Leilões

Comissão da Câmara adia votação da PEC do rateio da cessão onerosa

Comissão da Câmara adia votação da PEC do rateio da cessão onerosa

Com informação da Câmara dos Deputados e do Senado Federal
Atualizada às 16:50

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados adiou para amanhã (2) a votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 152, o novo texto em que será discutido o rateio de parte do bônus da cessão onerosa entre estados e municípios.

O adiamento atende ao deputado Áureo Ribeiro (Solidariedade/RJ), que solicitou mais um dia para concluir seu relatório. “Não haverá prejuízo dos prazos”, garantiu o presidente da comissão Felipe Francischini (PSL/PR).

Maia minimiza disputa por rateio
“Nós tomamos uma decisão muito importante, que foi garantir o leilão. Só estamos discutindo recursos porque haverá leilão. Sem essa promulgação, o leilão teria sido cancelado”, afirmou o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM/RJ), nesta terça (1º).

Ele minimizou eventuais polêmicas na distribuição de recursos. “Vai ter algum conflito, mas essa é a parte menos relevante, toda a parte mais relevante é consensual na Câmara e no Senado”.

A proposta precisa ser votada na CCJ antes de ser encaminhada para a comissão especial. Após o prazo de dez sessões – para emendas na comissão –, a proposta poderá ser votada no colegiado e no Plenário.

“Para que isso aconteça, os governadores têm de garantir quórum na segunda e na sexta-feira”, disse Maia.

O presidente Davi Alcolumbre (DEM/AP) está pressionando os deputados a manter o que foi decidido — rateio de 30% para estados e municípios por meio dos fundos de participação (FPE e FPM) e R$ 2,2 bilhões adicionais para o Rio de Janeiro.

Governadores do Norte e Nordeste também tentam manter o rateio acertado no Senado. Matéria do Estadão mostra que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM/RJ) se reuniu na madrugada desta terça (1º) com João Azevêdo (PSB), da Paraíba, Wellington Dias (PT), do Piauí, Fátima Bezerra (PT), do Rio Grande do Norte e Waldez Góes (PDT) do Amapá.

Para o governo federal, a discussão do rateio não vai impactar o cronograma do leilão, marcado para 6 de novembro. Ainda é preciso aprovar um projeto de lei do Congresso Nacional (PLN) para autorizar o governo a realizar o pagamento para a Petrobras do reajuste do contrato da cessão, no valor de US$ 9 bilhões.

Na semana passada, após um acordo que envolveu o ministro da Economia, Paulo Guedes, Davi Alcolumbre e Rodrigo Maia, a PEC original da cessão foi promulgada em parte, alterando o teto de gastos e garantindo a participação dos estados e municípios no resultado do leilão. A nova PEC vai definir a fórmula do rateio.

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Linha do tempo
2018 — Governo Temer tenta aprovar as medidas necessárias para realização do leilão dos excedentes da cessão onerosa. Durante a transição do governo Bolsonaro, contudo, Paulo Guedes coloca em pauta a possibilidade de ratear o bônus com os estados, parte da campanha “mais Brasil, menos Brasília”. Tramitação é interrompida e recomeça em 2019.

abril/2019 — CNPE aprova aditivo do contrato original da cessão onerosa e pagamento de US$ 9 bilhões para a Petrobras. Fica decidido que recursos sairá do bônus de assinatura, mas não há previsão orçamentária. Junto com a promessa de ratear o bônus com os estados, consolida-se a necessidade de uma nova PEC.

junho/2019 — Câmara aprova PEC da cessão, mas sem discutir rateio do bônus. Responsabilidade fica com o Senado, onde Cid Gomes (PDT/CE) assume a relatoria do projeto e chega a um “consenso” — divisão pelas regras dos fundos de participação dos estados (FPE) e municípios (FMP). Agrada estados menores, notadamente bancadas do Norte e Nordeste.

setembro/2019 — Na data limite, 6 de setembro, CNPE promove novas alterações nas regras do leilão e ANP publica edital. Foi costurado acordo com o TCU para antecipar demandas do tribunal — que precisa aprovar o leilão.

— Senado aprova, em dois turnos e por unanimidade, relatório de Cid Gomes. Rio de Janeiro garante, no dia da votação, recursos adicionais de R$ 2,2 bilhões. Texto passa com votos favoráveis, mas sob críticas, em especial da bancada de São Paulo.

— Paulo Guedes, Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre chegam a acordo para desmembrar a PEC 98 e promulgar o trecho que autoriza a União a dividir parte dos bônus para estados e municípios. Fórmula de rateio será discutida em novo texto. Congresso Nacional ainda precisa aprovar PLN para autorizar pagamento de US$ 9 bilhões à Petrobras, pela revisão do contrato da cessão onerosa.

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As contas do rateio
O que já foi: 30% a 40% para estados e municípios, que representariam um aporte de até R$ 42 bilhões nas contas dos entes federativos.

Como está: primeiro a União paga os US$ 9 bilhões à Petrobras (cerca de R$ 36 bilhões). Dos cerca de R$ 70 bilhões restantes, 30% são distribuídos entre estados e municípios por meio dos FPE e FPM. Rio de Janeiro, o produtor, ganha adicional de 3%, faturando um extra de R$ 2,2 bilhões. Todos os valores levam em conta a contratação das quatro áreas a serem ofertadas — Atapu, Búzios, Itapu e Sépia.

O que é discutido: novos incrementos no rateio, sem mudar a parcela destinada a distribuição pelas regras do FPE e FPM, para atender a demandas dos estados mais ricos. Fala-se em um adicional de R$ 4 bilhões, a ser distribuído tendo como base a compensação pela desoneração de ICMS sobre exportações. Deputados também discutem aumentar a parcela, exclusivamente para os municípios.

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