Foi aberta a temporada de especulações para a sucessão do ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, que deixará o comando da pasta para disputar o governo de Pernambuco, seu estado natal. Coelho Filho deve se desincompatibilizar do cargo no começo de abril, como manda a lei eleitoral.
Antes, deve encaminhar os projetos de revisão do setor elétrico e a privatização da Eletrobrás no Legislativo e também a revisão da cessão onerosa (o maior desafio da sua pasta para 2018), o leilão do excedente da cessão onerosa, a 15a rodada e o 4o leilão do pré-sal, agendados para março e junho, respectivamente.
A decisão de quem vai comandar o MME a partir de abril, é claro, cabe ao presidente da República, Michel Temer. Muitos analistas acreditam que a aprovação da Reforma da Previdência pode entrar como moeda de troca nessa escolha. Outros apostam na manutenção de uma estrutura técnica para garantir a continuidade dos trabalhos que estão sendo feitos hoje pela pasta.
Nos bastidores há movimentação de partidos políticos para tentar ocupar a área. O próprio PMDB do presidente Michel Temer, que são vários partidos, diga-se de passagem, já reivindicou mais espaço no governo. O partido comandou a área de energia durante os anos Lula e Dilma Rousseff, tendo o senador Edison Lobão (PMDB/MA) com o ministro de Minas e Energia que por mais tempo comandou a área.
Veja quem são os candidatos naturais ao cargo:
Paulo Pedrosa
O secretário-executivo do MME é o candidato natural ao cargo por ocupar a área que é conhecida como o vice-ministério. Tem o apoio de parte do setor elétrico, sobretudo dos grandes consumidores de energia. Foi presidente da Associação dos Grandes Consumidores de Energia (Abrace) antes de assumir a secretaria-executiva.
Pedrosa esteve envolvido em novembro do ano passado em uma polêmica depois que uma reportagem do jornal inglês The Guardian indicou uma reunião com o ministro de Comércio britânico, Greg Hands, como uma ação de lobby a favor de petroleiras inglesas como Shell, BP e Premier Oil. Pedrosa confirmou o encontro e disse que foi apenas uma reunião normal entre representantes de dois países.
Márcio Félix
O secretário de Petróleo e Gás do MME é candidato por conta das mudanças feitas no setor de petróleo e gás no país. Além do fim da operação única da Petrobras no pré-sal, apoiada pelo secretário e pela própria empresa e que destravou os leilões de partilha da produção, o secretário conseguiu instituir no país um calendário de médio prazo para leilões de blocos exploratórios, pleito antigo da indústria petroleira. Fez mudanças também no setor de biocombustíveis, com a criação do Programa RenovaBio, que agora está em fase de regulamentação pela ANP.
Félix conta com apoio de grande parte da indústria do petróleo e gás no país, sobretudo as petroleiras e as empresas produtoras de biocombustíveis. É apoiado inclusive pela Petrobras. Já recebeu também o apoio público para o cargo do governador do Espírito Santo, Paulo Hartung, de quem já foi secretário de Estado.
Fábio Alves
O atual secretário de Energia Elétrica do MME, Fábio Alves, também está na disputa pelo cargo. É um defensor da privatização da Eletrobrás e tem se colocado pessoalmente contra o projeto do senador Heráclito Fortes (PSB-PI) de instituir a cobrança de royalties para produção de energia eólica. Alves é considerado um nome extremamente técnico, que tem bom trânsito com o próprio ministro de Minas e Energia.