Política energética

Sachsida defende incluir Petrobras no Novo Mercado antes de privatizá-la

Ministro de Minas e Energia diz que medida permitiria à União valorizar o ativo

Sachsida [na foto] defende incluir Petrobras no Novo Mercado antes de privatizá-la (Foto: Divulgação)
Ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida (Foto: Divulgação)

RIO — O ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, disse nesta terça-feira (21/6) que a proposta de inserir a Petrobras no Novo Mercado — o padrão mais elevado de governança corporativa da B3 — parece ser uma “solução inteligente” para valorizar o ativo, antes de uma eventual privatização da petroleira.

Segundo ele, esta é uma das ideias que estão sendo avaliadas, hoje, no governo. Os ministros da Economia, Paulo Guedes, e de Minas e Energia incluíram a Petrobras no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), em maio, para início dos estudos de privatização das “empresas e dos ativos sob a sua gestão”.

Sachsida acredita que, com a migração da companhia para o Novo Mercado, os preços das ações da petroleira aumentarão “na hora”.

Uma das propostas em estudo no governo é que, uma vez garantida a valorização de mercado da empresa, as ações da petroleira sob controle do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) sejam vendidas. Hoje, o banco detém 7,94% do capital total da estatal. São cerca de 1 bilhão de ações preferenciais.

“O excedente [de valor de mercado decorrente da migração para o Novo Mercado] pode ser usado para fortalecer o Auxílio Brasil, para tirar a população da situação da miséria, para ajudar a recuperação dos anos de educação perdida com a pandemia, para fortalecer programas sociais, principalmente o vale-gás. Parece que é uma solução inteligente, mas o debate é no Congresso”, afirmou o ministro, ao participar de audiência na Câmara dos Deputados.

O Novo Mercado é um segmento da B3 destinado à negociação de ações de empresas que adotam, voluntariamente, práticas de governança corporativa adicionais àquelas exigidas pela legislação.

Dentre as exigências para participar do segmento, a companhia deve ter capital composto exclusivamente por ações ordinárias com direito a voto.

Uma das alternativas em estudo no governo é, justamente, converter as ações preferenciais da Petrobras em ordinárias — o que faria a União perder o controle sobre a empresa.

Ontem, Paulo Guedes afirmou que, “só de falar” em privatizar a Petrobras e levar as ações da companhia para o Novo Mercado da B3, o valor de mercado da empresa atingiria os R$ 750 bilhões.

Hoje, as ações da companhia valem cerca de R$ 380 bilhões.

Nova filosofia na Petrobras

Sachsida comentou, ainda, sobre a troca no comando da Petrobras. Segundo ele, a demissão de José Mauro Coelho e a indicação de Caio Paes de Andrade para a presidência da companhia faz parte da intenção de dar um “nova filosofia” à empresa.

Para aprofundar:

“Quem acha que estamos mudando para mais do mesmo está enganado”, disse.

Sem mencionar explicitamente a intenção de privatizar a companhia, o ministro afirmou que quer que o novo presidente e o novo conselho de administração da empresa “preparem a Petrobras para o novo desafio” de “competir mais”.

Sobre a questão dos preços dos combustíveis, no entanto, ele comentou que “talvez seja o momento de a empresa repensar algumas atitudes”, mas que o governo não vai interferir na política de preços da companhia.