RIO — Pesquisa divulgada nesta sexta-feira (20/5) pelo Ipespe (em .pdf) sobre a corrida eleitoral de 2022 indica que a Petrobras está levando a culpa, na opinião pública, pelo aumento dos preços dos combustíveis no país.
Dentre os mil entrevistados pela pesquisa, 88% veem a Petrobras como responsável pela inflação dos derivados — sendo que 64% das pessoas indicaram que a estatal tem “muita responsabilidade” pelo encarecimento dos combustíveis. Outros 7% não veem “nenhuma responsabilidade” por parte da petroleira e 5% não souberam ou não responderam.
A entrevista foi realizada pelo Ipespe entre os dias 16 e 18 de maio — dias após a Petrobras reajustar em 8,8% o preço do diesel, nas refinarias, no dia 10, e em meio à subida do tom dos ataques do presidente Jair Bolsonaro à estatal.
Dias antes de a companhia anunciar o aumento do diesel, Bolsonaro apelou publicamente para que a empresa segurasse os reajustes e fez críticas contundentes ao “lucro abusivo” da petroleira. Na tentativa de se desvincular da crise dos preços, o presidente manteve os ataques à petroleira durante dias.
Ele critica a política de preços dos derivados da companhia, de alinhamento ao preço de paridade de importação (PPI).
Bolsonaro, contudo, também leva culpa pela inflação dos combustíveis, ante a opinião pública: 70% dos entrevistados responsabilizam o presidente pela crise dos preços: 45% acreditam que o presidente tem “muita responsabilidade” no caso.
Outro principal alvo dos ataques de Bolsonaro, os governadores dos estados são vistos como “muito responsáveis” pela alta dos combustíveis por 40% dos entrevistados — mesmo patamar de responsabilização indicado pelas pessoas para a Guerra da Ucrânia.
Os estados e o governo federal travam uma nova queda de braço em relação ao ICMS sobre os combustíveis. O assunto foi parar no Supremo Tribunal Federal (STF).
Os governos anteriores, de Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva, têm “muita responsabilidade” pela atual crise dos preços para 37% dos entrevistados. Por fim, 32% dos entrevistados veem muita responsabilidade do STF no aumento dos derivados.
Privatização da Petrobras e preço dos combustíveis
A pesquisa do Ipespe também mostra que a privatização da Petrobras ainda enfrenta resistência na opinião pública: 49% dos entrevistados são contra a desestatização e 38% são a favor. O restante (13%) não sabe ou não respondeu.
Do universo total de entrevistados, em caso de privatização:
- 44% das pessoas acreditam que os preços dos combustíveis vão aumentar;
- 26% acham que os preços vão continuar os mesmos;
- 19% acreditam que os derivados vão ficar mais baratos;
- e 11% não souberam ou não opinaram.
Caso a privatização da Petrobras leve à redução dos preços, a opinião pública muda:
- 67% são a favor da desestatização da petroleira;
- 27% são contrários;
- e 7% não responderam ou não souberam opinar.
O assunto voltou aos holofotes após a troca no Ministério de Minas e Energia. Em seu primeiro ato oficial à frente do MME, Adolfo Sachsida — que foi braço direito do ministro da Economia – entregou a Paulo Guedes um pedido de estudo para a privatização da Petrobras e da Pré-Sal Petróleo (PPSA).
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