Meio ambiente

Servidores do Ibama começam greve em cinco estados nesta segunda

A partir da próxima segunda (1/7), a greve atingirá 22 estados, incluindo todos os grandes produtores de petróleo do Brasil

Servidores do Ibama iniciam, nesta segunda (24/6/24). greve em cinco estados: Paraíba, Rio Grande do Norte, Acre, Pará e Distrito Federal. Na imagem: Agentes do Ibama durante a operação Quimera (Foto: Divulgação)
Agentes do Ibama em operação (Foto: Divulgação)

BRASÍLIA – A greve dos servidores do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio), Serviço Florestal e Ministério do Meio Ambiente (MMA) teve início nesta segunda (24/6) em cinco estados.

Equipes da Paraíba, Rio Grande do Norte, Acre, Pará e Distrito Federal paralisam as atividades a partir de hoje.

Outros 17 estados, incluindo todos do Sudeste e do Sul, oito do Nordeste, três do Centro-Oeste e quatro do Norte aderiram à greve geral a partir de 1º de julho.

As exceções são Sergipe, Mato Grosso do Sul, Amazonas, Roraima e Amapá.

A categoria alega que o Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos (MGI) encerrou as negociações após recusa de proposta. A Ascema, que representa os servidores, tenta restabelecer o canal de comunicação com o governo.

Por meio de nota, o MGI informou que as negociações com as entidades representativas dos servidores das carreiras do meio ambiente tiveram início em outubro do ano passado. O MGI disse à epbr que aguarda resposta formal à última proposta feita pelo governo na mesa de negociação, que prevê reajustes de 19% a 30% para a categoria.  “O Ministério da Gestão segue aberto ao diálogo com os servidores do meio ambiente e de todas as outras áreas da Administração Pública Federal”, conclui.

Nesta segunda, a entidade que representa os servidores encaminhou um ofício à ministra Marina Silva (Rede), comunicando sobre o início da greve, mas alegou ainda não ter previsão de reunião com a titular do meio ambiente.

Impacto na produção

A categoria já vinha acenando para uma greve geral desde que anunciaram a entrada em “operação padrão” no início do ano. Segundo o Instituto Brasileiro do Petróleo e do Gás (IBP), apenas com a lentidão do andamento de processos, o Brasil deixa de produzir 80 mil barris de petróleo por dia.

Os impactos são decorrentes dos projetos que deixaram de entrar em produção por causa da demora na emissão de licenças nas bacias de Campos, Santos, Espírito Santo e Potiguar. Nos cálculos do IBP, o volume deixado de produzir representa R$ 200 milhões por mês em perda de arrecadação.

Atraso em projetos

Dados levantados pelos servidores indicam que pelo menos dois gasodutos e dez pedidos para pesquisa sísmica e perfuração de poços já foram diretamente afetados pela mobilização.

A Ascema calcula perdas de arrecadação em R$ 470 milhões por mês, além de R$ 485 milhões/mês em royalties e participações governamentais.

Veja lista de empreendimentos que podem ser afetados pela greve dos servidores do Ibama do Rio de Janeiro (.pdf).

A greve pode resultar em atrasos na entrada em operação de plataformas programadas para 2024 e 2025, assim como na interligação de cerca de 30 novos poços às unidades de produção previstas ainda para este ano.

Atualmente, na área de produção, 12 empreendimentos dependem de licença prévia do Ibama, além de três que aguardam a licença para instalação.

O desenvolvimento da produção do campo de Bacalhau, na Bacia de Santos, com investimentos previstos em R$ 8 bilhões pela Equinor e suas sócias, é um dos projetos que aguarda licença de operação.

Margem Equatorial

A greve do Ibama começa num momento em que o presidente Lula (PT) decidiu assumir publicamente a defesa da exploração de petróleo na Margem Equatorial.

Lula disse na semana passada que chamaria o Ibama, o MMA e a Petrobras para debater e decidir sobre o futuro dos empreendimentos na região.

Em sua declaração mais recente, o presidente afirmou que o país “vai explorar” a região. Ele também afastou argumentos de risco ambiental, defendendo a capacidade técnica da Petrobras em explorar óleo e gás mesmo em situações complexas, como as águas profundas e o pré-sal.