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Regulação do mercado de carbono deve vir em lei, não decreto, diz CEBDS

Governo já sinalizou que prepara um novo projeto de lei para a adoção de sistema de comércio de emissões (ETS), nos moldes da União Europeia

Regulação do mercado de carbono deve vir em lei, não em decreto, diz CEBDS
Diretora de Clima do CEBDS, Viviane Romeiro (Foto: Geraldo Magela/Agência Senado)

BRASÍLIA – A regulação do mercado de carbono deve ser disposta em lei e não em decreto, defendeu a diretora de Clima, Energia e Finanças Sustentáveis do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), Viviane Romeiro, nesta quarta (31/5).

“A gente vem trabalhando alguns elementos fundamentais: a implementação gradual, a previsibilidade, e a segurança jurídica, ou seja, um mercado regulado que venha por projeto de lei e não por decreto”, disse, durante seminário promovido pela Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE).

O governo já sinalizou que está preparando um novo projeto de lei para estabelecer um mercado de carbono regulado no Brasil, revogando o decreto que instituiu o Sistema Nacional de Redução de Emissões de Gases de Efeito Estufa (Sinare), publicado na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

A ideia é que o Brasil adote o sistema de comércio de emissões (ETS), nos moldes da União Europeia.

Romeiro adiantou que o CEBDS está trabalhando junto ao setor empresarial para endossar um marco regulatório que traga proteção e competitividade aos negócios, além de mecanismos de estabilidade de preço.

“O que temos visto é que, de fato, as empresas e as indústrias estão em busca de uma certeza regulatória e os agentes que serão regulados”, explicou.

Desafios regulatórios

Para a diretora, os avanços para a implementação do mecanismo de descarbonização da economia tem desafios técnicos, políticos e econômicos e é preciso trabalhar as nuances do mercado voluntário e do mercado regulado.

“É um sistema complexo, a precificação é um instrumento sofisticado que requer muita capacitação”, ressaltou.

Em 2022, as receitas dos impostos sobre o carbono e dos Sistemas de Comércio de Emissões (ETS) atingiram um recorde de cerca de US$ 95 bilhões ao redor do mundo, de acordo com o Banco Mundial.

Hoje, 11.66 bilhões de toneladas de gases de efeito estufa, quase um quarto das emissões globais (23%), são cobertas por 73 instrumentos.

Enquanto isso, as empresas brasileiras mobilizam para que o país avance na criação do seu mercado regulado. O tema está em debate no Congresso Nacional há alguns anos.

Em 2022, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) aprovou o texto substitutivo, do ex-senador Tasso Jereissati, ao Projeto de Lei 412/2022, que regulamenta o Mercado Brasileiro de Redução de Emissões (MBRE).

O relatório aguarda tramitação na Comissão de Meio Ambiente (CMA) do Senado e depois seguirá para a Câmara dos Deputados.

Caminhos da transição verde no governo

Segundo a diretora do Departamento de Transição Energética do Ministério de Minas e Energia (MME), Mariana Espécie, o setor industrial e de transportes são os que merecem maior atenção para a economia de baixo carbono.

“Temos o grande desafio de buscar soluções que enderecem setores produtivos que contribuem intensamente para o nosso perfil de emissões”, comentou.

Juntos, indústria e transportes representam mais de 60% ou 2/3 do consumo final de energia, de acordo com dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE).

De acordo com a diretora, “para que o país alcance o net zero”, é preciso “dar importância aos caminhos de inovação”, sendo fundamental a alocação de recursos e investimentos.

Recentemente, o governo Lula, por meio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI), definiu eixos que contemplam o mercado de energia nas diretrizes das novas políticas industriais do país.

O comitê incluiu o ramo energético nas cadeias de produção prioritárias, listadas na “missão” de “descarbonização da indústria, viabilização da transição energética e bioeconomia”.

No último mês, o vice-presidente e ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, anunciou a redução de impostos para carros populares com critérios de eficiência energética. A medida deverá valer para veículos com valores de até R$ 120 mil.

Os descontos podem chegar a 10,79%, a depender dos critérios de preço, eficiência energética e densidade industrial no país. Os detalhes específicos sobre a proposta ainda não foram divulgados.

O Ministério da Fazenda, de Fernando Haddad (PT), também promete um plano de “transição ecológica”. O pacote, que deve incluir propostas legislativas cujos temas passam por energia, mercado e captura de carbono e energia, estava previsto para ser apresentado em junho, mas foi adiado para agosto.