Projeção de aquecimento do planeta melhorou 0,2ºC desde anúncios da Cúpula do Clima

Emissões de CO2 relacionadas à energia caminham para o segundo maior aumento de todos os tempos, diz IEA
Imagem de digifly840 por Pixabay

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Diálogos da Transição

eixos.com.br | 11/05/21
Apresentada por

Editada por Nayara Machado
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Os anúncios dos países na Cúpula de Líderes sobre o Clima, convocada por Joe Biden no final de abril, melhoraram em 0,2 °C a estimativa de aquecimento global do Climate Action Tracker (CAT) — iniciativa de análise científica independente, que rastreia a ação climática dos governos.

Somados os compromissos de descarbonização divulgados desde setembro do ano passado, a projeção é que o aquecimento do planeta até o fim do século fique em 2,4 °C – ainda distante do objetivo do Acordo de Paris de limitar a elevação de temperatura a 1,5 ˚C.

De acordo com relatório do CAT (.pdf), 131 países, cobrindo 73% das emissões globais de gases de efeito estufa adotaram ou estão considerando metas líquidas de zero.

“No entanto, são as atualizações das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) para 2030 que mais contribuem para a queda no aquecimento projetado, destacando a importância de metas mais fortes de curto prazo”, dizem os cientistas do CAT.

A organização reforça que as atualizações das NDCs precisam continuar até novembro, quando acontece a COP26 em Glasgow.

“A lacuna de emissões em 2030 entre os compromissos e metas de Paris e os caminhos compatíveis com 1,5 °C diminuiu em cerca de 11-14% (2,6-3,9 GtCO2e). Essa lacuna de emissões precisa ser eliminada com mais atualizações de NDCs este ano”.

O Brasil está entre os países que precisam repensar sua NDC.

Embora Jair Bolsonaro (sem partido) tenha anunciado a antecipação da meta de descarbonização para 2050, ambientalistas indicam que a meta intermediária apresentada no ano passado eleva as emissões líquidas para 1,76 bilhão de toneladas em 2025 e 1,6 bilhão em 2030.

Caminhos específicos para os setores elétrico, de transportes, indústria e construção serão estratégicos para descarbonizar economias.

Duas áreas com tendências promissoras nos últimos anos, segundo o CAT, são as energias renováveis e os veículos elétricos.

Já como “de grande preocupação”, o levantamento destaca os planos persistentes de alguns governos para construir novas infraestruturas incompatíveis com os objetivos de Paris, como novas usinas a carvão, aumento do consumo de gás natural como fonte de eletricidade, e manutenção de veículos ineficientes na frota.

Energia nuclear nos planos de descarbonização de Biden

Desde que assumiu a presidência dos Estados Unidos, Joe Biden tem anunciado planos de investimentos para colocar o país na liderança das iniciativas e discussões climáticas.

Projeto tem como foco uma “revolução de energia limpa” capaz de criar empregos bem remunerados e alavancar a economia, e inclui investimentos em mobilidade elétrica ao passo em que retira financiamentos públicos para energias fósseis.

Neste cenário, a energia nuclear caminha para fazer parte da proposta de Biden para infraestrutura, apesar de questionamentos de ambientalistas sobre a sustentabilidade da fonte.

De acordo com a Bloomberg, funcionários da Casa Branca disseram a apoiadores da indústria e do Congresso que gostariam de ver um crédito fiscal para geração nuclear incluído no pacote de US$ 2,25 trilhões proposto em março.

O apoio vem em um momento em que a indústria, que fornece cerca de 19% da eletricidade do país, foi afetada por uma onda de fechamentos de reatores enquanto luta para competir com a eletricidade produzida a partir do gás natural.

