda de hidrogênio em 2020 foi de 90 milhões de toneladas, praticamente toda concentrada para refino e aplicações industriais.
Demanda suprida quase exclusivamente a partir de combustíveis fósseis, com emissão de cerca de 900 milhões de toneladas de CO2, calcula a IEA.
E a tendência é de uma escalada na demanda, especialmente com empresas e países apostando na aplicação de hidrogênio no setor de transportes — tanto pesado (exemplo da produção de amônia para navegação), quanto individual (célula a combustível).
Do lado da oferta de hidrogênio verde, a capacidade global de eletrolisadores, necessários para produção a partir da eletricidade, dobrou nos últimos cinco anos, chegando a pouco mais de 300 MW em meados de 2021.
Cerca de 350 projetos atualmente em desenvolvimento podem elevar a capacidade global para 54 GW até 2030.
Outros 40 projetos, responsáveis por mais de 35 GW de capacidade, estão nos estágios iniciais de desenvolvimento.
Destaques para Europa, Austrália, América Latina, Oriente Médio, China e Estados Unidos.
A Europa lidera na implantação de eletrolisador, com 40% da capacidade global instalada, e deve permanecer o maior mercado no curto prazo. A demanda será puxada pelas estratégias de hidrogênio ambiciosas tanto da União Europeia, quanto do Reino Unido.
Já os planos da Austrália sugerem que ela pode alcançar a Europa em alguns anos.
América Latina e Oriente Médio também planejam a implantação de grandes volumes de capacidade, em particular para exportação.
Enquanto a China, que teve um início lento, está avançando rapidamente no ranking com a quantidade de projetos anunciados e os Estados Unidos estão intensificando as ambições com o recém-anunciado Hydrogen Earthshot.
Lacuna de custo e hidrogênio azul
“Uma barreira importante para o hidrogênio de baixo carbono é a lacuna de custo com o hidrogênio de combustíveis fósseis não atenuados. Atualmente, a produção de hidrogênio a partir de combustíveis fósseis é a opção mais barata na maior parte do mundo”, destaca o relatório.
Dependendo dos preços regionais do gás, o custo nivelado da produção de hidrogênio a partir do gás natural varia de US$ 0,5 a US$ 1,7 por kg.
No caso do hidrogênio azul, a partir de gás natural com uso de tecnologias de captura, armazenamento e uso de carbono (CCUS), o custo aumenta para cerca de US$ 1 a US$ 2 por kg.
O uso de eletricidade renovável para produzir hidrogênio verde eleva para US$ 3 a US$ 8 por kg.
Segundo a IEA, há um espaço significativo para cortar custos de produção com o ganho da escala e inovação.
No cenário de emissões líquidas zero até 2050, a agência calcula que o hidrogênio verde cai para US$ 1,3 por kg até 2030 em regiões com recursos renováveis abundantes.
Dezesseis projetos de produção de hidrogênio azul estão em operação hoje, produzindo 0,7 Mt de hidrogênio anualmente, diz o levantamento da IEA.
Outros 50 projetos estão em desenvolvimento e, se concretizados, podem aumentar a produção anual de hidrogênio para mais de 9 Mt até 2030.
Canadá e Estados Unidos lideram a produção de hidrogênio a partir de combustíveis fósseis com CCUS, com mais de 80% da capacidade global de produção.
Enquanto na Europa, Reino Unido e Holanda estão se esforçando para liderar nessa tecnologia e responder por grande parte dos projetos em desenvolvimento.
PUBLICIDADE
Hidrogênio verde pode movimentar US$ 20 bi por ano no Brasil
De acordo com Marcus Silva, diretor comercial da Air Products — fabricante americana de gases e líder mundial no suprimento de hidrogênio – o mercado interno de hidrogênio verde (H2V) no Brasil poderá movimentar até US$ 20 bilhões anuais até 2040.
Ele participou de evento organizado pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI) e pelo Consulado Geral da Noruega no Rio de Janeiro, na semana passada.
“Em termos de mercado de hidrogênio verde no Brasil, estimamos que antes de 2040 esse mercado estará na faixa de US$ 15 a US$ 20 bilhões por ano, e também vemos a oportunidade de exportar entre US$ 3 e US$ 5 bilhões por ano”, afirmou o executivo.
A companhia, que já é responsável por mais 40% do market share global de hidrogênio cinza e azul, agora espera produzir hidrogênio verde no Brasil. E o Nordeste brasileiro é o que apresenta as melhores condições para receber os projetos.
“Vemos Ceará, Rio Grande do Norte e Maranhão como os possíveis melhores candidatos para abrigar um projeto de hidrogênio verde (…) Também estamos olhando oportunidades no Rio de Janeiro e Espírito Santo”.
Com exceção do Maranhão, todos os estados citados já contam memorandos de entendimento para construção de unidades produtoras de H2V. Os projetos estão concentrados nos portos:
-
EDP anuncia investimento de R$ 41,9 milhões em usina de hidrogênio verde no Ceará
-
Rio Grande do Norte assina acordo para hidrogênio verde e eólicas offshore
Curtas
Agro na COP. A CNA quer que práticas adotadas por produtores brasileiros no Plano ABC e para cumprir o Código Florestal sejam aceitas internacionalmente para o cálculo de redução de emissões. A proposta faz parte do posicionamento em nome do agro brasileiro para a COP26, e será entregue ao governo federal nesta terça (5). Broadcast
Acionista ativista. A pequena gestora americana Engine Nº1, que ganhou notoriedade ao emplacar três conselheiros mais favoráveis à transição energética na ExxonMobil, anunciou anunciou a compra de uma fatia relevante na General Motors. Desta vez, o investimento é um sinal de apoio aos planos da companhia em direção à eletrificação. Capital Reset
Batalha pelo B10. Produtores de biodiesel, fabricantes de automóveis e representantes de postos, distribuidoras e transportadores levaram ao Senado, nesta terça, a discussão sobre o futuro do mandato de biodiesel…
…Enquanto produtores defendem manutenção do cronograma de mistura previsto pelo Conselho Nacional de Política Energética, os demais setores pedem que o percentual continue reduzido a 10% e a inserção de diesel verde. A audiência foi transmitida no YouTube
Gestão do fogo. O número total de focos de queimadas no Cerrado entre janeiro e setembro de 2021 chegou a 51.505 focos — maior número desde 2013, segundo dados publicados pelo INPE na sexta (1°). As queimadas mais intensas atingiram a região do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros e o Parque Estadual Terra Ronca, em Goiás…
…Enquanto a gestão bolsonarista demonstra falta de competência para lidar com a questão, estudo publicado em setembro no periódico internacional Fire aponta a eficácia do saber ancestral dos povos indígenas e tradicionais para reduzir a incidência de incêndios no Cerrado.
[sc name=”news-transicao” ]