A Petrobras e a Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim) anunciaram nesta quinta (27/7) a criação de um grupo de trabalho para estudar um plano integrado de retomada e consolidação do setor no país.
A primeira reunião do GT está marcada para esta sexta-feira (28/7). O resultado do trabalho será apresentado ao governo – que discute, neste momento, a criação do Gás para Empregar, um programa que promete aumentar a oferta de gás natural a preços competitivos para reindustrialização do país e que tem nos setores químico e de fertilizantes uma de suas prioridades.
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Em nota, a Petrobras destacou que o objetivo do trabalho em conjunto com a Abiquim é mostrar que a indústria química e de fertilizantes enfrenta gargalos que vão além da estratégia de utilização de gás.
“A Abiquim e a Petrobras entendem que não há uma medida isolada que solucione a situação, mas convergem no entendimento de que são necessárias ações de diversos agentes para aprimorar a capacidade de concorrência da indústria química permitindo-a produzir a um custo competitivo, bem como adoção de medidas de inserção internacional, defesa comercial, e competitividade tributária”, cita a nota emitida pela petroleira.
Setor químico se articula a favor de política para gás
A indústria química brasileira tem perdido competitividade, no mercado global, devido, muito em parte, aos custos com matéria-prima, energia e tributação no Brasil. Esses três fatores representam, juntos, 80% dos custos do setor.
No primeiro quadrimestre de 2023, ainda segundo a Abiquim, os volumes de produção e vendas da indústria química recuaram ao patamar mais baixo dos últimos 17 anos. O nível de utilização da capacidade instalada foi de 67%, uma queda aproximada de 10 pontos percentuais ante igual período de 2022.
Os setores químico e de fertilizantes têm se articulado, por meio da Coalizão pela Competitividade Gás Natural, a favor da criação de uma política pública para incentivar o uso do gás como matéria-prima nessas duas indústrias – ideia que tem encontrado eco dentro do governo.
Nas discussões sobre o Gás para Empregar, o Ministério de Minas e Energia (MME) entende que seria possível vender o gás natural da União, no city-gate (ponto de entrega às distribuidoras), entre US$ 7 e US$ 8 por milhão de BTU, com ganhos de arrecadação para o Fundo Social do Pré-Sal.
Um estudo lançado esta semana pelo Instituto de Energia da PUC-Rio mostra que, mesmo num cenário conservador, sem novas rotas de escoamento no pré-sal, entre 8 milhões de m3/dia e 17 milhões de m3/dia de gás firme poderão ficar sem mercado a partir de 2028.
Esse é o volume que poderia ser orientado para novos projetos no setor químico e de fertilizantes, como defende a Coalizão.
Num cenário em que haja investimentos na infraestrutura de escoamento e processamento, para eliminar gargalos, esse volume de gás sem mercado – e disponível para um programa de estímulo à produção de fertilizantes e à indústria química – sobe para entre 12 milhões e 25 milhões de m3/dia.
O trabalho do IE-PUC foi encomendado pela Coalizão, liderado pela Abemi (engenharia industrial), e será apresentado na quinta (27/7) ao ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD).