Os projetos de eólicas offshore na costa do estado do Rio de Janeiro são “excelentes candidatos” a avançar rápido no desenvolvimento desse setor no país, na visão do CEO global da Ocean Winds (OW), Bautista Sánchez. A companhia, joint venture entre a Engie e a EDP Renováveis, assinou nesta quinta-feira (14/9) um memorando de entendimentos com o governo do estado para atuação conjunta no avanço do segmento.
Segundo o executivo, o objetivo do acordo é colaborar nas premissas necessárias para a implantação dos parques de geração eólica offshore na costa fluminense. “É um valor diferencial muito positivo o fato de o estado do Rio ser pioneiro”, disse.
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Em julho, o governo fluminense criou um grupo de trabalho para desenvolver um projeto piloto para testar a viabilidade da implantação de eólicas offshore na costa. O secretário de estado de Energia e Economia do Mar, Hugo Leal, lembrou que a OW pode contribuir nesse projeto junto a outras empresas presentes no estado.
“Não queremos abrir mão da Petrobras, mas queremos contar também com outras parceiras”, afirmou.
O estado do Rio aposta na experiência acumulada no setor de petróleo e gás como um diferencial competitivo para o desenvolvimento das eólicas offshore na costa fluminense, dada a semelhança entre as cadeias de fornecimento de ambas as indústrias.
“Nós perdemos um pouco de tempo na área de renováveis, o Nordeste avançou muito, mas acho que as eólicas offshore trazem o Rio de Janeiro de volta ao centro da cena”, disse o governador em exercício, Thiago Pampolha, durante o evento de assinatura do acordo com a OW.
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Avanço depende da regulação
O CEO da OW ressaltou, no entanto, que a questão mais importante para o avanço do setor no país hoje é a aprovação do mercado regulatório.
“Temos a esperança de que nos próximos meses essa regulação específica para o setor offshore no Brasil seja uma realidade”, disse a jornalistas.
Esta semana, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que está articulando no Congresso Nacional a aprovação do projeto de lei 576/2021, que trata da geração eólica offshore. Há expectativa no mercado de que a aprovação ocorra até o final deste ano.
Na visão de Bautista, é possível ter projetos em operação no país em 2030, a depender do momento da aprovação do marco legal. A OW protocolou no Ibama pedidos de licenciamento para 15 projetos no Piauí, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, num total de 15 gigawatts (GW).
A empresa tem projetos em operação em Portugal, Bélgica e Reino Unido, além de parques em desenvolvimento na França, Polônia, Estados Unidos e Coreia do Sul. Ao fim de 2022, a companhia tinha 16,6 GW em capacidade de geração mundial somando projetos em operação, já contratados e com direitos de conexão à rede.
Condições naturais e econômicas vão ditar custos
Ao citar a vocação do Rio para o setor, Bautista ressaltou para o sucesso dos projetos de eólicas offshore é necessário combinar condições naturais, como o subsolo marítimo e a quantidade de horas efetivas de vento, com a situação econômica de cada região, o que inclui questões como infraestrutura, experiência industrial e mão-de-obra qualificada de indústrias similares, como do setor de petróleo.
“É difícil existir um único projeto que tenha o melhor recurso eólico, o melhor subsolo, a melhor cadeia de suprimentos, a melhor proximidade com a interconexão à rede e maior consumo local para absorver essa energia. Isso não existe. O inteligente é saber valorar os pontos mais fortes e tratar de mitigar alguma desvantagem em cada caso”, disse.
Para o executivo, a colaboração entre governos locais, portos e investidores vai ser fundamental para desenvolver as eólicas offshore no país. Esta semana, a Ocean Winds também assinou um memorando de entendimentos com a Prumo Logística, controladora do Porto do Açu (RJ), para colaboração nesse segmento.
Bautista apontou que um dos pontos relevantes para a definição dos custos finais dos projetos são características do porto escolhido como base, assim como características geofísicas e técnicas do solo dos locais escolhidos para as plantas. Um custo entre R$ 13 bilhões e R$ 16 bilhões por gigawatt desenvolvido “é uma boa referência”, na visão do executivo, que ressalta que há potencial para redução de custos com o avanço global dessa indústria.
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A respeito da destinação da energia elétrica gerada nas eólicas no mar, o executivo afirma que “todas as opções são possíveis e válidas”, incluindo a possibilidade de injeção na rede e o fechamento de contratos (power purchase agreements) específicos para suprimento de empresas ou produção de hidrogênio verde. A opção escolhida vai depender da análise de mercado, das condições regulatórias e da solução que faça mais sentido para a região e o momento, explica.
Bautista aponta que a produção de hidrogênio vai ser um vetor fundamental para o desenvolvimento das eólicas offshore no mundo, mas lembrou que ainda não existem acordos assinados para a venda da energia eólica gerada no mar para esse fim.
“O hidrogênio tem todas as condições para ser um combustível para transporte pesado, porque não emite carbono e tem tecnologia disponível. Quando o consumo de hidrogênio verde começar a crescer, a necessidade de geração de energia renovável em muitos países vai ser maior do que a demanda atual”, disse.