RIO — A administração do Porto de Suape (PE) espera recuperar em 60 dias a autonomia da gestão do complexo portuário e, assim, desburocratizar e acelerar os processos licitatórios. O porto espera um desfecho sobre o assunto junto ao governo federal, num momento em que busca atrair investidores para a expansão da infraestrutura de gás — e, numa perspectiva de mais longo prazo, tem planos de se consolidar como um dos principais polos de hidrogênio verde do país.
Desde 2013, quando a MP dos Portos foi sancionada pela então presidente Dilma Rousseff, o poder de licitar e celebrar novos contratos foram transferidos para a Secretaria Especial dos Portos (SEP). O órgão federal passou a gerenciar tarefas administrativas relacionadas a novos investimentos em portos públicos.
Na avaliação do diretor de Planejamento e Gestão do porto, Francisco Martins, a falta de autonomia na gestão dos contratos dificulta a atração de novos investimentos.
Na quarta-feira (4/5), representantes do Porto de Suape se reuniram em Brasília, com o ministro de Infraestrutura, Marcelo Sampaio, e com o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), para discutir o assunto. Na ocasião, a administração do porto informou ter recebido a garantia de que o processo de autonomia será concluído em 60 dias.
Em nota, o Ministério de Infraestrutura não confirmou a informação. A pasta esclareceu apenas que o pleito para a retomada da autonomia do Porto de Suape por parte do estado está em avaliação desde 2019 e que ainda não foi definido, devido à “necessidade de verificação de atendimentos aos ditames normativos”.
Suape planeja novos investimentos em gás
A expectativa de retomada da autonomia do porto acontece num momento em que Suape espera realizar, nos próximos três meses, duas chamadas públicas para atrair investidores para a infraestrutura de gás: uma concorrência para a instalação de um terminal de gás natural liquefeito (GNL), que foi suspensa pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) em fevereiro; e uma segunda chamada, para instalação de tancagem de gás liquefeito de petróleo (GLP) — que conta com o interesse do grupo Edson Queiroz.
O executivo afirma que a concorrência para a infraestrutura de GNL está “quase pronta”, em fase final de estruturação da modelagem.
Ainda no setor de óleo e gás, o Porto de Suape aguarda os próximos passos da Petrobras na conclusão do segundo trem da Refinaria Abreu e Lima (Rnest) — o que deve dobrar a capacidade atual de produção da unidade.
“Vamos ver com eles se já é possível começar a construção do segundo trem da refinaria. Isso seria muito importante para nós, e para o Nordeste”, comentou.
Uma vez recuperada a autonomia do porto, segundo Martins, Suape tem a intenção de rever as taxas cobradas para movimentação de contêineres, de forma a aumentar a competitividade do complexo.
“Assim que tivermos a autonomia, vamos rever o nosso contrato de movimentação de contêineres. Hoje, ele prevê a duplicação das taxas de movimentação, mais a correção monetária, a cada dez anos. Com isso, as nossas taxas ficaram muito altas, reduzindo a nossa competitividade. Se já tivéssemos autonomia, já teríamos revisto isso”, disse Martins.
Porto de Suape aposta no hidrogênio verde
É na área de energias renováveis, contudo, que Suape espera crescer de forma mais acelerada nos próximos anos. De acordo com Martins, o porto tem sido procurado por empresas interessadas em investir no setor.
Atualmente, Suape tem seis memorandos de entendimento com empresas interessadas na produção de hidrogênio verde (H2V) no porto, com a Qair, Casa dos Ventos, Brid Logístic, White Martins/Linde, Neoenergia e Suape-Senai.
O projeto da francesa Qair, sozinho, pode representar investimentos da ordem de R$ 20 bilhões.
“Essas conversas ainda estão numa fase bem inicial. Ainda não é possível dizer o volume de investimentos que essas empresas farão ou quanto de energia que será produzido”, explica o diretor de Desenvolvimento e Negócios de Suape, Luiz Barros.