Petróleo e Gás

Transpetro discute na CGU liberação de estaleiros para novas licitações

“O processo que o país passou nesses últimos anos ajudou a construir uma governança para evitar problemas no futuro”

5 iniciativas em gestão de suprimentos para melhorar a lucratividade dos estaleiros. Na imagem: Plataforma P-62, construída no estaleiro Atlântico Sul, em Pernambuco (Foto: Divulgação)
Plataforma P-62, construída no estaleiro Atlântico Sul, em Pernambuco (Foto: Divulgação)

RIO – O novo presidente da Transpetro, Sérgio Bacci, afirmou nesta quinta (4/5) que teve reuniões em Brasília no início da semana com o Tribunal de Contas da União (TCU) e a Controladoria Geral da União (CGU) para avaliar a situação dos estaleiros nacionais envolvidos na Lava Jato.

Discute a possibilidade desses grupos voltarem a participar de licitações da subsidiária da Petrobras.

“O processo que o país passou nesses últimos anos ajudou a construir uma governança para evitar problemas no futuro”, comentou a respeito das irregularidades em contratações no passado.

Entre os grupos citados estão EAS, Enseada, Sinergy, Ecovix, QGI, Vard Promar, Mauá, Jurong e Keppel. Afirmou que a CGU está “disposta a buscar soluções para que os estaleiros voltem a construir”.

Para o executivo, os estaleiros nacionais hoje já têm capacidade de retomar a construção naval. Ele deixou claro em sua primeira coletiva no cargo que o Brasil voltará a construir navios para a Transpetro.

Entretanto, ele reconhece que vão ser necessários novos investimentos em modernização das plantas industriais e na capacitação da mão de obra. “Estou confiante de que vamos ter projetos em vários estados”, afirmou.

Frota verde de navios para o óleo e gás

O executivo ressaltou, entretanto, que a contratação nacional não ocorrerá a “qualquer preço ou prazo”.

A intenção é criar uma “frota verde” e que os navios a serem construídos vão ter tecnologias de reduções de emissões de carbono.

A ideia é que os novos projetos sejam financiados pelo Fundo da Marinha Mercante (FMM), por isso, o BNDES deve participar das discussões do grupo de trabalho.

Reforçou assim as linhas gerais apresentadas pelo BNDES em audiência na Câmara dos Deputados, sobre o uso de critérios ambientais para financiar embarcações para óleo e gás.

Não há previsão, no entanto, de retornar com o antigo Programa de Modernização e Expansão da Frota da Transpetro (Promef). “Aquilo ocorreu em um contexto histórico e agora estamos em outro”, disse.

O novo programa de construção naval deve ter como foco a continuidade. “A indústria naval brasileira só vai se consolidar se houver demanda a longo prazo”, afirmou. 

A expectativa é que a construção naval entre no programa de obras prioritárias de infraestrutura a ser anunciado pelo governo.

Conteúdo local em discussão com CNPE

O presidente da Transpetro confirmou que o aumento das obrigações de contratação nacional estará na pauta do governo.

Ele ressaltou que o assunto deve ser tratado dentro do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), mas disse ser a favor da adoção de diferentes índices mínimos para cada tipo de navio, com um aumento gradual das exigências de contratação nacional ao longo dos anos.

A Transpetro detém e contrata frotas de movimentação de petróleo e derivados. É o braço logístico da Petrobras, o que também envolve terminais e dutos.

Novos clientes e 26 navios na frota

O presidente ressaltou que a estatal seguirá sendo a principal cliente, mas apontou que o aumento da frota pode criar oportunidades de disponibilizar embarcações também para terceiros. “Temos várias operadoras no Brasil que precisam de navios”, disse.

Hoje, a Transpetro opera 26 navios próprios, com uma idade média de oito anos. Bacci apontou que o tamanho da frota da empresa caiu nos últimos anos, apesar do aumento na produção de petróleo do país.

Além disso, destacou que as embarcações próprias da companhia atualmente foram construídas dentro do Promef.

A companhia opera ainda 10 navios aliviadores afretados. Ao comentar o tema, Bacci indicou que esse pode ser um dos focos da retomada da construção nacional.

O executivo ressaltou a importância de construir aliviadores de bandeira nacional, para evitar que possíveis questões geopolíticas venham a afetar o descarregamento de petróleo.

“É de suma importância termos os próprios navios aliviadores, para que mesmo em um eventual problema possamos atender a nossa controladora”, disse.

Novos concursos

Com a perspectiva de privatização descartada, a Transpetro deve lançar novos concursos para contratação de funcionários.

De acordo com o presidente, a expectativa é publicar os editais ainda este ano. A intenção é também ampliar a diversidade na empresa e aumentar o número de mulheres em cargos de gestão.

Nesse contexto, Bacci disse ainda que a empresa vai trabalhar em sugestões para colaborar com a Petrobras no combate a casos de assédio sexual.