Biocombustíveis

Preço do CBIO ultrapassa os R$ 100

Demanda por créditos de descarbonização do RenovaBio cresce 160% no primeiro bimestre

Preço do CBIO ultrapassa os R$ 100
Os créditos chegaram a atingir R$ 101,50, maior cotação nominal desde o início das negociações, em junho de 2020. (foto: Senar/PR/Divulgação)

Os preços dos créditos de descarbonização (CBIO) do RenovaBio subiram 3,4% na semana encerrada em 4 de março, negociados a R$ 100,58 na média.

Os créditos chegaram a atingir R$ 101,50, maior cotação nominal desde o início das negociações, em junho de 2020.

O mercado está mais aquecido. Nos 40 primeiros dias úteis de 2022, foram comercializados 10,088 milhões de CBIOs, crescimento de 162% em relação ao mesmo período do ano passado, quando 3,848 milhões créditos foram vendidos.

Na semana encerrada em 4 de março, com menos dias de negociação em função do Carnaval, o volume negociado caiu pela metade, para 720 mil créditos.

Com a alta nos preços, os mais de dez milhões de CBIOs transacionados este ano movimentaram R$ 824 milhões, alta de 553% na comparação com 2021.

O CBIO é um crédito de descarbonização de compra obrigatória pelas distribuidoras de combustíveis. O rateio é proporcional à venda de derivados de petróleo.

A emissão dos CBIOs, por sua vez, é feita por produtores de combustíveis renováveis, como etanol (a principal fonte), biodiesel e biometano.

É um dos pilares do RenovaBio, programa de descarbonização do setor brasileiro de transportes. Pela metodologia do programa, cada CBIO corresponde a 1 tonelada equivalente de carbono.

A meta anual de compra das distribuidoras é de 35,98 milhões de CBIOs este ano, e foram emitidos 14,607 milhões até o momento, 40% da meta anual.

As distribuidoras precisam reter o crédito de descarbonização no fim dos ciclos anuais para comprovação das metas, etapa chamada de aposentadoria.

Antes disso, os CBIOs podem ser negociados no mercado de balcão da B3 e comprados por outros investidores, sem obrigação de descarbonização dentro do RenovaBio.

Reação à alta dos combustíveis

Nesta segunda (7/1), o estoque de CBIO de 14,607 milhões está 26,5% em poder de distribuidoras (obrigadas); e 13,5% com emissores. Partes não-obrigadas compraram 195 mil créditos (0,54% do estoque); e 196 mil (0,55%) foram aposentados.

Além do balanço de oferta e demanda, o preço do CBIO reage aos preços dos combustíveis, que vinham em uma trajetória de forte pressão inflacionária em 2021 (câmbio, estímulos e choques relacionados à covid-19).

O mercado agora está em uma nova fase de incerteza com a invasão da Rússia à Ucrânia.

Ainda que a Petrobras, principal fornecedora do mercado doméstico, não tenha feito o repasse da disparada no mercado internacional, o mix de preços dos derivados de petróleo é afetado pela participação minoritária de outras fontes — importações e refinarias privadas.

No mercado de curto prazo, o Brent é negociado acima dos US$ 120 por barril, mas chegou a tocar os US$ 140, enquanto o mercado acompanha o risco de um corte abrupto de suprimento por eventuais sanções à Rússia.

Países ocidentais tentam encontrar alternativas de compensação da oferta no curto prazo, caso o agravamento da crise na Ucrânia leve a uma posição mais dura contra Moscou.

Mesmo que o óleo russo não tenha sido oficialmente embargado — o que pode ocorrer nos próximos dias — há um forte movimento de empresas ocidentais de se retirar do país, além do bloqueio às movimentações financeiras que prejudicam transações com empresas da Rússia.