Rodolfo Landim, ex-presidente da BR Distribuidora e atual presidente do Flamengo, desistiu da indicação do presidente Jair Bolsonaro (PL) para presidir o Conselho de Administração da Petrobras. Encaminhou carta ao ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, relatando a preocupação de não conseguir conciliar as demandas da empresa e do clube.
“Apesar do tamanho e da importância da Petrobras para o nosso país, e da enorme honra para mim em exercer este cargo, gostaria de informá-lo que resolvi abrir mão desta indicação, concentrando todo meu tempo e dedicação para o ainda maior fortalecimento do nosso Flamengo”, diz carta publicada no site do clube carioca.
Landim foi indicado pelo governo Bolsonaro para o Conselho de Administração da Petrobras no começo de março. A Assembleia Geral de Acionistas da Petrobras que vai referendar novas indicações está agendada para 13 de abril.
Denunciado pelo MPF
Em 2010, depois que deixou o Grupo X, do empresário Eike Batista, Landim criou a gestora de private equity Mare Investimentos, junto com Demian Fiocca, ex-presidente do BNDES no governo Lula, Nelson Guitti, que havia sido seu diretor na BR Distribuidora, e o advogado Leonardo Ugatti.
Em julho do ano passado, o Ministério Público Federal (MPF) denunciou Landim, Guitti, Fiocca, Geoffrey David Cleaver e Gustavo Henrique Lins Peixoto por gestão fraudulenta em fundo de investimento em detrimento dos fundos de pensão Funcef, Petros e Previ. As investigações apontaram prejuízo superior a R$100 milhões, em valores históricos.
A denúncia mostra ainda que uma conta bancária de Landim na Suiça movimentou US$ 15,1 milhões para a conta de Carlos Suarez, dono da Termogás, que chegou a ter sua conta bloqueada por autoridades suíças.
Governo também indicou novo presidente
No último dia 28, o Ministério de Minas e Energia (MME) confirmou a retirada de Joaquim Silva e Luna das indicações para o CA da Petrobras. A intenção é demitir o general do comando da estatal. Para o lugar de Silva e Luna, foi indicado Adriano Pires, consultor que atua no mercado de petróleo, gás energia.
O general foi escolhido pelo ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, para substituir Roberto Castello Branco (indicado por Paulo Guedes) em 2021, também em meio a uma crise desencadeada por aumentos nos preços da Petrobras.
A diferença é que Castello Branco encerrava seu mandato de dois anos e, por decisão de Jair Bolsonaro (PL), não foi reconduzido.
Silva e Luna, contudo, foi eleito presidente da Petrobras até 2023.
Representação no TCU contra a indicação
O Subprocurador-Geral no Bento Albuquerque, Lucas Rocha Furtado, entrou com uma representação contra Jair Bolsonaro (PL) pedindo investigações envolvendo conflitos de interesse entre os negócios do consultor Adriano Pires e as atividades da Petrobras.
Pede, em caráter cautelar, à CGU e à Comissão de Ética Pública, que “adotem imediatas providências no sentido de investigar em profundidade a ocorrência de eventual conflito de interesses na indicação” de Adriano Pires; e providenciem “medidas de sua competência para a prevenção ou eliminação desse conflito, previamente à nomeação e posse do indicado”.
Além disso, solicita que se apure a “possível ingerência indevida do governo federal” na Petrobras.
Veja a íntegra da nota publicada no site do Flamengo
Caro Sócio e torcedor rubro-negro
Como já foi amplamente divulgado pela imprensa, tive a honra de ter meu nome indicado para a presidência do Conselho de Administração da Petrobras.
Depois de mais de 26 anos trabalhando na empresa, tendo exercido vários cargos na sua alta administração, o convite feito seria um retorno a um local que por muito tempo fez parte de minha vida.
Apesar do tamanho e da importância da Petrobras para o nosso país, e da enorme honra para mim em exercer este cargo, gostaria de informá-lo que resolvi abrir mão desta indicação, concentrando todo meu tempo e dedicação para o ainda maior fortalecimento do nosso Flamengo.
Encaminhei ao Exmo Ministro de Minas e Energia, Sr. Bento Albuquerque, um documento com esta posição, deixando claro meu agradecimento pelo convite e relatando minha preocupação em não conseguir, dada a dedicação que as duas instituições demandariam nesse momento, exercer ambas as funções com a excelência por mim desejada e à altura que a Petrobras e o Flamengo merecem.
Em relação ao Flamengo, os últimos acontecimentos me demonstraram a necessidade de termos todos nós o compromisso de um grau ainda maior de dedicação e foco ao Clube.
Como sempre falei, ao ter sido reeleito pelos sócios para um mandato de mais três anos, exercer bem o cargo de presidente do Flamengo é minha total prioridade.