RIO — Dos fósseis às energias renováveis, os planos de governo dos principais candidatos a governador do Rio Grande do Sul, na área de energia, passam pelas diferentes vocações gaúchas no setor.
Candidato à reeleição, o governador Eduardo Leite (PSDB) destaca, em seu programa, políticas de transição energética para fontes mais limpas.
Se reeleito, entre as prioridades do tucano estão: elaborar um inventário com balanço das emissões de gases do efeito estufa do estado; e efetivar políticas capazes de viabilizar a criação do mercado de hidrogênio verde.
Ele também menciona inovar na agenda ambiental a partir do estímulo à produção de energias limpas, apostando no potencial eólico, solar e biomassa; e, no campo, qualificar e ampliar os projetos de crédito para gerar energia solar e produzir biogás.
O Rio Grande do Sul é o terceiro maior consumidor de gasolina do Brasil. Abriga duas refinarias: a Refap, em Canoas, e a Riograndense, em Rio Grande — onde também se situa um polo naval. O RS possui, ainda, um polo petroquímico em Triunfo; é o maior produtor de biodiesel do país; possui a maior jazida de carvão mineral do Brasil, em Candiota; e, ao mesmo tempo, é dono do quinto maior parque gerador de eólicas.
Leite propõe, ainda, o uso do poder de compras do estado para contratação de energia limpa para as estruturas administrativas e cita, em seu plano, a regulamentação de um mercado de créditos de carbono.
O Rio Grande do Sul vem despertando o interesse de agentes do setor em projetos de geração eólica offshore. O estado é líder, hoje, em projetos do tipo em licenciamento no Ibama.
Principal oponente de Leite nas pesquisas eleitorais, Onyx Lorenzoni (PL) promete, em seu plano de governo, estimular a implantação de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) e termelétricas a gás natural, bem como pretende “manter e ampliar a exploração do carvão mineral, em face das novas tecnologias sustentáveis existentes”.
A indústria de carvão aposta no desenvolvimento de tecnologias de captura e armazenamento (CCUS), para se readaptar à descarbonização da economia.
Com apoio de Jair Bolsonaro (PL), de quem foi ministro-chefe da Casa Civil, ministro da Cidadania, ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência e ministro do Trabalho e Previdência, Lorenzoni cita, em seu programa, ainda, a implantação de sistema de energia solar para uso dos órgãos públicos estaduais. Na seção sobre agricultura, diz que apoiará o setor de biodiesel, mas não entra em detalhes.
Já o candidato petista Edegar Pretto promete, em parceria com um eventual governo Lula, retomar o desenvolvimento do polo naval do estado. O Estaleiro Rio Grande foi um dos pilares do projeto da Petrobras de construção das plataformas nacionais (as replicantes) durante os governos de Lula e Dilma Rousseff.
Com os atrasos na entrega dos cascos e com a crise da Engevix, pós-Lava Jato, a Petrobras transferiu as encomendas para estaleiros asiáticos e o setor naval entrou novamente em decadência no país.
Pretto também promete “investigar a fundo” a venda da CEEE. Durante o governo Leite, foram privatizados os braços de distribuição, transmissão e geração da estatal gaúcha de energia, bem como a distribuidora de gás canalizado (a Sulgás).
O plano de governo do candidato petista cita ainda o desenvolvimento de “programas de transição energética, geração de empregos verdes” e estímulo às renováveis”. E promete atualizar e regulamentar a Política Gaúcha sobre Mudanças Climáticas, “imprimindo urgência, efetivando ações concretas de reversão dos fatores causadores”, como o uso de energias alternativas e de equipamentos de baixo consumo energético.
Luis Carlos Heinze (PP), por sua vez, cita a dependência dos gaúchos da importação de energia de outros estados e países, o que contribui para um custo elevado e para a perda de competitividade da indústria local.
O candidato promete trabalhar pela construção de novas usinas e linhas de transmissão no Rio Grande do Sul; e criar estímulos (fiscais e de financiamento) para a geração de energia a partir de fontes renováveis.
A agência epbr utilizou, como referência, os planos de governo registrados pelos candidatos no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). E toma, como linha de corte, candidatos com mais de 5% nas intenções de voto ao governo estadual, de acordo com pesquisa mais recente do Ipec.