A energia nuclear foi citada pelo menos duas vezes nas estratégias divulgadas por Biden na Cúpula do Clima:

  • “Os Estados Unidos estabeleceram uma meta de atingir 100 por cento da eletricidade livre de poluição de carbono até 2035, o que pode ser alcançado por meio de vários caminhos de baixo custo (…) aproveitando o potencial de energia livre de poluição de carbono de usinas elétricas adaptadas com captura de carbono e nuclear existente

  • “Os Estados Unidos podem lidar com a poluição por carbono de processos industriais apoiando a captura de carbono, bem como novas fontes de hidrogênio – produzido a partir de energia renovável, energia nuclear ou resíduos – para alimentar instalações industriais. O governo pode usar seu poder de compras para apoiar os primeiros mercados para esses produtos industriais de baixo e zero carbono”.

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Alemanha antecipa neutralidade de carbono para 2045

Uma semana após ser condenado na Justiça pela insuficiência de seus compromissos climáticos, o governo da Alemanha antecipou, na semana passada, sua meta de emissões líquidas zero.

O país pretende agora cortar suas emissões de carbono em 65% até 2030, dez pontos percentuais a mais que a meta anterior, e alcançar a neutralidade do carbono em 2045, cinco anos antes do previsto.

Para que isso aconteça, a Alemanha terá que eliminar o carvão até o final da década – oito anos antes do planejado – ao mesmo tempo em que aumenta para 70% a participação de renováveis na matriz energética.

De acordo com o think tank Agora Energiewende, as vendas de novos carros a gasolina e diesel terão que ser encerradas até 2032.

E a quantidade de eletricidade gerada terá que dobrar para abastecer veículos e alimentar a produção de hidrogênio verde.

Também terá que fazer algo que resistiu no passado: implantar tecnologia de captura de carbono em grande escala e enterrar até 73 milhões de toneladas de dióxido de carbono anualmente até 2045, estima o Agora Energiewende.

Curtas

Mais de uma dezena de empresas formam força-tarefa para apoiar a aceleração da produção de hidrogênio como uma das ferramentas de descarbonização. A força-tarefa é presidida pelo CEO da Shell, Ben van Beurden e inclui representantes do Bank of America, bp, Cummins, Siemens Energy e Toyota Motor Europe, entre outros…

…Iniciativa pretende criar, antes da COP26 em novembro, um modelo para um ecossistema de hidrogênio que combine projetos em escala industrial de curto prazo e projetos de longo prazo em escala de utilidade. epbr

O presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, disse que o risco de greenwashing é uma das principais preocupações do banco no mercado de títulos ESG. “Precisamos ter certeza de que não temos [greenwashing] porque, se o fizermos, todos sofrerão com a reputação e você basicamente destruirá o mercado antes que ele nasça”, disse ao Financial Times.

O ambientalista britânico David Attenborough foi nomeado advogado do povo no combate às mudanças climáticas para representar o Reino Unido na COP26. Attenborough, de 95 anos, exortará os líderes em eventos ao longo dos próximos seis meses a colocarem o clima e a proteção da natureza no topo de suas agendas. Istoé Dinheiro

O diretor-geral da Confederação da Indústria Britânica (CBI), Tony Danker, disse nesta segunda (10) que sem ação comercial, o caminho para emissões líquidas zero permanecerá indefinido. Ele acredita que as empresas terão um papel fundamental na descoberta de como fazer a transição econômica e social para um mundo descarbonizado. E o G7 deve ser protagonista neste sentido. epbr

A Intel quer atrair mais mulheres e mais diversidade para o mundo da computação e tecnologia da informação. A companhia tem metas globais de elevar a presença de mulheres em cargos técnicos para 40% e dobrar o número de mulheres e minorias sub-representadas em cargos de liderança sênior até 2030. epbr

As universidades federais de Minas Gerais (UFMG) e de Viçosa (UFV) esperam receber, até o fim de junho, a conclusão das instalações de usinas fotovoltaicas para o abastecimento de seus campi. A previsão é de que o uso de energia solar vá representar uma economia de quase meio milhão de reais por ano aos cofres públicos. epbr

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