Geração distribuída

Oferta de GD com baterias cresce no Brasil, mas preço dificulta vendas, aponta Greener

Maior taxa de juros, inflação e incertezas políticas levaram à queda de 46% no volume médio mensal de orçamentos feitos por empresas

Geração distribuída alcança 12 GW no Brasil
Nos primeiros sete meses do ano, foram adicionados 2,9 GW de geração distribuída (Foto: Soninha Vill/GIZ)

BELO HORIZONTE — A oferta de sistemas híbridos de geração distribuída (GD) com baterias cresceu no Brasil no primeiro semestre de 2025, mas as vendas ainda têm dificuldades para deslanchar, concluiu o estudo estratégico da Greener sobre o mercado divulgado na terça-feira (30/9).

Dos integradores do Brasil, 71% ofereceram sistemas híbridos com bateria período, segundo o levantamento. O aumento é de 6 pontos percentuais na comparação com o primeiro semestre do ano passado, quando 65% ofereciam baterias.

Mas os sistemas híbridos representaram apenas de 2% das vendas do mercado na primeira metade do ano. Além disso, 52% dos integradores que oferecem esses sistemas ainda não venderam. 

Segundo o levantamento, o principal motivo é o preço dos equipamentos para o armazenamento de energia — os clientes consideram que há baixa rentabilidade do investimento e alto custo em comparação ao sistema de GD que injeta o excedente de energia gerada na rede.

GD enfrenta desafios

De modo geral, considerando o período de janeiro a junho de 2025, os principais desafios apontados pelos integradores brasileiros de projetos de GD foram preço baixo demais ofertado pela concorrência (65%), alta taxa de juros no financiamento (58%) e dificuldade na aprovação de créditos pelos bancos (49%).

As empresas registraram, ainda, queda de 46% no volume médio mensal de orçamentos em comparação ao mesmo período de 2024. Segundo a Greener, o cenário reflete maior seletividade e cautela dos consumidores em meio a alta taxa de juros, inflação e incertezas políticas.

Nesse contexto, a potência adicionada de GD no primeiro semestre de 2025 caiu quase 5% em relação aos seis primeiros meses do ano passado. Foram 4,5 gigawatts (GW) instalados, totalizando 41 GW no país. 

Proporcionalmente, houve um aumento dos clientes residenciais, que representaram 57% do total instalado no período, um recorde para a classe.

As instalações para consumidores comerciais, por outro lado, caíram. Segundo a Greener, esses clientes têm sido atraídos por outras soluções que não dependem de grande investimento inicial. 

O meio rural também registrou queda. O estudo sugere que esse mercado foi impactado pela alta dos juros e pela dificuldade de acesso a linhas de crédito. Além disso, os produtores têm priorizado investimentos em infraestrutura para plantações.

Aumento do imposto de importação

O aumento de 9,6% para 25% das taxas de importação das células fotovoltaicas utilizadas em painéis solares (extra-quota) pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) a partir de julho levou a um volume recorde de módulos importados no primeiro trimestre de 2025, resultado da aceleração das importações por fabricantes.

No segundo trimestre, houve uma queda de 38% na comparação com os três primeiros meses do ano. O movimento também sofreu influência da alta dos juros. 

No total do primeiro semestre, o volume de importação de módulos fotovoltaicos foi igual ao do mesmo período de 2024, com 10,6 gigawatts-pico (GWp) nacionalizados.

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