A multinacional Qair Brasil assinou nesta terça (6) um memorando de entendimento com o Governo do Ceará para o desenvolvimento de planta de produção de hidrogênio verde.
Conforme antecipado pela epbr, a usina vai fazer parte do Hub de Hidrogênio Verde, no Complexo Industrial e Portuário do Pecém e terá capacidade de 2.240 megawatts (MW) para produção de hidrogênio verde, por meio da eletrólise.
A empresa vai usar energia elétrica gerada no Complexo Eólico Marítimo Dragão do Mar e de um parque de energia eólica offshore.
O investimento total previsto é de US$ 6,95 bilhões, com geração de dois mil empregos durante a construção das plantas e 600 empregos diretos na operação dos projetos.
Além da Qair, outras três empresas já demonstraram interesse em instalar unidades de produção no hub: White Martins, Fortescue e Enegix. As duas últimas calculam investimentos somados de mais de US$ 10 bi.
Os projetos são direcionados à exportação.
“Estamos falando aqui do combustível do futuro, com a hidrólise da água somado com a energia solar, teremos o hidrogênio verde, uma energia limpa a ser exportada para Europa e outros países do mundo inteiro”, disse em nota o governador do estado, Camilo Santana.
Segundo o governador, a estratégia pode mudar o perfil de investimentos no Ceará, além de estimular a produção de energia renovável no interior.
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Hidrogênio verde e eólica offshore
O projeto da Qair Brasil prevê uma planta de geração eólica offshore com capacidade instalada de 1.216 GW, na plataforma de Acaraú-Ceará e uma planta de eletrólise com capacidade de 2.240 MW, para produção de aproximadamente 296 mil toneladas hidrogênio verde por ano.
A expectativa da empresa, com sede no Ceará, é produzir, armazenar, transportar e comercializará o combustível renovável já a partir de 2023.
Grande parte da energia necessária para a produção será fornecida por parques eólicos e solares da própria empresa instalados no Ceará, segundo o diretor de operações da companhia no Brasil, Gustavo Silva.
“A energia elétrica necessária para os projetos de hidrogênio verde serão provenientes, na sua maioria, dos projetos eólicos e solar fotovoltaicos do nosso portfólio. Entretanto, eventualmente, poderemos necessitar contratar energia no mercado”, disse à epbr em junho.
Atualmente, o portfólio de projetos em energia renovável da companhia conta com 8.000 a 9.000 MW no estado, sendo 5.000 MW em eólicas e de 3.000 a 4.000 MW em solar. Desses, 210 MW já se encontram em operação e outros 600 MW estão em construção.
O maior projeto é o de Acaraú, com capacidade inicial de 1.200 MW, podendo chegar a 2.400 MW, em parceria com a Vestas. O grupo francês pretende construir uma linha de transmissão ligando o parque até a usina de hidrogênio no Porto do Pecém.
Os planos incluem ainda o desenvolvimento de uma oferta de serviços adaptados para atender às necessidades de mobilidade pesada (caminhões, barcos e trens).
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Cenário promissor para o Brasil
A demanda de hidrogênio irá passar de 90 milhões de toneladas em 2020 para mais de 200 milhões de toneladas em 2030, calcula o cenário carbono zero traçado pela Agência Internacional de Energia (IEA, em inglês).
O estudo leva em conta a substituição do hidrogênio usado atualmente, feito a partir de combustíveis fósseis, por hidrogênio de baixo carbono — como o verde, produzido a partir da eletrólise com energia renovável.
E o cenário é promissor para o Brasil.
“O Brasil tem um enorme potencial para hidrogênio com baixo teor de carbono e já estamos vendo atores brasileiros assumindo papéis muito ativos no campo do hidrogênio verde”, disse Mechthild Wörsdörfer, diretora de sustentabilidade da IEA, durante o Fórum Ministerial do Diálogo em Alto Nível das Nações Unidas sobre Energia no mês passado.
Ela citou como exemplo a participação ativa do Porto do Pecém, no Ceará, na Coalizão Global de Portos de Hidrogênio (Global Hydrogen Ports Coalition) formada no mês passado, que pretende compartilhar informações para o desenvolvimento de projetos de hidrogênio ao redor do mundo.
O mercado também aguarda uma regulamentação para o setor.
Ainda este mês, o governo deve apresentar as diretrizes para o Programa Nacional do Hidrogênio.
A elaboração do programa foi aprovada em abril pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) e terá participação dos ministérios de Ciência e Tecnologia e Desenvolvimento Regional, além da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), sob a coordenação do Ministério de Minas e Energia.
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