NESTA EDIÇÃO. Petrobras recebe a licença para a Bacia da Foz do Amazonas, com a chancela do MMA: “rigoroso processo ambiental”. Enquanto a indústria comemora, ambientalistas falam em judicialização.
Empregados da EPE intensificam greve.
Europa fecha acordo para a proibição completa de importações de gás russo a partir de 2028.
BNDES, a Petrobras e Finep concluem seleção de gestor de fundo para transição energética.
EDIÇÃO APRESENTADA POR

MMA chancela e sai a licença que confirma o óleo nos rumos da política energética brasileira
Depois de quase 11 anos desde o início do processo, o Ibama liberou na segunda-feira (20/10) a controversa licença para a perfuração do primeiro poço exploratório em águas profundas da Petrobras na Bacia da Foz do Amazonas.
- Segundo a estatal, a perfuração começa imediatamente e vai levar cinco meses.
- Marca, assim, a abertura de uma nova fronteira exploratória para petróleo e gás no Brasil, na Margem Equatorial, embalada pelas descobertas em costas vizinhas, da Guiana e do Suriname.
- É o sinal de que o país continua a apostar no petróleo no longo prazo, pois uma eventual descoberta só vai resultar em produção na próxima década.
Apesar de a área ambiental do governo ser contra a abertura de novas fronteiras, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) ressaltou que a decisão sobre o tema é do governo, e não do Ibama.
- “Não cabe ao órgão licenciador analisar aspectos de oportunidade e conveniência para explorar ou não petróleo, decisão que é de competência do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE)”, disse em nota.
- “Com sua capacidade de análise técnica, o Ibama exigiu aprimoramentos indispensáveis ao projeto, sobretudo nas medidas de resposta a emergências”, acrescentou.
- A licença é assinada pelo presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, e tem quase 30 condicionantes. Veja o documento na íntegra.
- Ainda assim, na prática, entende-se como uma derrota da ministra Marina Silva, em meio às negociações que envolveram ainda a análise dos vetos da lei do licenciamento ambiental pelo Congresso.
- O momento amplia a polêmica: a COP30, em Belém (PA), começa em menos de três semanas.
Entre os ambientalistas, ainda há esperança: a expectativa é judicializar o processo, com base no pedido do Ministério Público Federal (MPF) ao Ibama de que não liberasse a licença.
- Veja detalhes das reações das ONGs na diálogos da transição: Nova fronteira da Foz do Amazonas será nos tribunais.
Por outro lado, no mercado de petróleo, o clima foi de comemoração.
- O IBP afirmou que a operação permite ao país conhecer melhor o potencial de reservas e destacou a necessidade de reposição de reservas com o declínio das Bacias de Santos e Campos na próxima década.
- Do lado dos fornecedores, a Abespetro falou que o movimento é um “passo histórico” na trajetória para manter a autossuficiência em petróleo e avançar na segurança energética: “O petróleo vai permanecer como fonte da matriz energética global por muitas décadas”, disse a entidade.
O presidente Lula (PT) é a favor da exploração de petróleo, como um vetor de desenvolvimento, inclusive para a atração de recursos para a transição energética.
- “A Margem Equatorial representa o futuro da nossa soberania energética. O Brasil não pode abrir mão de conhecer seu potencial”, disse o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, em nota.
- O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União/AP) e o governador do Amapá, Clécio Luís (Solidariedade) comemoram a licença em vídeos nas redes sociais.
A lógica do desenvolvimento é apoiada pela indústria.
- Segundo a CNI, as atividades ligadas ao petróleo na Margem Equatorial podem acrescentar R$ 175 bilhões ao PIB, além de produzir R$ 11,23 bilhões em arrecadações indiretas e gerar 495 mil empregos formais.
- A atividade também tem potencial de gerar até R$ 5,4 bilhões anuais em royalties e R$ 270 milhões para Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I).
Mas o avanço na Foz não foi a única boa notícia do setor para o governo ontem: a Petrobras também anunciou uma redução no preço da gasolina a partir de terça (21/10).
- O preço médio de venda da gasolina às distribuidoras passa a ser de R$ 2,71 por litro, redução de R$ 0,14 por litro. Na prática, é uma diminuição de 4,9%, no segundo corte da cotação do combustível este ano.
Petróleo reforça caixa do governo. A PPSA e a Petrobras concluíram o acordo de individualização da produção da jazida compartilhada do pré-sal do campo de Jubarte, na Bacia de Campos. Com isso, a União vai receber, na próxima sexta (24), R$ 1,54 bilhão da Petrobras referente ao pagamento resultante dessa equalização. Relembre o caso.
Ambientalistas contra o leilão de partilha. Instituto Arayara, Observatório do Petróleo e Gás, Federação Nacional dos Petroleiros e sindicatos regionais organizam um ato contra o leilão de partilha do pré-sal de quarta-feira (22/10).
