Rio quer detalhes do corte da produção da Petrobras; ANP flexibiliza regras

Rio quer detalhes do corte da produção da Petrobras; ANP flexibiliza regras

O governo do Rio de Janeiro enviou à Petrobras um pedido de informações sobre o corte de produção de 200 mil barris por dia anunciado pela empresa no começo do mês. O estado quer entender o tamanho do impacto nas suas finanças da estratégia da Petrobras para se adequar a baixa da demanda por conta da pandemia do coronavírus e da queda nos preços do barril do petróleo por conta da crise entre Rússia e Arábia Saudita. 

“Como a indústria de petróleo é por natureza uma indústria global, isso obviamente nos preocupa, pois coloca em risco o processo de franca recuperação pela qual passava a economia e as finanças do estado no último ano”, disse o secretário em nota divulgada na tarde desta terça-feira

A Petrobras opera a produção de 2,2 milhões de barris por dia de petróleo no estado do Rio de Janeiro, que é o maior produtor de petróleo e gás do país com a produção de 2,28 milhões de barris por dia de petróleo e 79,9 Mm³/dia de gás natural em fevereiro, de acordo com dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP). 

A Petrobras não informou quais campos pretende paralisar a produção. Diz que vai gerir seu portfólio de forma integrada. Indicou apenas que dos 200 mil que serão cortados todos os dias 23 mil barris por dia, pouco mais de 10%, vêm de projetos em águas rasas, que a empresa está atualmente vendendo. 

No Rio de Janeiro, a Petrobras está se desfazendo o Polo Garoupa, que engloba os campos de Anequim, Bagre, Cherne, Congro, Corvina, Malhado, Namorado, Parati, Garoupa, Garoupinha and Viola. Juntas, as áreas produziram 19 mil barris por dia a partir de 42 poços interligados a cinco plataformas fixas (PGP‐1, PCH‐1, PCH‐2, PNA‐1, PNA‐2) e uma plataforma semissubmersível P‐09, entre julho de 2018 e julho de 2019. 

A Petrobras vendeu recentemente ativos em águas rasas na Bacia de Campos em projetos muito próximos dos quais pretende parar a produção. Em agosto do ano passado, o Cade aprovou a venda pela Petrobras do controle de 11 campos em águas rasas da Bacia de Campos para a Trident Energy. A conclusão da operação foi na casa de US$ 1 bilhão. 

Em outubro, a estatal fechou a venda de 100% dos campos de Pargo, Carapeba e Vermelho, localizados em águas rasas da Bacia de Campos, para a Perenco. Foi concluído o pagamento de cerca de US$ 324 milhões para a Petrobras, que se somam aos US$ 74 milhões pagos na assinatura dos contratos.

E pode parar?

A ANP ainda não se posicionou oficialmente sobre o pedido da Petrobras de paralisar campos de produção. Oficiou todas as empresas produtoras para entender como estão vendo suas atividades durantes as crises energéticas. 

Nesta terça (7/4), publicou uma lista de medidas a serem adotadas por operadores durante a pandemia do coronavírus. Será autorizada a postergação por até um ano das atividades exploratórias previstas para 2020. Os dados da agência indicavam a perfuração de 24 poços exploratórios (terra + mar) e aquisição de 1674 km de dados sísmicos 2D e 15.678 km² de dados sísmicos 3D. O investimento total previsto pela agência estava na casa de R$ 4 bilhões. 

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