A Sulgás e a SebigasCótica firmaram nesta segunda (20/12) o primeiro contrato de suprimento de biometano do Rio Grande do Sul. Será instalada uma central de tratamento integrado de resíduos (CTIR) em grande escala, na cidade de Triunfo, com capacidade para receber resíduos da agroindústria para transformação em biocombustível.
O acordo é resultado da chamada pública para aquisição de biometano, lançada pela Sulgás em 2020.
O volume inicial para os cinco primeiros anos do contrato de suprimento com a Sulgás é de 15 mil m³/dia, a contar de 2024, ano previsto para o início da entrega, com possibilidade de ampliação da capacidade para 30 mil m³/dia a partir do sexto ano.
O período inicial de vigência do contrato está previsto para 10 anos, a contar do início do fornecimento.
Serão investidos R$ 150 milhões pela SebigasCótica e mais R$ 9 milhões em obras e equipamentos para a interligação da usina com a rede canalizada de distribuição de gás, pela Sulgás.
Maurício Silveira Cótica, diretor da SebigasCótica, explica que o projeto funcionará como uma central de recebimento de resíduos de diversas empresas, para tratamento e geração do biogás.
Após um processo de purificação, o gás transformado em biometano será injetado na rede canalizada da Sulgás, misturando-se ao gás natural.
“É um negócio em que todos os substratos e subprodutos são aproveitados e valorizados, primando pela economia circular e pela sustentabilidade”.
A SebigasCótica é uma joint venture entre a italiana Sebigas e a gaúcha Cótica especializada em projetos de biogás.
Dentre eles está a maior planta de biodigestão das Américas, operada pela Raízen, no estado de São Paulo, que faz biodigestão de vinhaça, subproduto da produção do etanol e açúcar.
GNVerde
A expectativa é que o projeto em Triunfo atenda inicialmente os clientes da Sulgás do Pólo Petroquímico de Triunfo. O combustível será lançado no mercado gaúcho como GNVerde – marca registrada pela Sulgás para o biometano.
Serão usados resíduos encontrados em um raio de 100km do CTIR, entregues pelos caminhões das próprias empresas geradoras.
Carlos Camargo de Colón, presidente da Sulgás, acredita que será o primeiro passo para inserir um novo produto com múltiplos benefícios na matriz energética.
“A pegada ambiental do biometano é muito positiva, pois vem de uma fonte 100% renovável e não de origem fóssil. Além disso, diversificar a fonte de suprimento, especialmente nesse momento de alta de preço do petróleo e gás, é um movimento importante para o mercado de energia”, comentou durante a assinatura do contrato.
Para o executivo, a tendência é que o projeto incentive a instalação de novos empreendimentos semelhantes em outros locais.
Dados da ABiogás (Associação Brasileira do Biogás) indicam um potencial de produção de 120 milhões de m³/dia de biogás no Brasil – volume que poderia suprir 40% da demanda por energia elétrica e 70% do consumo de diesel.
No RS, o Atlas das Biomassas – estudo encomendado pela Sulgás à Univates e concluído em 2016 – mostra que o estado tem capacidade de produzir 2,7 milhões m³/dia de biogás a partir de biomassa agrossilvopastoril, 1,5 milhão m³/dia de biometano e gerar 2,4GW de energia elétrica.