A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) adicionou um cenário no Plano Decenal de Energia (PDE) 2029 considerando ganhos de competitividade que podem elevar a participação do gás natural na oferta interna de energia do país, elevando em R$ 43 bilhões a demanda projetada por investimentos.
No cenário de referência, apresentado em novembro do ano passado, a EPE calculava que a nova infraestrutura de gás demandaria R$ 18 bilhões em dez anos. Considerando um cenário de redução de preços, que permita o maior uso do energético na geração de energia e, especialmente, na indústria, a projeção de investimentos sobe para R$ 61 bilhões.
“Trouxemos algumas sensibilidades adicionais de expansão termoelétrica, demanda de gás, à luz de potenciais ganhos de competitividade do preço de gás, ao longo dos próximos anos”, explicou o presidente da EPE, Thiago Barral. O PDE 2029 completo será publicado nesta quarta (12).
Considerando apenas o cenário de referência, a expansão da demanda não-termelétrica de gás é estimada em 8,8 milhões de m³/dia, para 66,5 milhões de m³/dia, em 2029, um crescimento de 15% em relação ao ano passado, quando foram consumidos 57,7 milhões de m³/dia em média.
Se as políticas previstas no Novo Mercado de Gás tiverem o efeito desejado, a EPE adiciona 16,8 milhões de m³/dia, totalizando 83,3 milhões de m³/dia. Para processar e movimentar esse gás adicional, são estimados aportes de cerca de R$ 42 bilhões. Outro R$ 1 bilhão é projetado para a instalação de terminais de GNL.
Oferta nacional lidera crescimento da nova demanda
A indicação da EPE é de que boa parte dos investimentos em infraestrutura de gás serão necessários para transferir a produção de campos marítimos para a costa. O Plano Indicativo de Processamento e Escoamento de Gás Natural (PIPE), elaborado pela empresa de pesquisa, identificou cinco rotas potenciais, três delas – as Rotas 4, 5 e 6 – nas bacias de Campos e Santos, onde estão os ativos do pré-sal.
Como a EPE considera alternativas para cada rota, o investimento total varia entre R$ 10,4 bilhões e 12,6 bilhões, para levar mais gás natural dessas regiões para Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo.
Há potencial para ampliação dessas rotas também na Bacia do Espírito Santo, com aporte estimado em R$ 3,1 bilhões, e na Bacia de Sergipe-Alagoas, futuro polo produtor (e atual importador) de gás natural, com investimento da ordem de R$ 3 bilhões. As rotas estão detalhadas na apresentação do MME (.pdf).
Ao todo, os setores de petróleo, gás natural e biocombustíveis devem receber R$ 1,9 trilhão em investimentos até 2029 no Brasil. A maior parte dos recursos, R$ 1,73 trilhão, é aguardada na área de exploração e produção. O segundo maior volume de investimentos deve ser aportado em biocombustíveis, um montante estimado em R$ 71 bilhões. Já o setor de abastecimento deve receber R$ 37 bilhões em investimentos.
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