Combustíveis e Bioenergia

Preço da gasolina segue defasado, diz Ativa Investimentos

Haveria espaço para aumentos e preço da gasolina permanece 5% defasado, apontam cálculos da corretora

Preço da gasolina segue defasado, diz Ativa Investimentos. Na imagem: Frentista segura bomba de abastecimento em posto de combustíveis, apontando o bico para a câmera; ao lado, um veículo preto (Foto: Divulgação Petrobras)
Cálculos da Ativa Investimentos apontam que ainda há espaço para aumentos e o preço da gasolina ainda está defasado em 5% (Foto: Divulgação Petrobras)

Após a elevação no preço da gasolina em 5% (cerca de R$ 0,15 por litro, de R$ 3,09 para R$ 3,24), anunciada pela Petrobras para hoje (12/1), cálculos da Ativa Investimentos apontam que ainda há espaço para aumentos e o preço da gasolina permance defasado em 5%.

 “As duas variáveis mais relevantes para o cálculo de defasagem são o câmbio e o preço do barril de petróleo no cenário internacional. [O barril] atingindo a máxima de US$ 83,93 na terça-feira (11), segue pressionando o preço da gasolina. O câmbio apreciou (cerca de 7,5%) e está cotado em R$ 5,61/U$S, fato importante que deixa um espaço para aumento de 5% no valor do combustível”, explica Guilherme Souza, economista da corretora.

  • Em 2 de dezembro, o Brent chegou a US$ 65,72 — valorizou quase 30% desde então.

Étore Sanchez (economista-chefe) afirma que a defasagem já foi incorporada nos cálculos de IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) e o aumento terá impacto nas bombas a partir dos próximos 15 dias.

“Nossa perspectiva para a inflação de fevereiro não sofrerá grandes alterações e seguimos esperando alta de 0,99%”, finaliza”.

A Petrobras havia reduzido os preços da gasolina em dez centavos (-3%) em 15 de dezembro. Os preços do diesel não eram alterados desde 26 de outubro de 2021.

Em dezembro, a Acelen acompanhou e reduziu os preços da gasolina entregue pela Refinaria de Mataripe, na Bahia.

Diesel também sofre aumento

O litro do diesel entregue pela Petrobras sobe de R$ 3,34 para R$ 3,61, alta de R$ 0,27 centavos (8,1%), após 77 dias sem alterar os preços do óleo diesel entregue nas refinarias.

“Esses ajustes são importantes para garantir que o mercado siga sendo suprido em bases econômicas e sem riscos de desabastecimento”, diz a empresa.

No sábado (8/1), o presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna (há nove meses no cargo) afirmou que a companhia “não pode fazer política pública” e reforçou em entrevista a O Estado de S. Paulo que o preço dos combustível é regulado pelo mercado.

Em relação ao período em que o preço do diesel ficou inalterado, o Brent ainda registra uma desvalorização de pouco mais de 2%. No mesmo período, o câmbio oscilou entre R$ 5,39 e R$ 5,76, com média de R$ 5,61.

Em 2021, com estímulos para a retomada econômica durante a pandemia e choques de oferta e demanda, o Brent valorizou 50%.

Troca de acusações segue adiante em ano eleitoral

A defasagem dos preços da Petrobras sobre o mercado internacional estaria provocando uma corrida das distribuidoras de combustíveis pelos produtos, mais baratos, da estatal, aponta o Estadão. Entretanto, a Petrobrás não tem volume suficiente para suprir toda a demanda nacional.

O presidente da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), Sérgio Araújo, admite que os preços de suas associadas são superiores. Segundo a Abicom, mesmo após o último reajuste, ainda há uma defasagem média de 5% na gasolina e de 7% no diesel.

Sergio Massillon, diretor Institucional da Federação Nacional das Distribuidoras de Combustíveis, Gás Natural e Bicombustíveis (Brasilcom), descarta que as distribuidoras tenham aumentado o pedido à Petrobras para formar estoque ou exportar combustíveis com superávit.

— Já o presidente Jair Bolsonaro (PL) novamente expressou seu desejo de privatizar a Petrobras, após o novo aumento. “Primeiro que não tenho controle sobre isso. Se pudesse, ficaria livre da Petrobras”, disse ele, em entrevista ao Gazeta Brasil. Reuters

Inflação de dois dígitos em 2021

No acumulado de 2021, o IPCA subiu 10,06%, a maior inflação desde 2015. O indicador foi publicado na última terça (11), pelo IBGE.

O ano foi marcado pela escalada do dólar, dos preços dos combustíveis, da energia elétrica — parcialmente contidos, com medidas que jogaram a despesa da crise hídrica para frente –, além de eventos climáticos extremos, que inflacionaram ainda mais os alimentos.

Com isso, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, deverá publicar uma carta justificando o rompimento da meta de inflação de 3,75%, com tolerância de 1,5 ponto, chegando ao teto de 5,25%.