gas week 2025

Veja a íntegra do discurso de Alexandre Silveira na gas week 2025

Ministro de Minas e Energia falou na abertura do evento organizado pela eixos que reuniu os líderes do setor em Brasília

Muito bom dia a todas e a todos. Cumprimentar o nosso anfitrião e parabenizá-lo e agradecer uma oportunidade sempre de participar do fórum de discussão, o gas week, e dizer que esses fóruns são fundamentais para integrar os agentes, para integrar a gestão pública com o setor privado e aqui quero fazer um reconhecimento também a todo o setor privado, cumprimentando o Ardenghy e dizendo que não há lucidez em não reconhecer a importância dos investimentos privados para o desenvolvimento do país. 

É fundamental que nós tenhamos robustez em investimentos públicos para áreas que são essencialmente dever do Estado, inclusive constitucional, segurança, saúde, educação. Para as estradas que não têm viabilidade para concessão, mas é fundamental que a gente estimule sempre e o Brasil é terreno fértil para investimentos privados, que tem estabilidade social, segurança política, potencialidades naturais como nenhum outro país do mundo e um país líder em equilíbrio entre desenvolvimento econômico e sustentabilidade, como disse o Ardenghy. E nós temos que trabalhar sempre para que isso tudo se volte efetivamente para resultados sociais, para construir um país mais justo, mais solidário, mais indivíduo, mais fraterno.

Cumprimentar o André e também, em nome dele, cumprimentar o setor produtivo, o setor que gera emprego, que gera renda. E nós precisamos sempre focar para que os insumos cheguem de forma adequada na nossa indústria nacional, e em especial os insumos como o gás, que é um combustível de transição, um combustível que vai nos ajudar a descarbonizar a nossa matriz ainda mais.

Nós temos nos orgulhado de sermos o líder da transição energética global, pelas nossas potencialidades, mas pelos custos que o Brasil pagou ao longo de décadas, por ter o sistema elétrico mais descarbonizado, mais integrado. E nós vamos para a COP, deputados e deputadas, com muito orgulho dessa matriz energética nacional. E cumprimentar aqui a Tabita, e em nome dela cumprimentar todas as mulheres presentes, mas cumprimentar principalmente os servidores de carreira dentro do país, servidoras da ANP, e queira Deus que um dia nós tenhamos as agências reguladoras também nos seus órgãos diretivos, com tantos abnegados servidores como a Tabita, o Pietro, e em nome deles devemos cumprimentar todos os outros companheiros de ministério aqui presentes.

Cumprimentar os funcionários de imprensa, que são sempre fundamentais para fortalecer a nossa democracia. São os órgãos e os ouvidos da sociedade, e é sempre que a gente está muito importante que nós todos tenhamos muita transparência e diálogo permanente com a imprensa para que a gente chegue de forma real e concreta e verdadeira na casa das pessoas, porque isso foi deturpado, infelizmente, nos últimos anos. Não há volta para as nossas redes sociais, não há volta para esse novo nível de informação, nós todos sabemos, nós temos que adaptar isso. Mas eu acredito, deputado Arnaldo Jardim, que vai chegar um dia que a gente vai ter realmente condições que essas redes possam ser efetivamente instrumentos de informação e não, infelizmente, como é hoje muitas vezes, instrumentos de denegrir, de desinformação, de deturpar, e isso é tão ruim para poder a gente, em especial, avançar na democracia no país e fortalecê-la, porque a gente sabe que, infelizmente, de forma inacreditável, a gente achava que estava tão consolidada, mas nem tanto. Vimos isso na prática ano passado.

Cumprimentar os parlamentares aqui presentes. Primeiro, dizer da minha alegria de ter sido colega de todos os parlamentares aqui presentes. Fiquei oito anos na Câmara dos Deputados, tive a oportunidade de passar pelo Senado da República e aqui fazer um reconhecimento ao Senador Laércio, um dos mais combativos senadores da República, em defesa do setor, não só do gás, mas das energias do país.

