RIO — A compra da Maha Energy Brasil pela PetroReconcavo, por US$ 138 milhões, é apenas a “primeira transação significativa” de movimento por vir de fusões e aquisições entre produtores independentes, afirmou nesta segunda-feira (27/2) o CEO da petroleira baiana, Marcelo Magalhães.
A expectativa, no setor, é de que o mercado de campos maduros passará por um movimento de consolidação.
Assista, na íntegra, a participação de Marcelo Magalhães no painel “C-Level – Investimento independente no Brasil”, na Semana Independente, evento da agência epbr.
A aquisição da Maha Energia do Brasil pela PetroReconcavo não é um caso isolado.
A própria Maha está renovando o seu portfólio no país: vendeu sua subsidiária, com seus ativos onshore, e, em paralelo, está comprando a DBO, por US$ 33,1 milhões — incorporando, assim, uma participação de 15% na 3R Offshore, subsidiária da 3R Petroleum que opera os campos offshore de Peroá e Papa-Terra.
Além disso, a PRIO incorporou as ações da Dommo (antiga OGX).
PetroReconcavo vê sinergias com Miranga
Com a aquisição da Maha, a PetroReconcavo incorpora, ao seu portfólio, os campos terrestres de Tartaruga (Sergipe) e Tiê (Recôncavo), além de blocos exploratórios na Bahia.
Os ativos somam uma produção de cerca de 2,5 mil barris/dia de óleo equivalente de petróleo e gás natural.
Magalhães destacou que o negócio guarda sinergias com a operação do Polo Miranga, adquirido pela PetroReconcavo junto à Petrobras, por US$ 220,1 milhões.
A PetroReconcavo foi a primeira empresa a comprar campos maduros ofertados pela Petrobras, em 2019, ao arrematar o Polo Riacho da Forquilha, na Bacia Potiguar. Magalhães defende a manutenção do programa de venda de ativos da Petrobras, sob a gestão de Jean Paul Prates.
Oportunidades além da Petrobras
Nos últimos anos, o programa de desinvestimentos da Petrobras foi a principal oportunidade de aquisições de ativos pelas operadoras independentes.
Para a analista da Wood Mackenzie para a América Latina, Amanda Bandeira, contudo, a tendência é que outras oportunidades surjam fora do universo da Petrobras, à medida que os desinvestimentos da petroleira brasileira “caminham para o início do fim”.
Ela cita as oportunidades da gestão de portfólio das majors.. Nos últimos anos, grandes petroleiras globais se desfizeram de ativos menores no Brasil. São os casos:
- da bp e TotalEnergies, que venderam Wahoo para a PRIO;
- da Chevron, que se desfez de Papa Terra, para a Nova Técnica Energy (Caxes Energy e Shibah Energy);
Além delas, a Shell colocou à venda o Parque das Conchas, mas desistiu, posteriormente, da alienação.
Na avaliação de Bandeira, as operadoras independentes devem direcionar seus esforços nos próximos anos, num primeiro momento, na revitalização dos ativos já adquiridos e no desenvolvimento e monetização das reservas de gás natural. Esses dois pontos devem garantir mais caixa, para os movimentos seguintes:
“Para o futuro, acredito que a movimentação da atividade de M&A [fusões e aquisições] estará no radar nos próximos anos. Deve crescer o interesse de compra de outros ativos fora do universo Petrobras, num futuro até próximo. Outra alternativa para essas companhias deve ser seguir para a exploração”, comentou, ao participar da Semana Independente, evento virtual promovido pela agência epbr.
O presidente da EnP, Márcio Félix, também acredita que o mercado passará por uma consolidação nos próximos anos, mas pontua que há um limite para o crescimento via aquisições.
“Precisamos abrir novas frentes de exploração”, disse.
Desconcentração à vista
A Wood Mackenzie estima que as operadoras independentes que compraram ativos de exploração e produção da Petrobras vão investir US$ 10 bilhões nos projetos até 2027.
A previsão é que elas atinjam uma produção, no pico, de 485 mil barris diários em 2027, contribuindo para desconcentrar o mercado.
De acordo com as projeções da consultoria, as petroleiras independentes vão elevar dos atuais 5% para 9% a participação na produção total nacional.
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