RIO – O preço do gás natural necessário para viabilizar novas fábricas de fertilizantes nitrogenados, no Brasil, pode variar de US$ 3 a US$ 9 o milhão de BTU, a depender das condições do mercado e tamanho do investimento, dentre outros fatores, de acordo com estudo da Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
A estatal do planejamento energético destaca que essa faixa de preços é “substancialmente inferior” ao preço praticado ao consumidor industrial (US$ 19 o milhão de BTU), no Brasil; e ao valor cobrado pela Petrobras junto às distribuidoras (de US$ 12 o milhão de BTU), segundo os dados mais atualizados do Ministério de Minas e Energia, de junho.
“Caso a dependência internacional no mercado de fertilizantes seja considerada elemento crítico para as estratégias nacionais, pode ser necessário o desenvolvimento de políticas públicas para viabilização de empreendimentos”, conclui a análise de viabilidade publicada pela EPE.
Preços mais competitivos para o gás, em especial para o gás usado como matéria-prima, são uma das promessas do governo, nas discussões do programa Gás para Empregar.
E é um pleito da Coalizão pela Competitividade Gás Natural – uma reunião, não homogênea, de grupos empresariais liderados pela Associação Brasileira de Engenharia Industrial (Abemi) e que defende uma política nacional para o gás a preços competitivos, em especial, mas não somente, para fertilizantes e setor químico.
De acordo com a EPE, a análise de fluxo de caixa simplificado sugere que os preços atuais do gás no Brasil, quando comparados aos preços praticados pelos principais fornecedores de fertilizantes, podem representar um desafio para o desenvolvimento econômico de fafens no país.
A EPE chegou ao número a partir de uma série de simulações e diferentes parâmetros do fluxo de caixa de um projeto greenfield que consuma o gás natural como matéria-prima para produção de ureia.
A análise de sensibilidade leva em conta três principais parâmetros: o preço da ureia (de US$ 299 a US$ 359 a tonelada); o investimento total (de US$ 1,5 bilhão a US$ 1,9 bilhão); e a taxa de desconto do fluxo de caixa do projeto (6% a 14%).
A EPE usou como referência o projeto de Três Lagoas (MS), que possui uma capacidade de produção de 2.200 toneladas/dia de amônia; 3.600 toneladas/dia de ureia; e que consumirá 2,24 milhões de m3/dia de gás natural.
Dentro das 75 simulações da EPE, no cruzamento desses parâmetros, em quase 70% dos casos o preço do gás necessário para viabilizar o empreendimento variou na faixa entre US$ 3 e US$ 9 o milhão de BTU.
Confira o informe técnico da EPE, na íntegra (em .pdf)