E agradecê-lo pela forma sempre forma colaborativa com que tem laços estreitos nas políticas públicas que nós implementamos hoje, que lutamos por implementar, como disse o André, para o bem do país e do povo brasileiro. Agradecer também e fazer, mais uma vez, um reconhecimento ao deputado Júlio Lopes, do Rio de Janeiro, defensor de uma cadeia energética que, infelizmente, não conseguimos avançar ainda, mas que é fundamental que a gente deixe algum legado na nossa gestão e ele é fundamental para nos ajudar nisso, que é a cadeia da energia nuclear. A cadeia da energia nuclear que é o que vai nos garantir, nas próximas décadas, segurança energética. Vai nos garantir a condição de receber os data centers, de receber a inteligência artificial. 

A energia elétrica, o setor elétrico, vai ser cada vez mais demandado nas próximas décadas. Então, é fundamental que a gente destrave essa cadeia e que a gente integre as nossas potencialidades na mineração do urânio, com a produção de energia, em especial, agora, no advento dos pequenos reatores nucleares, os small reactors, que vão ser uma realidade.

Vão ser os equipamentos que nós vamos poder implementar dentro das indústrias auto intensivas do Brasil, economizando, inclusive, investimentos em transmissão, porque o investimento em transmissão é muito bom e muito importante para fortalecer a nossa integração, mas a conta chega ao consumidor, deputado Zarattini.

A hora que fica pronta, ela aumenta a nossa conta de energia e, portanto, deprime a economia. Então, com os pequenos reatores nucleares, nós vamos evitar muitos custos para o consumidor, já que a gente vai poder estar produzindo energia de forma segura. Nós estamos no século XXI, isso avançou muito.

Então, nós temos que ter coragem de enfrentar esse debate. É um debate que, muitas vezes, também é um debate duro, porque há um grande preconceito por essa energia, mas nós sabemos agora, na França, que, muitas vezes, de forma demagoga e hipócrita, critica tanto o petróleo.

Eu não tenho nenhuma… Não me falta coragem para dizer que é hipocrisia, porque ela tem uma das maiores petroleiras do mundo, que é a Total. Então, aqui não tem petróleo. Mas quem tem petróleo, e já entrando no petróleo, quem tem petróleo não tem lógica que a gente impeça que a população brasileira, que o povo brasileiro, conheça primeiro as suas potencialidades.

Isso é uma obrigação do Estado brasileiro, mapear as nossas potencialidades no setor mineral, no setor energético. Energia é nacionalismo, é segurança energética, é soberania dos países. É de uma obviedade tão grande o que passou na Europa com o problema energético e a guerra da Rússia com a Ucrânia.

Hoje, a geopolítica internacional nos demonstra de forma inequívoca a necessidade da nossa soberania na questão alimentar e na questão energética. Então, é um crime de lesa pátria contra brasileiras e brasileiros nós não avançarmos na descoberta ou nas pesquisas de potencialidades em todas as áreas energéticas e aqui quero destacar de forma especial a Margem Equatorial.

A Margem Equatorial, inclusive, com esse atraso, e eu digo isso me referindo diretamente ao Ibama, deputado Zarattini, nós deixamos de avançar na transição energética. Por quê? Nós temos ali um óleo descarbonizado, tá lá o óleo da Guiana, o óleo mais leve do óleo que é ofertado hoje no mundo.

Então, a gente, como o petróleo não é uma questão de oferta, é uma questão de demanda, enquanto o mundo demandar, alguém vai ofertar. E não vai ser o povo brasileiro que vai deixar de ofertar o petróleo mais descarbonizado, já que tem tanta expertise, como destacou muito bem o Ardenghy, na segurança, tanto de pesquisa quanto de exploração, é que vai pagar essa conta. Mais essa conta.

Porque nas políticas energéticas o povo brasileiro já pagou, já paga essa conta, pela nossa infraestrutura e pela nossa integração nacional. No mundo, é um dos poucos países com a dimensão territorial transcontinental do Brasil que é completamente interligado, interligado inclusive aos outros países, interligado ao Uruguai, à Argentina, ao Paraguai, e agora volta à Venezuela, e já estamos planejando a volta à Guiana, com o grande contorno de Roraima a Georgetown. 

Então é fundamental que a gente avance nessas políticas e, por isso, eu cumprimento e agradeço a presença de três parlamentares extremamente atuantes na Comissão de Minas e Energia, os deputados Carlos Zarattini, Júlio Lopes e esse que é um baluarte, uma referência em especial nas políticas de transição, que é o deputado Arnaldo Jardim. E aí eu me refiro a outro setor que o Brasil tem que se orgulhar. 

