Representantes das revendas de gás já estiveram em reunião com a Casa Civil e na ocasião deram garantia ao Planalto que os revendedores de GLP autorizados pela ANP, estão aptos e prontos para fazerem as entregas dos botijões de gás aos beneficiários.
São 59 mil revendedores autorizados pela Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) que dão cobertura logística em todo o território nacional.
Mesmo não sendo obrigatória a participação da revenda, o setor aposta que, devido à alta competição no setor, as revendas não vão querer ficar fora dessa oportunidade, tendo em vista que o programa significa uma venda a mais para os beneficiários que hoje não adquirem o gás de cozinha por falta de condições financeiras.
O novo vale gás deverá chegar em um formato que os beneficiários irão até as unidades cadastradas no programa e irão retirar o botijão na portaria da revenda.
Representantes do oligopólio das distribuidoras tentaram desacreditar o compromisso dos revendedores perante o governo em relação ao processo logístico do programa, mas o setor revendedor alerta que, somente por meio das revendas autorizadas o programa terá sucesso.
Por uma simples razão: as vendas, entregas porta a porta e pós venda aos consumidores de GLP envasado são feitas por meio das revendas nos mais distantes rincões, enquanto as distribuidoras não tem logística próprias para fazerem as entregas aos consumidores de GLP envasado e nem quantidade de lojas próprias para fazer o atendimento aos consumidores.
Enquanto o programa Gás para Todos busca ampliar o acesso ao gás de cozinha com o subsídio direto às famílias de baixa renda, o oligopólio atua na contramão do interesse público.
A entidade que representa as grandes distribuidoras insiste em manter um modelo fechado, caro e ultrapassado sob a mão de ferro do oligopólio e defendem que o vale-gás continue sob o controle delas, tentando excluir os 59 mil revendedores autorizados pela ANP da operação direta com os beneficiários. Mas, de qualquer forma, a entrega será feita pela revenda.
As distribuidoras querem de fato é concentrar o poder da distribuição do benefício nas mãos delas, impondo regras aos revendedores inclusive para participar do Gás para Todos, obrigando a revendas a assinarem contratos de vinculação à marca e outras imposições, o que seria maléfico ao mercado e aos beneficiários do programa.
A revenda confirma seu compromisso com o programa e está aguardando a discussão final sobre o auxílio-gás,para que possam fazer com que os beneficiários sejam atendidos dignamente por meio de um atendimento de excelência das revendas autorizadas.
Envase de botijões dos consumidores
O Palácio do Planalto ainda discute mudanças regulatórias por meio do MME e a ANP, para permitir o envase dos botijões propriedade dos consumidores como forma de evitar a logística reversa dos botijões e baratear o preço do gás de cozinha, permitindo um avanço significativo de consumo de GLP pelas pessoas menos favorecidas de forma a reduzir a pobreza energética.
A proposta do segmento revendedor é permitir o envase em micro-bases, dentro de instalações de revendas classe V acima, que já possuem regras de segurança condizentes com a operação de produtos perigosos.
As grandes distribuidoras são contra o enchimento de botijões dos consumidores (chamado de envase remoto ou micro-bases), porque não querem que as revendas venham quebrar as barreiras e desmascarar um sistema bem construído ao longo dos anos que resultou na maior concentração de mercado da história – basta buscar o histórico dos processos no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
É imprescindível ampliar a competição na distribuição, com mais distribuidoras envasando GLP seja pré-medido ou fracionado e ter oferta de carregamento rodoviário nos polos de abastecimento.
Somente assim teremos um mercado regulado, justo e perfeito, para assegurar o uso desta energia tão importante para a população brasileira.
Estamos certos que o governo não irá retroagir a essas propostas e terá pulso firme para editar o decreto com as novas regras para o setor, e quebrando as barreiras de entradas manipuladas pelo oligopólio das distribuidoras.
José Luiz Rocha é presidente da Abragás, representante do segmento revendedor de GLP.