Energia solar

Geração solar pode reduzir em 60% acionamento da bandeira vermelha até 2031, diz associação

Estudo da Absolar prevê barateamento da conta de luz de 5,6% dos consumidores, com crescimento da geração própria de energia

Geração solar pode reduzir em 60% acionamento da bandeira vermelha até 2031, diz associação. Na imagem: Foto aérea de placas fotovoltaicas sobre telhado na Usina Fotovoltaica em prédios do CAD, no campus da UFMG (Foto: Divulgação Onergy Solar)
Foto aérea da Usina Fotovoltaica em prédios do CAD, no campus da UFMG (Foto: Divulgação Onergy Solar)

RECIFE — A frequência de acionamento da bandeira vermelha nas tarifas de energia elétrica deve ser reduzida em cerca de 60% até 2031, em um cenário de aumento da geração distribuída solar de 11 GW para 37,2 GW instalados no Brasil no período.

A estimativa é de um estudo divulgado nesta terça-feira (21/6) pela Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) em parceria com a consultoria Volt Robotics, e considera o cenário referência do Plano Decenal de Energia do governo (PDE 2031).

No documento lançado hoje, a Absolar calcula que o crescimento da geração própria de energia solar em telhados, fachadas e pequenos terrenos trará mais de R$ 86,2 bilhões em benefícios sistêmicos no setor elétrico, com barateamento da conta de luz de 5,6% dos consumidores, incluindo aqueles que não possuem sistema solar próprio até 2031. 

Com o possível avanço da geração distribuída no Brasil, a diminuição dos custos repassado aos consumidores deve chegar aos R$ 34 bilhões, que resultará na redução de 2,2% nas tarifas energéticas na próxima década.

Com relação aos encargos setoriais, o documento aponta para uma redução de R$ 11,5 bilhões até 2031, resultando em uma queda de 0,8% nas tarifas. Já no caso de cenários que abrangem possíveis crises hídricas, a diminuição da ocorrência de bandeiras tarifárias mais caras pode chegar aos 17 pontos percentuais.

Para o período, a consultoria concluiu que a GD possibilitará a restrição dos riscos financeiros sobre a variação dos preços dos combustíveis em cenários como o da guerra da Rússia contra a Ucrânia, por exemplo. Com isso, o custo teria uma queda de R$ 24,2 bilhões, resultando na diminuição de 1,5% na tarifa. 

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Economia de R$ 8,2 bi com perdas elétricas

O levantamento também calcula que seria possível uma economia de R$ 8,2 bilhões em um período de dez anos por meio de reduções das perdas elétricas nas linhas de transmissão e redes de distribuição, a partir dos sistemas de geração própria de energia. Isso significaria uma queda de 0,5% nas tarifas de eletricidade.

Outra projeção é de redução na demanda no horário de pico, calculada em R$ 1,6 bilhão em uma década.

Nos submercados elétricos do Nordeste e do Sudeste, o estudo estimou uma redução de preços em R$ 8,5 bilhões até 2031, proporcionando uma queda de 1,5% nas tarifas dos consumidores. 

Na prática, diz o estudo, os sistemas fotovoltaicos nos telhados e pequenos terrenos podem responder pela diminuição da sobrecarga dos sistemas de intercâmbio, reduzindo os custos de energia elétrica para quem compra e consome no Sudeste, além de contribuir com os preços dos vendedores de energia produzida no Nordeste.

“Esse é um efeito indireto que beneficia não só os consumidores do Sudeste mas os geradores do Nordeste e toda a indústria renovável que consegue colocar mais capacidade no Nordeste e também trazer para o Sudeste”, afirma Donato da Silva Filho, sócio fundador da Volt Robotics e autor do estudo.

Redução das emissões de CO₂ podem chegar a 121 milhões de toneladas

O estudo traz ainda a projeção de redução de emissão de gases de efeito estufa, que nos cenários médios pode alcançar 67 milhões de toneladas de CO₂ até 2031. Já no cenário de uma nova crise hídrica, com maior acionamento das termelétricas, a redução dos gases de efeito estufa alcançariam 121 milhões de toneladas de CO₂.

Os dados da consultoria Volt Robotics concentraram os cálculos nos chamados benefícios sistêmicos ao setor elétrico, e não incluem ganhos econômicos e ambientais, como atração de investimentos privados, geração de empregos, aumento de renda, aumento do poder de compras da população e nem os ganhos em sustentabilidade. 

Na geração centralizada, expansão fóssil

Publicado em abril pelo Ministério de Minas e Energia (MME), o Plano Decenal de Energia 2031 mostra que as políticas atuais levarão à “substituição de parte da expansão indicativa de eólicas e solares centralizadas por termelétricas com geração compulsória movidas a gás naturalcarvão mineral e nuclear”.

O indicativo considera a contratação obrigatória de 8 GW de geração termelétrica incluída na lei de privatização da Eletrobras.

No cenário de referência elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), quase 60% do total de expansão da capacidade instalada em 2031 será de usinas a gás natural, carvão mineral e nuclear.

“Essa mudança de composição da matriz resulta em um maior custo de operação para o sistema”, diz a EPE.

Até 2027, o PDE não prevê expansão da geração solar e eólica. Em compensação, a geração térmica a gás natural flexível e inflexível projetada soma 14,3 GW de expansão no mesmo período.

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