A Shell anunciou nesta sexta (21) que vai retirar o “Royal Dutch” – parte da sua identidade desde 1907 – do nome. Dutch significa holandês, na tradução do inglês.
Segundo a companhia, as participações dos acionistas não serão afetadas pela mudança de nome e os certificados de ações existentes devem ser retidos, pois permanecerão válidos e não serão emitidos novos certificados de ações.
A mudança acontece na esteira da transferência de sede.
Em novembro do ano passado, a companhia decidiu abandonar também sua estrutura de ações duplas e transferir a sede da Holanda para a Grã-Bretanha. Na Holanda, a companhia vem enfrentando ações judiciais pelo impacto de suas operações sobre o clima.
Em maio de 2021, um tribunal holandês ordenou à Shell que aprofundasse seus planejados cortes nas emissões de gases de efeito estufa, alinhados ao Acordo de Paris – que visa limitar o aquecimento global a 1,5ºC. A empresa disse que apelaria da decisão.
Já em outubro, o ABP – maior fundo de pensão estatal holandês – afirmou que retiraria a Shell e todas as empresas ligadas a combustíveis fósseis de seu portfólio.
Outra motivação para as mudanças é fiscal.
Segundo a Reuters, há uma disputa judicial com as autoridades holandesas sobre o imposto de renda de 15% sobre dividendos que a Shell procurou evitar pagar com suas duas classes de ações. Sua nova estrutura única resolveria esse problema e permitiria à Shell fechar negócios de venda ou aquisição mais rapidamente.
A estrutura de ações de duas classes (inglesa e holandesa) foi introduzida em 2005, após uma reforma corporativa anterior.
Em novembro, o governo holandês disse que ficou “desagradavelmente surpreso” com os planos da Shell de se mudar de Haia para Londres.
Ainda segundo a Reuters, a decisão foi vista como um voto de confiança no Reino Unido. Após a saída do bloco da União Europeia, bilhões de euros com origem nas negociações diárias de ações saíram da capital britânica para Amsterdã.