O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, afirmou nesta sexta que o governo brasileiro não vai mudar suas posturas após a eleição de Joe Biden para a presidência dos Estados Unidos.
Em entrevista em Brasília, afirmou que os países têm muitos interesses comuns e não estão em campos opostos em áreas como a preservação ambiental. A despeito de todas as críticas feitas pelo democrata na corrida presidencial dos EUA, o chanceler voltou a falar que as críticas à falta de políticas ambientais de Bolsonaro são exacerbadas pela imprensa brasileira e internacional.
Biden já afirmou que pretende pressionar o governo brasileiro a agir pela preservação da Amazônia e contra os altos índices de queimadas na região, inclusive com sanções econômicas. Pelo lado de cá, o Brasil vinha dialogando com o governo de Donald Trump para aumentar as exportações de açúcar brasileiro em troca de garantir mais espaço pra o etanol dos EUA.
Em audiência no Senado em setembro, Araújo afirmou que os EUA são um parceiro importante para ajudar o brasil a abrir as portas de mercados internacionais ao etanol e tornar o combustível mais competitivo.
Mesmo afirmando que o Brasil tem compromisso com a promoção da democracia, o chanceler brasileiro criticou as reações à invasão no Congresso americano, na semana passada. Segundo ele, as ações cerceiam a liberdade de expressão e estão virando uma “caça às bruxas”.
“Se as pessoas se sentem sufocadas na sua capacidade de falar e ouvir, qualquer país pode ter problemas sérios”, disse.
Twitter impõe limite sobre Bolsonaro
Na tarde desta sexta, o Twitter marcou uma postagem do presidente Jair Bolsonaro como violadora das regras da rede social. Na postagem o presidente defendia tratamentos de eficácia comprovadamente negadas para covid-19, o que tem sido chamado pelo presidente e apoiadores de “tratamentos precoces”.
– Estudos clínicos demonstram que o tratamento precoce da Covid, com antimaláricos, podem reduzir a progressão da doença, prevenir a hospitalização e estão associados à redução da mortalidade. @alexandregarcia https://t.co/k3efrlNIPQ pic.twitter.com/URPVnsHMIt
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) January 15, 2021
A rede social assinalou que a postagem envolve “publicação de informações enganosas e potencialmente prejudiciais relacionadas à COVID-19” e restringiu sua visibilidade, além de impedir comentários. É a primeira vez que o Twitter define uma ação tão dura em uma postagem de Bolsonaro.
À noite, Bolsonaro voltou a minimizar a gravidade da pandemia e disse que não vê motivo para “esse trauma todo apenas preocupado com a Covid”. Sem mostrar dados, o presidente afirmou que “esse lockdown, esse isolamento causa muito mais morte, por depressão, por suicídio, por falta de emprego lá na frente do que a própria pandemia em si”.
Com 208.291 mortes pela doença, o Brasil é o segundo país do mundo com mais óbitos causados pela pandemia. No Amazonas, onde o atendimento nos hospitais colapsou, são 226.511 casos confirmados e 6.043 mortes.
Doria entra na disputa pela presidência da Câmara contra Bolsonaro
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), reuniu deputados federais da bancada do estado e caciques de partidos aliados do seu governo para pressionar pelo voto em Baleia Rossi (MDB/SP) na eleição à presidência da Câmara, marcada para a primeira semana de fevereiro. Em almoço com os parlamentares, o governador pediu que não deixem o Congresso virar uma extensão do poder do Palácio do Planalto, o que representaria um risco para o futuro do Brasil.
“Eu sei o que é a dor de uma ditadura militar”, disse, lembrando a cassação do mandato do seu pai como deputado. “Sei o que representa o totalitarismo e o poder concentrado nas mãos de um homem. Imaginem de um homem destemperado, desequilibrado e despreparado como o atual presidente da República”.
O movimento de Doria pode reforçar sua influência sobre a bancada do estado em um ano que deve ser crítico para a definição de uma proposta de reforma tributária. São Paulo tem a maior bancada de deputados federais, com 70 integrantes e teria sua posição fortalecida com a presidência da Casa.
Maia pede volta do Congresso e diz que impeachment de Bolsonaro será inevitável no futuro
Rodrigo Maia (DEM/RJ) também participou do almoço. O atual presidente da Câmara voltou a defender o retorno dos trabalhos do Congresso na próxima semana para cobrar do governo federal uma resposta à crise de saúde provocada pela pandemia da Covid-19. À tarde, ele informou que enviará ao presidente do Senado e do Congresso, Davi Alcolumbre (DEM/AP), um pedido para instalação de uma Comissão Representativa.
Vou encaminhar agora à tarde ao presidente do Congresso, @davialcolumbre, um pedido de convocação da Comissão Representativa para que possamos discutir a tragédia que está acontecendo em Manaus e também todo processo que envolve a vacinação no país.
— Rodrigo Maia (@RodrigoMaia) January 15, 2021
Questionado, Maia disse que será inevitável, no futuro, um debate acerca do impeachment de Bolsonaro. O deputado é o principal avalista da candidatura de Rossi à presidência da Casa contra o governista Arthur Lira (PP/AL).
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