Gás Natural

Oferta de áreas para estocagem de gás e carbono pode ser feita por leilão, afirma diretor da ANP

Atuação da agência ainda carece de definição legal e assunto está em discussão no governo federal e no Congresso Nacional

O diretor da ANP, Cláudio Jorge, durante a abertura do Seminário de Gás do IBP. Foto: Stéferson Faria/epbr
O diretor da ANP, Cláudio Jorge, durante a abertura do Seminário de Gás do IBP. Foto: Stéferson Faria/epbr

RIO – A oferta de áreas para estocagem de gás natural e captura de carbono pode ser intermediada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), por meio de leilões.

Segundo o diretor Cláudio Jorge de Souza, é uma possibilidade que pode surgir da regulação do mercado.

“Isso ainda pode depender de regulação e talvez de alguma política pública”, afirmou a jornalistas durante o Seminário de Gás Natural do IBP.

No caso das empresas que já têm concessão de áreas de petróleo e gás natural, o pedido para realizar essas atividades pode ocorrer por meio do plano de desenvolvimento apresentado à ANP.

Leilões seriam uma alternativa para abertura do acesso às áreas. “Isso vai virar um negócio para as empresas”, disse.

A nova Lei do Gás prevê a autorização para estocagem de gás natural. É o caso da Origem Energia em Alagoas, que inclui um projeto no campo de Pilar, comprado da Petrobras.

Segundo Cláudio Jorge, a análise está em “estágio avançado” na agência. Algumas etapas já foram atendidas e a intenção da Origem é desenvolver a estocagem como serviço.

O estoque de gás cria novos modelos de negócios, maior flexibilidade e integração com a geração de energia. Carbono, por sua vez, é um serviço ambiental, com possibilidade de uso comercial da molécula. Um exemplo, são os combustíveis sintéticos.

Petrobras apoia avanço na regulação

A estocagem de carbono, seja para armazenamento (CCS) ou combinada com uso (CCUS) está na agenda do governo federal e do Congresso Nacional.

O Ministério de Minas e Energia (MME) estuda o tema há alguns anos no Combustível do Futuro, com intenção de apresentar um projeto de lei à Câmara dos Deputados. Inclui a delegação de competência para regular a captura e a integração com bioenergia (BioCCS)

No Congresso, tramita o PL 1425/2022, do atual presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, ex-senador pelo PT do Rio Grande do Norte.

“O projeto de lei para tratar da captura e estocagem de carbono vai ser importante para a gente conseguir criar um hub de captura no país”, disse o gerente executivo de reservatórios da companhia, Tiago Homem.

A companhia anunciou na semana passada um projeto piloto de CCS na unidade de processamento do Terminal de Cabiúnas, em Macaé (RJ).

Objetivo também é desenvolver uma nova linha de negócio, para atender também à descarbonização da indústria. Veja na entrevista com Tiago Homem.

“A combinação de indústrias que precisam reduzir emissões e o potencial de aquíferos salinos [para a estocagem] no Rio alavancam oportunidades”, disse. Segundo o executivo, a Petrobras pode avaliar também projetos de estocagem terrestre no estado de São Paulo.

Mapeamento de áreas aptas à estocagem

O diretor da ANP Claudio Jorge, responsável pela área de geologia da ANP, afirma também que a agência vai iniciar em julho um estudo para identificar as melhores regiões para os projetos de estocagem.

A previsão é que esse mapeamento leve cerca de um ano, tanto em terra como no mar. “Hoje, economicamente, talvez seja mais viável fazer projetos em terra”, disse o diretor.

A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) abriu uma licitação para um estudo sobre o tema, que inclui também os aspectos econômicos da estocagem.

Veja as entrevistas do estudio epbr no Seminário de Gás do IBP