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Uberaba será protagonista em compras de gás natural da União, diz Silveira

Ministro participou do lançamento da safra mineira de açúcar e etanol no município e falou sobre os planos para o gás natural

Ministro Alexandre Silveira participa do lançamento da safra mineira de açúcar e etanol. Foto: Ricardo Botelho/MME
Ministro Alexandre Silveira participa do lançamento da safra mineira de açúcar e etanol. Foto: Ricardo Botelho/MME

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), afirmou que a pasta avalia maneiras de levar o gás natural da União, comercializado pela Pré-sal Petróleo (PPSA), até Uberaba, localizada no Triângulo Mineiro.

A região seria um polo da indústria consumidora de gás, como a de fertilizantes, combustíveis e geração de energia. Ele mencionou a possibilidade de direcionar o gás da União para os projetos, mas ponderou que terá concorrência para atender outros mercados.

“Estamos trabalhando para ver se a gente excepcionaliza esse gás. Claro, vai ter uma concorrência no Brasil inteiro, mas Uberaba será um grande protagonista e sairá na frente, graças às políticas públicas que têm sido implementadas aqui”, disse.

“Todos do governo federal reconhecemos que há uma grande expectativa do povo de Uberaba de receber esse gás para industrializar a região”, completou.

A PPSA negocia com a Petrobras o acesso aos sistemas de escoamento e processamento das bacias de Campos e Santos, para contratar a infraestrutura e ofertar a parcela da União diretamente ao mercado consumidor. Tem enfrentando dificuldades com os preços e condições contratuais.

No início do mês, Silveira subiu o tom em críticas à Petrobras, seus sócios na infraestrutura, transportadoras e à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), reguladora e responsável pela arbitragem de conflitos no setor.

Silveira participou da abertura da safra mineira de açúcar e etanol, evento anual que marca o início da produção sucroenergética em Minas Gerais e é realizado em Uberaba.

Ao ser questionado por jornalistas sobre o projeto do gasoduto que irá conectar o Triângulo Mineiro à malha do país, o ministro defendeu regulamentar os gasodutos para combater o alto preço do energético.

“Por que a Vale não briquetiza o minério de ferro no Brasil? Porque o gás no brasil é muito caro. Então, ela vai para o Golfo do México, para o Omã, onde o milhão de BTU é US$ 2,50”, pontuou o ministro, comparando com o preço brasileiro, que pode se aproximar dos US$ 14.

Polo de gás e petroquímica em Uberaba

Com a decisão do governo Lula, em 2023, de voltar a priorizar a construção de gasodutos, a Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia-Brasil (TBG) passou a considerar a possibilidade de investir numa rota para Minas Gerais a partir do Gasbol, em São Paulo, como mostrou a eixos, na época.

Um grupo de empresas e entidades têm buscado alternativas para viabilizar o investimento em um polo gás-químico no Triangulo Mineiro.

Participaram de conversas com o MME, ano passado, a Tenaris – fabricante de tubos para a indústria de petróleo e gás –, Be8 Energy, Yara Fertilizantes, Companhia Mineira de Açúcar e Álcool (CMAA) e Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim).

Um investimento da TBG seria uma alternativa ao gasoduto Brasil Central, projeto concebido há 20 anos pela transportadora TGBC, empresa ligada ao empresário Carlos Suarez, mas que nunca saiu do papel.

Atualmente, há três usinas termoelétricas em licenciamento, visando ao leilão criado pela lei de privatização da Eletrobras e no traçado do Brasil Central. A UTE Brasília (Termo Norte), na capital federal, e as UTEs Centro Oeste (1250 MW) e Brasil Central (1250 MW), ambas em Goiás e desenvolvidas pela EBrasil. 

Os projetos deflagraram uma disputa com ambientalistas. Essa semana, a Termo Norte sugeriu ao Ibama a realização da audiência pública para o licenciamento ambiental da UTE Brasília em 17 de junho. A audiência anterior foi cancelada em março devido a questionamentos sobre divulgação de datas.

A ideia de interiorização do gás natural é antiga, data dos anos 1990. A Petrobras já chegou a prever um projeto de construção de uma planta de amônia no Triangulo Mineiro, mas desistiu do investimento.

Hidrogênio pede passagem

A Atlas Agro prevê a construção de uma planta em Uberaba, com capacidade para produzir cerca de 530 mil toneladas de fertilizantes por ano. Ela tem um memorando de entendimento com a Casa dos Ventos para aquisição da energia necessária para a eletrólise.

No projeto, a eletricidade renovável será utilizada para obtenção de hidrogênio verde, por meio de eletrólise em um mesma unidade industrial em que a molécula será insumo da produção de fertilizante verde.

Este mês, o incentivo à produção de fertilizantes com hidrogênio de baixo carbono abriu um conflito entre o Ministério da Fazenda e agentes do mercado, sobre a concessão de créditos fiscais e a desoneração prevista no programas criados em 2024 — o Rehidro e o PHBC — para empresas verticalizadas, que produzem tanto hidrogênio, como derivados em uma mesma planta industrial.

Em uma carta enviada ao Ministério da Fazenda em 8 de abril por associações que representam o hidrogênio verde (Abihv), geração eólica (Abeeólica), e fertilizantes (Sinprifert), as empresas dizem entender que a produção de fertilizantes seria excluída dos subsídios.

A pasta negou as alegações. “O Ministério da Fazenda não pretende excluir os produtores de fertilizantes verdes a partir do hidrogênio de baixo carbono dos subsídios previstos no Rehidro e PHBC”, disse em nota enviada à agência eixos, na semana passada.

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