RIO — A Alemanha quer colaborar de forma estreita com o Brasil na ampliação de energias renováveis, disse na segunda (30/1) o chanceler Olaf Scholz, durante encontro com o presidente Lula (PT) em Brasília.
Scholz chamou a ocasião de “um novo capítulo nas relações entre os países”, e que deverão trabalhar muito próximos em alguns temas, entre eles a produção de hidrogênio verde.
“Há muitas questões nas quais queremos colaborar de forma estreita. A luta contra mudança climática, a proteção da floresta tropical na Amazônia, e também a ampliação das energias renováveis e a produção de hidrogênio verde”, afirmou o chanceler alemão.
Para Scholz, o Brasil é um ator importante para fazer avançar a transformação da economia verde mundial.
“Vocês têm muita experiência com energias renováveis e enormes potenciais também através da produção e da exportação de hidrogênio verde e seus respectivos produtos”.
Relações comerciais para transição energética
No final do ano passado, a Alemanha lançou o primeiro leilão da política H2Global para contratos de longo prazo de fornecimento de hidrogênio verde na forma de derivados: amônia, metanol e combustível sustentável de aviação (SAF, em inglês).
A primeira licitação será para contratos de amônia verde e o prazo para submissão é 7 de fevereiro. Já as submissões para os certames de SAF e metanol vão até 21 de fevereiro.
Há a possibilidade de que projetos no Brasil, que contem com empresas alemãs, participem do trâmite.
Scholz, inclusive, destacou as relações comerciais que os países já possuem, lembrando que no Brasil atuam quase mil companhias alemãs.
“É um número impressionante, mas que queremos aumentar ainda mais no futuro”.
Um dos caminhos para aumentar a participação de empresas alemãs no Brasil seria a exploração de recursos naturais importantes para a transição energética.
“As empresas alemãs têm um grande interesse em colaborar na exploração desses recursos”, pontuou.
Proteção da Amazônia e acordo Mercosul-UE
Além da transição energética, a reunião também discutiu combate ao desmatamento na Amazônia e acordo comercial Mercosul-União Europeia.
Os altos níveis de desmatamento da floresta amazônica registrados durante o governo Jair Bolsonaro foram um dos principais argumentos dos países europeus para não avançar no acordo comercial com os países que integram o bloco da América do Sul.
O ex-embaixador alemão no Brasil, Georg Wischel, chegou a classificar o impasse como uma “tragédia”, em 2021.
Olaf Scholz comemorou a mudança de posicionamento do governo brasileiro, com a vitória de Lula, e destacou que sem a proteção das florestas tropicais no Brasil e América Latina não será possível alcançar as metas do Acordo de Paris.
“É muito boa notícia para o nosso planeta que o presidente Lula está empenhado em combater a mudança climática, e acabar com o desmatamento da floresta tropical”, disse o chanceler.
No mesmo dia, a Alemanha anunciou um pacote de 203 milhões de euros, destinados a incentivar o desenvolvimento sustentável e inclusão social, e combater o desmatamento.
Desse total, 35 milhões de euros serão para o Fundo Amazônia, que havia sido suspenso no governo de Jair Bolsonaro.
A expectativa é que com a retomada da agenda ambiental pelo Brasil, o acordo Mercosul-UE ganhe tração.
“Quero dizer que nós vamos fechar esse acordo até o fim deste semestre”, afirmou Lula na presença de Scholz.
“O presidente Lula e eu concordamos que o acordo Mercosul-UE é importante para ambas as regiões. E queremos que haja um rápido avanço nessa questão”.
As discussões sobre o acordo com a União Europeia também coincidem com a tentativa do Brasil de reocupar a liderança do bloco do Mercosul, em recentes visitas do presidente Lula ao Uruguai e à Argentina.
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