Eu fui com o presidente Lula ao Japão e à China. O Japão tem um compromisso, assumido há mais de 20 anos, de implementar o E3, 3% de etanol na gasolina. E ainda não fez de forma obrigatória. Está tendo um compromisso agora de implementar o E10 até 2030. Agora, me parece que está levando muito a sério essa política de descarbonização. Mas o Brasil aprovou em tempo recorde no Congresso Nacional a Lei do Combustível do Futuro que nós enviamos, que passou a permitir que a gente chegue até o E35 — 35% de etanol misturado na gasolina. Como não se orgulhar disso? Nenhum outro país do mundo é o paraíso dos biocombustíveis como o Brasil. Paraíso do etanol, paraíso do biodiesel. Criamos o mandato do diesel verde. Regulamentamos a captura e estocagem de carbono pra gente ter emissão líquida negativa nesses setores. Criamos e regulamentamos o mandato para o combustível sustentável de aviação.

Todos os países do Corsia — e o Brasil é um deles — são obrigados a partir de 2027 a poder descarbonizar a matriz aérea do mundo. E o Brasil teve a coragem de protagonizar essa política, criando a oportunidade de uma nova indústria no Brasil. O deputado Arnaldo Jardim foi fundamental nisso junto com seus colegas. Parabéns, Arnaldo. Obrigado por ajudar o Brasil. 

Mas, falando diretamente sobre o gás, verdadeiros oligopólios criados no governo anterior, liderados pelo ex-ministro da Fazenda Paulo Guedes, atravancam o crescimento nacional, encarecendo o gás natural e o gás de cozinha.

E por mais poderosos que sejam, estão sendo enfrentados pelo nosso governo. E não serão os ataques que tenho sofrido que intimidarão a prática das nossas políticas.

Senhoras e senhores, representantes do setor de gás natural, um bom dia a todos.

O setor de gás natural encontra-se em um momento muito delicado.

Herdamos um desafio hercúleo. Resolver o caos das privatizações mal feitas e levianas das estruturas de transporte, juntamente com a completa falta de regulação por parte da ANP em todos os elos da cadeia do gás natural.

O desgoverno anterior apostou no estado mínimo, inexistente. Acreditou na fantasiosa mão invisível do mercado que só produz concentração de riqueza nas mãos de poucos. Permitiu a formação de monopólios e oligopólios que abusam do poder econômico, sempre em prejuízo dos consumidores.

A privatização da NTS e da TAG, como foi feita, sem regulação adequada, resulta em uma das tarifas de transporte do gás natural mais caras do mundo. Isso força o consumidor a pagar duas vezes pela mesma estrutura, encarecendo o preço da molécula.

O transporte é apenas um dos problemas. Outro grave é o desperdício com a reinjeção na produção offshore devido aos altos custos de acesso às infraestruturas de escoamento e processamento. Empresas relatam que, quanto mais produzem, maior é o prejuízo.

É essencial que a ANP imponha preços justos para o escoamento e processamento do gás, com base em infraestruturas já amortizadas. Hoje, mesmo se a União entregasse o gás gratuitamente, ele custaria quase US$ 10,00 por milhão de BTU após processamento.

Nosso programa “Gás para Empregar” visa reduzir a reinjeção em pelo menos 15%, disponibilizando 11 milhões de metros cúbicos a mais para a indústria, gerando empregos e reduzindo a dependência de amônia importada de 90% para 25%. Isso representa segurança alimentar e benefícios para as indústrias de siderurgia, química e cimenteira.

Para reconstruir o setor, é fundamental que a ANP retire os privilégios atuais, evitando a remuneração repetida de infraestruturas de transporte. Nosso compromisso é com o Brasil, com o gás mais barato e com a descarbonização.

O gasoduto Rota 3, a UPGN do Complexo Boaventura e novos terminais de GNL já reduziram o preço do gás. Já recebemos gás argentino de Vaca Muerta, mas precisamos de mais.

Temos resultados expressivos a entregar com o Campo de Raia da Equinor e Sergipe Águas Profundas da Petrobras. O gás é nosso e não vamos jogá-lo fora.

Estamos construindo um país que brilha com energia limpa, justiça social e vida digna. Um bom dia a todos e um ótimo evento.

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