Energia

Redução voluntária do consumo de energia vai gerar R$ 2,4 bi de bônus, afirma MME

Ministério garante que montante economizado gerou alívio de 4,5% na tarifa do consumidor residencial

O canibalismo energético e a recessão
Imagem de Colin Behrens por Pixabay

O programa do governo federal para incentivar a redução do consumo de eletricidade deve gerar R$ 2,4 bilhões de bônus na conta de luz de janeiro, de acordo com dados divulgados pelo Ministério de Minas e Energia (MME) na quinta (21).

O programa vigorou de setembro a dezembro de 2021, como medida para tentar enfrentar a maior escassez hídrica da história do país. Foi uma das propostas da Câmara de Regras Excepcionais para a Gestão Hidroenergética (CREG).

Além dos bônus de energia, o programa teria gerado uma economia de 5,6 milhões de megawatt/hora (MWh) no período, o que representaria cerca de 4,5% a menos na tarifa do consumidor residencial.

A redução representa cerca de 2,7% do consumo energético verificado em todo o Brasil, de setembro a dezembro de 2020, ano de referência para a apuração.

Segundo a pasta, a economia de 5,6 milhões MWh corresponde ao consumo anual de estados como Paraíba e Rio Grande do Norte, ou o suficiente para abastecer 32,8 milhões de famílias por mês.

É equivalente a 3,81% da capacidade máxima de armazenamento no subsistema Sudeste/Centro-Oeste, considerados os principais por responderem por 70% da capacidade de armazenamento total do país – com destaque para os reservatórios da bacia hidrográfica do Rio Paraná, e seus afluentes Paranaíba, Grande, Tietê e Paranapanema.

Maioria dos brasileiros percebe aumento na conta de luz

A energia elétrica foi a segunda maior responsável pela inflação em 2021, respondendo por 21,21% do impacto (0,98 p.p) no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que fechou o ano em 10,06%, de acordo com o IBGE.

Pesquisa publicada pelo Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria) – e encomendada pelo Instituto Clima e Sociedade (iCS) –, mostra que o gasto com energia aumentou para 60% dos brasileiros e 90% notaram o aumento na conta de luz. Quase nove entre dez consumidores temem novos aumentos no preço da energia em 2022.

Das 2002 pessoas entrevistadas, 71% afirmam não ter tomado conhecimento sobre as propostas do Planalto para a redução voluntária no consumo.

Ao passo que 79% afirmou já ter ouvido falar falar da crise hídrica e 68% da crise energética. 

Dentre os principais responsáveis pelos aumentos, foram apontados o governo federal (47%) e os governos estaduais (43%, com destaque no Sudeste), seguidos pelas empresas de energia (32%, com destaque no Norte) e as usinas hidrelétricas (20%).

A grande maioria dos entrevistados (70%) considera que houve descaso do governo federal no enfrentamento da crise hídrica e 36% não acreditam na sua capacidade de combater a crise hídrica.

Cerca de oito em cada dez (79%) consideram as propostas do presidente Jair Bolsonaro insuficientes para reduzir o consumo de energia no país, sendo que quase a metade (48%) avalia negativamente tais propostas.

Além disso, 76% acreditam que a conta de luz vai aumentar ano que vem, sendo que 51% acham que vai “aumentar muito”.

Três em cada quatro brasileiros (75%) acham que o custo da energia vai elevar os preços dos produtos básicos. No Nordeste, o índice chega a 81%.

Por fim, 90% dos entrevistados se preocupam com a possibilidade de racionamento ou de apagões no futuro próximo e 70% se dizem muito preocupados.

Segundo especialistas, a próxima gestão do governo federal a partir do ano que vem terá de lidar com aumento da tarifa de energia elétrica, após contratações feitas para garantir o suprimento durante a crise hídrica de 2021.

E terá que enfrentar questões de revisão do setor elétrico, caso queira buscar soluções estruturais para as contas mais caras.