BELO HORIZONTE – Os incêndios na Amazônia, de junho a agosto deste ano, emitiram 31,5 milhões de toneladas de CO2 equivalente, estima o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam). As emissões são 60% maiores em comparação ao mesmo período do ano anterior.
São emissões da ordem do que é lançado pela Noruega ao longo de todo um ano, destacou Observatório do Clima.
O Ipam faz parte do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (Seeg), plataforma do terceiro setor que monitora o balanço de carbono brasileiro. As emissões oriundas de incêndios não são contabilizadas no inventário nacional.
A estimativa levou em conta a destruição de 2,4 milhões de hectares na Amazônia, incluindo florestas, campos e pastagens. Considerando apenas vegetação florestal, são 700 mil hectares, com emissão de 12,7 milhões de toneladas de CO2 equivalente.
“Um importante impacto dos incêndios florestais nas emissões não ocorre no momento em que a floresta está queimando, mas depois, quando principalmente as grandes árvores morrem e continuam a emitir CO2 por muitos anos, o que é chamado de emissão tardia”, diz Ane Alencar, diretora de Ciência do Ipam.
A decomposição da vegetação incendiada leva a esse efeito tardio nas emissões por mais 5 a 10 anos. “Mais de 2 a 4 milhões de toneladas de CO2 equivalente poderão ser emitidas por essa razão”, diz o Observatório do Clima.
“O pior é que uma floresta degradada pelo fogo se torna mais suscetível a outros incêndios, perpetuando um ciclo de degradação e emissões”, completa Ana Alencar.
O clima seco na região favorece o alastramento do fogo que o governo federal tem atribuído à atividades criminosas.
O Brasil enfrenta a pior estiagem em 70 anos, segundo o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), prevê que entre 70% e 80% das térmicas sejam acionadas devido ao baixo nível dos reservatórios.
Meio Ambiente tenta elevar ambições climáticas
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva (Rede), já afirmou que mesmo com as dificuldades da revisão das metas do Acordo de Paris, o governo tem a ambição de apresentar uma redução mais robustas para redução de emissões de gases causadores do efeito estufa.
A Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC, em inglês) brasileira precisará ser revisada em 2025, mas Marina tem defendido antecipar para a 29ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP29), que acontece em novembro, em Baku, capital do Azerbaijão.
Todos os signatários do Acordo de Paris precisam apresentar suas novas NDCs somente na COP30, que acontece em Belém (PA), em novembro de 2025.
Atualmente, as metas do Brasil são de redução das emissões de gases de efeito estufa em 48% até 2025; e em 53% até 2030, em relação às emissões de 2005.
O Observatório do Clima afirma que o país precisa reduzir as emissões em 92% até 2035 para contribuir com a limitação do aquecimento global até 1,5 °C em relação ao século XIX (níveis pré-industriais).