Preço do carbono na Europa mais que dobra e bate os 50 euros

Fábrica de polímeros do grupo Total / Foto:
Fábrica de polímeros do grupo Total / Foto:

Devido à adoção de políticas ambientais mais rígidas pela Europa, os contratos futuros de carbono bateram recorde no mercado da região, ultrapassando os 50 euros por tonelada, nesta terça (4).

O crédito no mercado europeu equivale a quase R$ 330 no câmbio atual.

O valor é mais que o dobro (+157%) do registrado há um ano, quando estava na casa dos 20 euros – nos primeiros meses de 2021, registrou aumento de mais de 50%.

A União Europeia (UE) se comprometeu a reduzir em 55% suas emissões líquidas de gases do efeito estufa (GEEs) até 2030, comparado aos níveis de 1990.

“O preço do carbono tem que chegar alto o suficiente para permitir que a União Europeia alcance zero líquido até 2050”, disse Mark Lewis, estrategista-chefe de sustentabilidade do BNP Paribas, à Reuters.

Para alcançar essa meta, indústrias, usinas de energia e companhias aéreas que operam na região precisam comprar no mercado de carbono “permissões” para emitir GEEs.

Sendo assim, a alta nos preços estimula que estas empresas poluidoras busquem soluções de descarbonização das suas atividades.

Do contrário, ficará ainda mais caro para quem emite grandes quantidades de CO2.

[sc name=”adrotate” ]

Crédito pode chegar a 75 euros

A expectativa é que a cotação dos contratos futuros de carbono continue subindo. O fundo de investimentos Northlander Commodity Advisors estima que pode chegar a 75 euros até o fim de 2021.

Representante da Eurofer, uma associação da indústria de aço da Europa, diz que essa elevação recorde do preço pode trazer problemas.

“Um é que nossos concorrentes globais não têm essas restrições de carbono. O segundo é que torna muito mais difícil investir nas novas tecnologias que serão necessárias para tornar possível a transição para o baixo carbono”, disse Charles de Lusignan.

A UE já anunciou que pretende criar um imposto de taxação de carbono a produtos importados, com o fim de proteger as indústrias europeias e gerar condições de comércio justas.

A ideia foi alvo de críticas do conselheiro para o clima dos Estados Unidos, John Kerry. Segundo ele, um imposto como esse traria sérias implicações para as relações comerciais.

“Eu acho que é algo que é mais um último recurso, quando você exauriu as possibilidades de obter reduções de emissões”, disse Kerry ao Financial Times.

[sc name=”newsletter” ]