A Comissão Especial da Licitações da ANP inscreveu BP, Chevron, ExxonMobil, Murphy Oil, Petrobras, Petronas, Premier Oil, QPI, Repsol, Shell, Total, Cobra, PGN e Rosneft na 15a rodada de licitações da ANP, que será realizada no próximo dia 29 de março. Com a decisão, a agência já inscreveu 14 das 17 empresas que manifestaram interesse na concorrência.
A lista das empresas já inscritas sugere um leilão muito parecido com a 14a rodada, realizada em setembro do ano passado. Também sugere um leilão parecido com a rodada de águas profundas realizada no México no começo do mês.
A avaliação no governo sobre as empresas inscritas na concorrência é positiva. De fato, uma licitação realizada seis meses após a última do mesmo perfil e com a concorrência do leilão mexicano atrair majors é positiva. O entendimento no mercado é que a parte terrestre da licitação, que contará apenas com cinco empresas e vai ofertar 20 blocos, foi afetada pela concorrência do Projeto Topázio, onde a Petrobras recebeu no último dia 20 propostas para venda de 69 campos terrestres de produção.
O presidente da Petrobras, Pedro Parente, durante café com a imprensa antes do carnaval, afirmou que a petroleira voltará a ser seletiva e buscará parcerias para a 15a rodada. No último leilão, a parceria com a ExxonMobil rendeu seis blocos na Bacia de Campos. A petroleira americana levou outras duas áreas na região sozinhas. A expectativa é que essa parceria possa se repetir no leilão de março.
Não será surpresa se a ExxonMobil, Murphy e QGEP (que não está inscrita na concorrência e estimamos que é uma das três petroleiras com análise de documentos ainda dependentes pela ANP) apostem em novos ativos na Bacia de Sergipe-Alagoas. As empresas arremataram áreas por lá no leilão de outubro.
Igualmente não será surpresa uma possível aposta da ExxonMobil na parte offshore da Bacia Potiguar. A empresa já está na região com a concessão do bloco exploratório POT-M-457, que foi arrematado na 11a rodada e fica muito próximo do bloco POT-M-571, em oferta agora em março.
Todo o mercado aposta em forte competição nas áreas que serão ofertadas nas bacias de Campos e Santos. A aposta da Statoil no campo de Roncador, onde recentemente comprou participação de 25% por US$ 2,3 bilhões, pode abrir um novo ciclo de investimentos em Campos, inclusive em áreas exploratórias próximas dos campos já em produção.
Chevron e Repsol arremataram separadamente no México áreas exploratórias em consórcios. Por aqui, a primeira busca parcerias para o leilão deste ano. A segunda, tentou parcerias para o leilão do ano passado e acabou arrematando sozinha o bloco ES-M-667, em águas profundas da Bacia do Espírito.
Blocos exploratórios na Bacia do Ceará devem explicar o interesse da Chevron e da Premier Oil, que têm olhado para a região e já possuem blocos exploratórios em concessão por lá. Quem também está por lá a Total, que bidou no último leilão por áreas, mas acabou não levando nenhum bloco.
Outra parceria que tem dado certo no Brasil e também no México é a união da Shell com a QPI, que já são sócias aqui no Brasil no Parque da Conchas e no bloco Alto de Cabo Frio Oeste, arrematado no 3o leilão do pré-sal, realizado em 27 de outubro. As duas empresas participaram também – juntas, sozinhas e juntas com outras empresas – do leilão de águas profundas no México.
A chinesa CNOOC, que bidou por ativos na 14a rodada e também levou áreas no leilão no México, é outra empresa que pode surpreender. No leilão de outubro surpreendeu ao bidar sozinha e levar a área ES-M-592, em águas profundas da Bacia do Espírito Santo. Não é comum chineses bidando sozinhos em leilões de petróleo, por isso se espera um farm-out parcial no projeto até mesmo com um possível sócio no leilão deste ano.
Na parte onshore do leilão, a novidade é a estreia da fornecedora espanhola Cobra no mercado de E&P brasileiro. A empresa, que recentemente arrematou contrato com a Petrobras para manutenção de plataformas na Bacia de Campos, forma com a Petronas o grupo de inscritas sem contratos no país.
Na Bacia do Parnaíba, a Parnaíba Gás Natural, controlada pela Eneva, é candidata natural para a arrematar áreas exploratórias para achar gás novo para seus projetos térmicos na região.
Os russos da Rosneft, que no leilão passado acabaram desistindo de participar, este ano devem disputar áreas.
O leilão também será um teste para ver se o projeto de moratória de 10 anos feito pelo deputado estadual do Mato Grosso do Sul Amarildo Cruz (PT) para as atividades de fracking na Bacia do Paraná no seu estado vai inibir investimentos.