Energia

Programa paulista para o hidrogênio deve incentivar reforma do etanol e biogás

Governo estadual lançou pacote de R$ 500 milhões para projetos de descarbonização, incluindo melhorias no ambiente regulatório do hidrogênio de baixo carbono

Programa paulista para o hidrogênio deve incentivar reforma do etanol e biogás. Na imagem: Secretária de estadual de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, Natália Resende (Foto: Rogério Cassimiro/Governo de SP)
Secretária de estadual de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, Natália Resende (Foto: Rogério Cassimiro/Governo de SP)

BRASÍLIA – O programa Hidrogênio de Baixo Carbono desenhado pelo estado de São Paulo terá iniciativas para melhorar o ambiente regulatório, e deve abordar o potencial paulista para diferentes rotas de produção, disse nesta quinta (22/6) a secretária de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de SP (Semil), Natália Resende.

Em fase de elaboração, a política pretende fomentar demanda, produção, pesquisa, desenvolvimento e inovação do mercado de tanto do hidrogênio verde, obtido a partir da eletrólise da água, quanto do obtido a partir da biomassa.

De acordo com Resende, o plano energético “olha as particularidades de São Paulo e olha o futuro até 2050”.

Durante um seminário sobre o potencial do hidrogênio de baixo carbono em São Paulo, o governo estadual lançou um pacote de medidas que prevê R$ 500 milhões para projetos de descarbonização e transição energética nos municípios paulistas. O financiamento será realizado por meio do programa Desenvolve SP.

O objetivo é criar uma “rota verde paulista”, viabilizando iniciativas com foco na redução das emissões de carbono, principalmente em cadeias produtivas – da produção à exportação.

Para isso, o pacote conta com a criação de um hub com especialistas para avaliação, assessoramento e apoio para a recepção dos projetos desenhados para a descarbonização dos processos produtivos.

Além de programas municipais e estaduais voltados à transição limpa, o crédito será direcionado para startups de inovação tecnológica e projetos que fomentem o setor sucroenergético, em especial, a produção de biogás.

O governo tem 21 projetos mapeados para transição energética no estado, que somam investimentos privados de R$ 16,8 bilhões nos próximos anos.

Em maio deste ano, a Semil apresentou as diretrizes do Plano Estadual de Energia 2050, que prevê incentivos a projetos que levem à redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE).

“São 12 ações concatenadas, por exemplo, em biomassa, hidrogênio, disponibilidade hídrica e em olhar o meio ambiente como um todo para fazer estímulos ao mercado”, explicou a secretária.

Hidrogênio de etanol e biogás

Mariana Espécie, diretora do departamento de Transição Energética do Ministério de Minas e Energia (MME), destacou as oportunidades do estado, que concentra centros tecnológicos de pesquisa e desenvolvimento, e pode ser um expressivo produtor de hidrogênio a partir da reforma do etanol.

“Estamos falando de tecnologias que ainda carecem de muita maturidade tecnológica e ganhos de escala de produção comercial e o estado de São Paulo reúne os principais centros de pesquisa”, disse.

“São Paulo é um ator especial na composição da produção de hidrogênio a partir da reforma do etanol. É um estado que tem muita produção desse recurso energético. Existem outras fontes também, como a produção a partir de eletrólise, de geração solar e fotovoltaica e hidrelétrica”, acrescentou.

Shell, Raízen, Hytron, Universidade de São Paulo (USP) e Senai CETIQT já estão investindo em plantas dedicadas à produção de hidrogênio a partir do etanol, e vão testar o combustível em um ônibus que circula na Cidade Universitária.

Frotas sustentáveis

Outro projeto no pacote de medidas é o ProVeículo Verde, da Secretaria de Fazenda e Planejamento de SP.

É direcionado aos fabricantes de veículos automotores que possuem iniciativas de menor impacto ambiental, ou seja, atuam na produção de híbridos, híbridos plug-in, elétricos a bateria, elétricos a célula de combustível, veículos movidos a biocombustíveis, hidrogênio e outras fontes renováveis.

A cidade de São Paulo, por exemplo, tem como objetivo, a partir de 2024, ter uma frota de 2,6 mil ônibus elétricos para o transporte público.

Atualmente, cerca de 1/3 das emissões de gases de efeito estufa (GEE) oriundas de transportes movidos a diesel, na cidade, tem os ônibus municipais como uma das principais fontes.