- As organizações argumentam que o novo certame aprofunda a dependência brasileira dos combustíveis fósseis e entrega áreas estratégicas do pré-sal a grandes petroleiras internacionais.
Nova lei do licenciamento. O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos/PB), afirmou que o Congresso Nacional deve analisar em breve os vetos do presidente Lula à nova lei de licenciamento ambiental.
- A sessão conjunta do Congresso que apreciaria esses vetos estava agendada para a última quinta-feira (16/10), mas foi desmarcada por falta de acordo entre o governo e os parlamentares.
E35. Durante evento do setor de cana em São Paulo, Motta também defendeu a ampliação para 35% do teor de etanol na gasolina. Ao lado do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos/PB), o parlamentar disse que a Câmara está atenta ao “fortalecimento” dos biocombustíveis.
Cotação do etanol. Os preços médios do etanol caíram em nove estados, subiram em outro oito e ficaram estáveis em nove e no Distrito Federal (DF) na semana entre 12 a 18 de outubro. Os dados são da ANP, compilados pelo AE-Taxas.
- O biocombustível foi mais competitivo em relação à gasolina em quatro estados: Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo.
Greve na EPE. Os empregados da Empresa de Pesquisa Energética decidiram intensificar o movimento grevista após rejeitarem, por unanimidade, a última proposta apresentada pela direção da estatal para o Acordo Coletivo de Trabalho 2025-2026.
Indústria naval. A Transpetro abriu uma licitação para a aquisição de 18 barcaças e 18 empurradores, com previsão de entrada em operação em 2026. A encomenda faz parte da estratégia de entrar no modal logístico de navegação interior. A licitação está aberta até 5 de dezembro.
Preço do barril. O petróleo fechou em queda na segunda (20) enquanto investidores continuam a acompanhar o possível excesso de oferta da commodity. No radar de negociações, o mercado também acompanha os desdobramentos de tensões geopolíticas no Oriente Médio e no Leste Europeu, bem como a relação comercial entre EUA e China.
- O Brent para dezembro recuou 0,46% (US$ 0,28), a US$ 61,01 o barril.
Sanção contra gás russo. A União Europeia chegou a um acordo entre os Estados-membros sobre a posição para proibir completamente as importações de gás natural da Rússia até 1º de janeiro de 2028, como parte do plano REPowerEU para encerrar a dependência energética de Moscou.
- Segundo o comunicado, o regulamento “introduz uma proibição juridicamente vinculativa e gradual tanto para o gás de gasoduto quanto para o gás natural liquefeito (GNL) da Rússia”, com o objetivo de construir “um mercado energético da UE resiliente e independente”.
Eleição na Bolívia. O presidente Lula parabenizou o presidente eleito da Bolívia, Rodrigo Paz, pela vitória nas eleições do último domingo (19/10). Disse que o processo eleitoral demonstrou “o compromisso da sociedade boliviana com a democracia”.
- Paz representa o centro e a direita na política boliviana. A esquerda, representada pelo Movimento ao Socialismo (MAS), cujo principal líder é o ex-presidente Evo Morales, foi a principal derrotada na eleição e não esteve no segundo turno.
Opinião: Gás natural pode ser vetor de desenvolvimento desde que chegue a custos competitivos em relação aos nossos concorrentes internacionais e que esteja disponível para toda a indústria nacional, escreve o diretor de Relações Institucionais e Comunicação da Abrace, Fernando Teixeirense.
Alternativas para o Orçamento. O governo ainda não jogou a toalha em relação ao anseio de taxar bets, fintechs e bilionários, como previa na Medida Provisória 1303/2025 (MP do IOF), derrubada na Câmara. Por isso, a liderança governista no Congresso pediu o adiamento da votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) na Comissão Mista do Orçamento (CMO), prevista para esta terça-feira (21/10).
- O Ministério da Fazenda estrutura um corte de despesas para a peça orçamentária de 2026, como parte da compensação da perda estimada em R$ 31,6 bilhões com a não aprovação da MP.
Retaliação. O governo federal deve exonerar, nos próximos dias, o presidente da Indústrias Nucleares do Brasil (INB), Marcelo Xavier de Castro, em mais um movimento de retaliação contra partidos da base aliada que contribuíram para a derrubada da Medida Provisória (MP) 1.303, segundo o Valor Econômico.
FIP Transição Energética. A Valetec foi selecionada para gerir a estruturação do Fundo de Investimento em Participações nos setores de Transição Energética e Descarbonização, iniciativa conjunta entre BNDES, a Petrobras e a Finep.
- O fundo vai investir em 15 micro, pequenas e médias empresas brasileiras voltadas à transição energética.
Opinião: O Brasil está pronto para liderar a indústria do hidrogênio verde?, escreve a CEO da ABIHV, Fernando Delgado.