RIO — Os produtores independentes defendem uma articulação maior entre os agentes da indústria de óleo e gás, junto ao novo governo Lula (PT), para garantir a continuidade da abertura do setor – em especial a venda de ativos da Petrobras e a diversificação do mercado de gás natural.
Os operadores independentes ampliaram a participação no setor de exploração e produção, nos últimos anos, a partir do programa de desinvestimentos da Petrobras – que, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), prometeu se desfazer de todos seus campos em terra e águas rasas.
Algumas das negociações, porém, não foram concluídas a tempo. Casos dos polos:
- Urucu (AM), cuja negociação com a Eneva foi cancelada pelas partes;
- e Bahia Terra, em negociação com PetroReconcavo/Eneva, mas cujo contrato ainda não foi assinado.
Outros ativos, como o Polo Potiguar – vendido à 3R Petroleum por US$ 1,38 bilhão – e o Polo Norte Capixaba – vendido para a Seacrest, por US$ 544 milhões – ainda estão pendentes de conclusão.
A indústria aguarda, agora, a posição do novo presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, sobre os desinvestimentos. A Federação Única dos Petroleiros (FUP), base de apoio do governo Lula, pressiona pela interrupção das vendas de ativos.
“Estamos num momento de transição, é muito importante que a sociedade entenda esses benefícios [dos investimentos dos novos operadores na revitalização dos campos maduros], que a indústria se articule para mostrar esse benefício, que possamos ter esse debate com o governo federal e a nova administração da Petrobras, para garantir a continuidade desse processo”, disse o CEO da PetroReconcavo, Marcelo Magalhães.
Assista, na íntegra, o painel “C-Level – Investimento independente no Brasil”, na Semana Independente, evento da agência epbr.
Para Magalhães, não cabe mais à Petrobras ser operadora de campos maduros e marginais no Nordeste – o que não quer dizer que ela deva sair do Nordeste.
“É justo que se cobre que esse valor [a ser investido pela Petrobras em renováveis, como sinaliza o novo comando da empresa] seja feito no Nordeste. Não só para gerar energia barata para exportações e para o Sudeste, mas possa gerar competitividade industrial no Nordeste”, comentou o CEO da PetroReconcavo.
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Félix defende agenda comum
O presidente da EnP e ex-secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Félix, defendeu que a indústria de óleo e gás precisa construir uma agenda comum, mais coesa, para garantir que não haja retrocessos na abertura do setor.
Segundo ele, a agenda dos diferentes elos da cadeia da indústria de óleo e gás é “muito dispersa”. “Acaba não tendo energia suficiente”, disse.
Félix acredita que a desconcentração da produção de óleo e gás é “irreversível”. Mas ainda há riscos, segundo ele, de “meia-trava” na abertura dos mercados de refino e gás natural – que impactam, ambos, os negócios dos produtores independentes.
“A preocupação maior, agora, é com o gás, como vai ser a abertura”, comentou.
Acesso à infraestrutura preocupa
Para o presidente da Origem Energia, Luiz Felipe Coutinho, a grande preocupação dos produtores de gás, hoje, é com o acesso às infraestruturas essenciais.
“Que não experimentemos um retrocesso [na abertura do setor], porque vai bater em custo de energia e isso bate em crescimento do país”, afirrmou.
O executivo entende que a abertura do gás dialoga com a agenda da reindustrialização prometida pelo governo.
Ao defender a manutenção da abertura, ele citou o fato de o gás onshore do Nordeste ser mais barato que o gás importado ou o gás nacional offshore – o que cria oportunidades para atração de indústrias para a região.
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